Crítica: “A Vigilante do Amanhã” falha ao refazer “Ghost in the Shell”
Nova versão do anime “Ghost in the Shell”, a ficção científica traz Scarlett Johansson como uma ciborgue à caça de um destrutivo hacker
atualizado
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“A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell” é a tentativa hollywoodiana de atualizar o cultuado anime de 1995, dirigido por Mamoru Oshii. Saiba, já de cara, que a versão americana prefere reimaginar o caprichado visual da animação a remexer as intricadas discussões filosóficas sobre orgânico e artificial, real e virtual propostas pelo desenho.
O filme abre com Scarlett Johansson numa mesa de experimentos tecnológicos. Conhecida como Major, ela teve seu cérebro recuperado de um acidente e implantado em um corpo sintético. Uma alma ainda vive na moldura, memórias faíscam como falhas de computador. Mas o exterior revela uma agente a serviço de uma unidade contraterrorista.
Diante de um produto considerado influente – o anime é uma das principais referências da trilogia “Matrix”, por exemplo –, o diretor Rupert Sanders tenta aproximar o projeto de algo prestigioso. Tanto que convoca a atriz francesa Juliette Binoche para o papel da criadora dos ciborgues e o ator-diretor japonês Takeshi Kitano para chefiar a divisão em que Major trabalha.Remake bem embalado, mas sem substância
De qualquer maneira, Sanders continua sendo o diretor do tedioso “Branca de Neve e o Caçador” (2012), um filme que tenta adicionar o clima de um épico de guerra ao conto de fadas. Não é essa a abordagem dele em “A Vigilante do Amanhã”, felizmente. Mas o que ele realiza também soa pouco criativo.
O novo “Ghost in the Shell” reduz todos os enigmas existenciais à la “Blade Runner” da Major – “minhas memórias são reais ou implantadas?” – a uma traminha de autodescoberta das próprias origens: a personagem caça o destrutivo hacker Kuze (Michael Pitt), mas vê nele um semelhante. No fim das contas, não é muito diferente da maioria dos filmes de super-herói.
Sanders acredita que consegue traduzir a metafísica do anime por meio de tiroteios e cenas de porrada em câmera lenta, quando na verdade forja uma imitação datada de “Matrix”. “A Vigilante do Amanhã” entende a embalagem e a vibe cyberpunk do desenho. E fica nisso.
Avaliação: Regular
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