Crítica: 8 Mulheres e um Segredo é atualização divertida da franquia
Novo longa parece tão glamouroso quanto os que o precederam, mas sem a canastrice da turma de Danny Ocean
atualizado
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Assim como aconteceu em Ghostbusters (2016), repaginar Onze Homens e um Segredo (2001) com um elenco inteiramente feminino não é tarefa fácil. Ambas as franquias são muito divertidas, mas… nada clementes com suas mulheres. Refazer a história – ou retomar, como é o caso de Oito Mulheres e um Segredo – é, para o público feminino, uma conquista tardia, mas sai melhor que a encomenda.
Os acenos para os filmes originais são sutis: além das aparições de Reuben (Elliott Gould) e Yen (Shaobo Qin), a primeira cena do filme é praticamente idêntica à do longa de 2001. Debbie Ocean (Sandra Bullock), irmã de Danny Ocean (George Clooney), está em uma audiência de condicional após passar cinco anos na prisão. A edição, a trilha sonora e as escolhas estéticas no enquadramento também são boas homenagens à franquia da década passada.As semelhanças com o filme de 2001, no entanto, param por aí. Acertadamente, o roteiro opta por desromantizar cada uma de suas personagens, a começar pela própria Debbie. Diferente do irmão, que saiu do xadrez de aliança no dedo, disposto a reconquistar a ex-mulher, nossa protagonista enfrenta a liberdade com sangue nos olhos e um plano intrincado para não só enriquecer às custas do ex, mas também incriminá-lo pelo roubo.
Fazendo as vezes de Rusty (no original, um parceiro de Danny vivido por Brad Pitt), está Lou (Cate Blanchett), melhor amiga de Debbie, com quem ela divide uma química inacreditável. O filme ainda conta com atrizes de renome, como Sarah Paulson e Helena Bonham Carter, a brilhante Mindy Kaling, Rihanna e Awkwafina, duas revelações surpreendentes. Todas estão afiadíssimas em seus papéis, com tiradas hilárias e atuações que são a marca da franquia: um time incrível de intérpretes vivendo personagens interessantes em um roubo extremamente glamouroso.
Mas talvez a mais confortável em seu personagem seja Anne Hathaway. A queridinha de Hollywood finalmente conseguiu o papel de uma mulher fútil, rasa e, convenhamos, babaca. A atriz se diverte em cada minuto em cena, mas não se enganem: neste filme, não tem mulher burra. Muitas apresentam momentos de fragilidade, insegurança e medo. Apenas isso.
O roteiro acerta ao expor, em um diálogo entre Debbie e Lou, o motivo de a equipe não contar com nem sequer um homem: para roubar um milionário colar Cartier no Met Gala, é preciso passar despercebida. Nós, mulheres, somos frequentemente ignoradas. Por que não usar isso em nosso favor? Não que o filme careça de bons personagens masculinos: além de Reuben e Yen, John Frazier (James Corden) é um lembrete de que nem todo homem é um completo paspalho. Mas mulher nenhuma precisa deles para se empoderar.
Avaliação: Ótimo