Crítica: “A Juventude” é reflexão sobre a passagem do tempo
Vencedor do Oscar de filme estrangeiro por “A Grande Beleza”, o italiano Paolo Sorrentino reúne Michael Caine, Harvey Keitel e Rachel Weisz em seu novo filme
atualizado
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O cinema visual do diretor italiano, Paolo Sorrentino, volta às telas da cidade com a comédia dramática “A Juventude”. É o primeiro trabalho seu desde o Oscar de Filme Estrangeiro que ganhou em 2014, pelo impressionante “A Grande Beleza”. Aqui ele traz o tema da passagem do tempo, metaforizada na velhice dos personagens de Michael Caine e Harvey Keitel.
Eles estão à beira dos 80 anos e, enquanto fazem tratamento num spa de luxo nos Alpes suíços, refletem sobre o peso da idade, lembranças do passado e frustrações do presente. Caine é Fred Ballinger, um músico e compositor respeitado aposentado que se recusa a prestar serviços à rainha da Inglaterra. Keitel é Mike Boyle, cineasta decadente ainda na ativa que acaba de ser abandonado pela estrela de seu filme, a diva Brenda Morel (Jane Fonda).
“A vida continua, mesmo sem essa besteira de cinema”, debocha ela, cinicamente. “Na minha idade, ficar em forma, é uma perda de tempo”, ironiza o personagem de Michael Caine.
Personagens enquadrados dentro de textura plástica exuberante
Na periferia desses dois personagens em crise, transitam figuras bizarras e sombrias em meio a um cenário de beleza explorado com textura plástica deslumbrante. Um deles é a caricatura do argentino Diego Maradona, um dos ídolos do cineasta. A referência aqui, explícita, é o mestre Federico Fellini, uma sombra de inspiração nos trabalhos de Sorrentino. Impressionante a sequência do pesadelo de Michael Caine se afogando, literalmente, em tédio e desolação.
Indicado ao Oscar de Filme Estrangeiro deste ano e à Palma de Ouro em Cannes – onde recebeu aplausos calorosos e vaias incômodas, “A Juventude” é norteado por boas atuações e fotografia exuberante. Um dos nomes mais expressivos do atual cinema italiano e autêntico representante do cinema de arte, Paolo Sorrentino esbanja estilo em seus projetos.
A beleza original com que enquadra seus personagens em situações surrealistas, mesmo quem o acusa de ser superficial na abordagem de seus temas – o que não é verdade – é um deleite surpreendente à imaginação e anseios sensoriais do espectador.
Avaliação: Bom
Veja horários e salas de “A Juventude”.