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Crítica: “PF: A Lei É para Todos” é crônica desengonçada da Lava Jato

Dirigido por Marcelo Antunez, filme aproveita momento político do país para fazer uma retrospectiva encenada da operação anticorrupção

atualizado

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policia federal a lei é para todos
1 de 1 policia federal a lei é para todos - Foto: Ique Esteves/Divulgação

“Polícia Federal: A Lei É para Todos” abre com um desenho explicando como a corrupção, esse mal tão identificado com a nossa política, existe neste pedaço de terra chamado Brasil. A seguir, o aulão continua: 107 minutos de filme contam bastidores da Operação Lava Jato, de 2013 à condução coercitiva do ex-presidente Lula (Ary Fontoura).

Com direção de Marcelo Antunez, das comédias “Um Suburbano Sortudo” (2016) e “Até que a Sorte Nos Separe 3” (2015), o filme é mais um sintoma dos tempos atuais do que uma interpretação cinematográfica vendida pelos produtores como apartidária e imparcial.

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Beatriz (Flávia Alessandra), Júlio (Bruce Gomlevsky) e o juiz Sérgio Moro (Marcelo Serrado): força-tarefa da Lava Jato em Curitiba
Ivan Romano (Antônio Calloni): personagem fictício representa agentes da PF
Ivan (Antônio Calloni), Beatriz (Flávia Alessandra), Júlio (Bruce Gomlevsky) e Vinicius (João Baldasserini): força-tarefa da operação
Júlio e Ivan: personalidades distintas à frente da Lava Jato
Flávia Alessandra como a delegada Beatriz, em filma sobre a Lava Jato
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Agentes da PF em ação: filme cobre cerca de três anos da Operação Lava Jato, de 2013 a 2016

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Beatriz (Flávia Alessandra), Júlio (Bruce Gomlevsky) e o juiz Sérgio Moro (Marcelo Serrado): força-tarefa da Lava Jato em Curitiba

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Ivan Romano (Antônio Calloni): personagem fictício representa agentes da PF

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Ivan (Antônio Calloni), Beatriz (Flávia Alessandra), Júlio (Bruce Gomlevsky) e Vinicius (João Baldasserini): força-tarefa da operação

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Júlio e Ivan: personalidades distintas à frente da Lava Jato

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Flávia Alessandra como a delegada Beatriz, em filma sobre a Lava Jato

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Filme mistura thriller policial com fatos da Lava Jato

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Longa chegou aos cinemas em 7 de setembro, Dia da Independência

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Força-tarefa da Lava Jato: bastidores do cotidiano da PF

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Pôster de "Polícia Federal: A Lei É Para Todos"

Divulgação

 

Ao tomar o ponto de vista da força-tarefa da Lava Jato, o filme se desloca entre diferentes eixos da operação, todos eles concentrados em figuras fictícias, mas obviamente realistas da Polícia Federal.

Beatriz (Flávia Alessandra) é direta e objetiva, enquanto Ivan (Antônio Calloni) prefere a ponderação. Júlio (Bruce Gomlevsky) talvez seja o mais talentoso do trio, mas parece só estar na trama para canalizar as frustrações do público. Cadeiras voam cada vez que a investigação esbarra na burocracia, na morosidade da Justiça ou na retórica dos advogados de defesa dos políticos.

Lula, Moro e a tentativa de espelhar o Brasil de hoje
“A Lei É para Todos” teria potencial para se dividir entre o thriller político e o filme policial. Nem um, nem outro. O roteiro excessivamente factual, descritivo e expositivo prejudica a encenação e deixa a crônica com um incômodo ar de relatório filmado, de documentário encenado.

A proximidade temporal torna a reconstituição ainda mais canhestra. É como se a Polícia Federal decidisse resumir as dezenas de fases da Lava Jato em uma retrospectiva de fim de ano.

É um institucional de “interesse público”, mas ambição hollywoodiana: algo entre “Spotlight” e séries como “24 Horas” e “Homeland”, do thriller supostamente sofisticado e inteligente ao relato de conspirações políticas desmontadas pelos sempre infalíveis agentes federais.

Enquanto o filme desloca o ponto de vista do nervoso Júlio para o moderado Ivan, “A Lei É Para Todos” usa um sisudo Marcelo Serrado para celebrar a atuação de Sérgio Moro na Lava Jato, sobretudo na condução coercitiva de Lula e no vazamento do famoso áudio do petista com a então presidente Dilma Rousseff.

Para um produto que se diz tão isento e libertário, talvez existam arestas demais, como a blogueira pró-PT que vive incomodando os policiais federais ou a caracterização vilanesca de Lula por Fontoura.

A imparcialidade ingênua buscada pelo filme descortina outro vacilo (artístico e político): a obsessão por uma imagem totalizante, embrenhada em cartelas informativas com números da operação, cenas de protestos de rua e falas empoladas de políticos na tribuna. Tantos filmes numa só caricatura do melancólico Brasil de hoje.

Avaliação: Ruim

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