Crítica: A Jaula mostra um Brasil “cão” com suspense bem executado
O filme brasileiro, produzido pela Disney, estreia nos cinemas em 17 de fevereiro com Chay Suede e Alexandre Nero como protagonistas
atualizado
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Príncipe encantado? Castelos, reis e rainhas? Beleza, amor e amizade? A Jaula, novo filme brasileiro da Disney, vai muito (MUITO) longe desse conto de fadas já conhecido da produtora do Mickey Mouse. E a realidade mostrada no longa, que estreia em 17 de fevereiro nos cinemas, mostra um país quebrado, partido, corrupto e bem enlouquecido: o Brasil.
Em A Jaula, Djalma da Rocha (Chay Suede) é mais um bandido do Rio de Janeiro que tenta roubar um carro. Nada de novo, né? Acontece que, o veículo escolhido é do ginecologista e obstetra Henrique Ferrari (Alexandre Nero), que já foi assaltado 28 vezes durante a vida e resolveu dar um basta.
Ele deixa o seu carro de luxo, completamente blindado, nas ruas de uma comunidade carioca. E quem entra, não sai. Djalma definha no veículo, no calor do Rio de Janeiro, com fome e sede. Até que reviravoltas transformam Henrique, um médico respeitado, no bandido, enquanto Djalma, a vítima de um lunático.
A Jaula nada mais é do que um tapa na cara dos problemas sociais brasileiros. O racismo; a violência; a desvalorização da polícia e, ao mesmo tempo, o abuso de poder da corporação; o machismo; os direitos humanos distorcidos; a disseminação de fake news; a corrupção; o desmatamento da Amazônia; e por aí vai.
Mas o centro do longa fica na violência. E um questionamento toma conta de quem o assiste: quando foi que as vítimas tornaram-se os bandidos? Quando foi que o sistema judicial brasileiro começou a falhar dessa forma? E, principalmente: por que eu preciso viver com a insegurança de um país desestruturado com as mãos completamente atadas?
“Eu não queria ser mais um pobre louco nesse mundo cão”, diz um trecho da trilha sonora do filme. E, de fato… quem quer ser mais um nesse Brasil cão?
A Jaula
Chay Suede e Alexandre Nero
Nesta altura do campeonato, ninguém mais duvida do poder de atuação de Alexandre Nero. Principalmente quando o papel é de um personagem meio fora da caixinha. Em A Jaula não é diferente, com um show de atuação do ator.
No entanto, quem se destaca é Chay Suede. A Jaula talvez seja a oportunidade que o ator precisava para provar que não é mais um jovem pronto para interpretar a vida de um adolescente. Ele, de fato, está preparado para abandonar o mote “teen” que a novela Rebelde, lançada em 2011 na Record TV, deixou como legado.
Com a ajuda dos atores, do roteiro (baseado no filme argentino 4×4), e do contexto social brasileiro, A Jaula faz jus ao gênero e não vai decepcionar os fãs de um suspense de gelar os ossos.
Avaliação: Excelente