Crítica: A Cabana faz belo retrato da fé, mas foge de questionamentos
O filme permite que as reflexões provocadas pela trama sejam usadas apenas como trampolim para reafirmar os preceitos da religião católica
atualizado
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Logo no início do filme “A Cabana”, o espectador se vê diante de uma das questões mais caras à fé cristã. Como acreditar em Deus quando sua filha, ainda uma criança, é brutalmente assassinada por um completo desconhecido?
O longa tenta dar conta desse dilema utilizando os preceitos básicos da religião católica. Porém, no afã de resolver a trama com rapidez, sacrifica a complexidade do tema e se torna mais uma obra voltada para aqueles que não têm dúvida sobre sua fé.
Ao menos, o filme é dotado de belas tomadas, com paisagens coloridas, refrescantes e bucólicas. Dessa forma, o cenário dita o ritmo do filme, que é calmo, mas não chega a cansar o espectador. As atuações são convincentes dentro do universo apresentado pelo longa, mas assim como a história, não parecem possuir a complexidade comum aos seres humanos.
Conflitos deixados de lado
A trama começa com a sofrida infância de Mackenzie, que ganha vida na pele do ator Sam Worthington (“Avatar”). Após ser agredido constantemente pelo pai alcoólatra, ele resolve colocar veneno em uma das bebidas e foge de casa deixando uma carta de despedida pra sua mãe.
Esse mesmo Deus é quem, muitos anos depois, irá convidar Mackenzie a ir à cabana em que o único registro do assassinato de sua filha foi encontrado (seu vestidinho e várias manchas de sangue). Confuso, ele vai até o local acompanhado de Jesus (Avraham Aviv Alush) e Sarayu (Sumire Matsubara) – o nome dado ao “Espírito Santo”.
A partir desse momento, sua fé é desafiada constantemente. Em um deles, Mackenzie se vê diante dos questionamentos de ninguém menos que a Sabedoria (Alice Braga). O filme é baseado na obra homônima do escritor William P. Young. O livro rapidamente se tornou um best-seller, com mais de 10 milhões de exemplares vendidos em todo o mundo.
Lançado em 2007, fez sucesso justamente por levantar essas questões dolorosas ao cristão. No longa, as reflexões são usadas apenas como trampolim para reafirmar os preceitos da religião. Mas como a proposta de “A Cabana” não é levar esses dilemas adiante, todas as provas são resolvidas rapidamente (ou deixadas de lado).
Avaliação: Regular
Veja horários e salas de “A Cabana”.