Crítica: “A Torre Negra” tem bom elenco, mas é adaptação apressada
Série de oito livros escrita por Stephen King ganha primeira versão no cinema. Pistoleiro e Homem de Preto batalham pelo destino do universo
atualizado
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Em “A Torre Negra”, o fim do mundo está por um fio, e não é pelas tensões nucleares entre Estados Unidos e Coreia do Norte.
Vendido como uma continuação oficial da série de livros homônima, escrita por Stephen King entre 1982 e 2012, o filme se desloca entre Nova York e o chamado Mundo Médio (quase um Velho Oeste alternativo) para mostrar os embates místicos, movidos a tiroteios e magia, entre o Pistoleiro (Idris Elba) e o Homem de Preto (Matthew McConaughey).
Em apenas 95 minutos — não muito mais que um episódio de série nos padrões atuais –, o filme tenta resumir e consolidar na telona uma mitologia burilada em páginas de oito livros escritos ao longo de trinta anos e mui adorada pelos milhões de fãs do autor.
Tentando claramente conversar com públicos diversos — os novatos (talvez incrédulos) e os fiéis –, “A Torre Negra” corre contra o tempo. E contra si mesmo. O tal monumento descrito no título nos protege de males de toda sorte. Mas gente como o Homem de Preto, a própria personificação do mal, planeja pô-la abaixo.
Filme impaciente e apressado: desrespeito à fantasia
Eis a estratégia: sugar de crianças previamente selecionadas, apenas candidatos donos de um “toque especial”, conforme diz a mitologia, a energia cerebral e mental para derrubar a torre. Só o Pistoleiro, um pária digno de faroeste e obviamente o último herói disponível, pode impedi-lo.
Nikolaj Arcel (“O Amante da Rainha”), diretor dinamarquês encarregado de um projeto certa vez dispensado por J.J. Abrams, ainda precisa arranjar espaço para, no meio disso tudo, incluir a historinha de Jake Chambers (Tom Taylor).
O garoto espalha nas paredes desenhos que representam seu sonho mais frequente: uma Torre Negra em perigo e batalhas entre Pistoleiro e Homem de Preto. Pasme: ele é o principal escolhido pelo vilão para servir de arma contra o edifício que mantém a Terra segura e em equilíbrio.
“A Torre Negra”, cujo próximo desdobramento deverá ser uma série de TV (que surpresa, não é mesmo?), dá uma aula de um pouco mais de uma hora e meia sobre o que não fazer em um pretenso blockbuster de fantasia. O curioso caso de história sabotada pelo filme que pretende contá-la.
Avaliação: Ruim