Crítica: A Cinco Passos de Você não tem medo de ser clichê
Longa conta a trajetória de um casal com a doença fibrose cística e que convive com a possibilidade de morrer a qualquer momento
atualizado
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Se você não gosta de clichês, o filme A Cinco Passos de Você pode não ser a melhor opção. A produção conta a história dos adolescentes Stella Grant (Haley Lu Richardson) e Will Newman (Cole Sprouse), que possuem a rara condição chamada fibrose cística. Os dois se apaixonam e decidem quebrar um pouco o protocolo do hospital.
Logo no primeiro contato dos dois, o filme fez questão de deixar nítida a faísca entre os adolescentes. O casal é o mais clichê possível: Stella é a garota divertida e dedicada ao tratamento que tem ótimas chances de cura ou melhora drástica. Will tem o quadro de saúde complexo e é menos rebelde do que se espera, mas ainda assim pode ser visto como teimoso e desesperançoso. A garota “inspira” o colega de hospital a seguir à risca seu tratamento, criando a falsa esperança de um final feliz para o rapaz e para o público.
Haley Lu Richardson rouba a cena com sua atuação extremamente assertiva e cativante, enquanto Sprouse tem uma performance confortável, sem exagerar em momentos sentimentais e dramáticos. Outros atores também chamaram atenção com interpretações necessárias em todo clichê, tais como a enfermeira Barb (Kimberly Hebert Gregory), que demonstra extrema preocupação, compaixão e empatia com seus pacientes. Poe (Moises Arias) é o melhor amigo de Stella e cativa o público com um olhar aparentemente mais leve sobre a vida ou a morte.
Em termos técnicos, não há inovação, o que não é uma coisa ruim. Algo que deve ser pontuado seria a distância da câmera nos momentos em que os jovens doentes estão em cena, e a forma mais próxima com que as pessoas saudáveis são retratadas. Apesar de pelo menos 90% do filme se passar no hospital, quem assiste não se sente incomodado com o ambiente clínico geralmente retratado com muito peso e inquietação.
Inspiração
Claire Wineland, de quem o filme tirou inspiração, foi uma ativista e autora americana. Ela fundou a Claire’s Place Foundation, uma organização sem fins lucrativos criada para ajudar e apoiar pessoas com doenças terminais e crônicas, assim como suas famílias. Ela morreu em 2018 por complicações cardíacas depois de um transplante de pulmão, aos 21 anos. Wineland também escreveu o livro Every Breath I Take, Sobreviver e Prosperar com Fibrose Cística, e foi uma oradora do TEDx.
Alguns pontos da trajetória de Claire foram adicionados ao filme, por exemplo a atitude de Stella sobre mudar a decoração do quarto de hospital – que fica irreconhecível. Wineland descreve essa ação e o significado dela em uma de suas TED Talks (assista abaixo). Logo se entende de onde vem a ideia da personalidade de Stella, propositalmente ou não, expandindo o final clichê.
Avaliação: Regular