Crítica: 22 de Julho é filme necessário sobre riscos de extremismo
Produção da Netflix revisita ataques terroristas ocorridos em 2011 na Noruega
atualizado
Compartilhar notícia
Em 22 de julho de 2011, o terrorista Anders Behring Breivik explodiu um carro-bomba próximo a edifícios governamentais em Oslo, na Noruega, para, em seguida, matar 68 jovens em um acampamento na ilha de Utoya. Ao todo, vitimou 77 inocentes.
Essa história é recontada na nova produção da Netflix, 22 de Julho. O longa, dirigido por Paul Greengrass, volta ao fatídico dia, no qual o extremismo político foi responsável pelo ataque mais violento do país europeu.
Na produção, o diretor não teme ser real – mesmo sendo falado em inglês. No primeiro ato, vemos a crueza dos ataques. É impactante, por exemplo, os gritos de “morram marxistas” bradados pelo terrorista de extrema direita, profundamente consciente do nefasto espetáculo que produz.
Em seguida, 22 de Julho debruça-se sobre as consequências do atentado: na vida política, na esfera pessoal de uma vítima e na tentativa de se construir um discurso de ódio. Fica evidente que Breivik gostaria de ter o julgamento como um outro ato de terror, na perspectiva de divulgar suas falas sobre multiculturalismo e raiva a estrangeiros.
Ao mesmo tempo, a vida do jovem Viljar Hanssen (Jonas Strand Gravli) é profundamente marcada pelo ato: o jovem, um dos sobreviventes, precisa lutar contra a raiva, o desejo de vingança e o medo, além de não ceder à tentação do ódio. Nessa balança, encontra forças (oras!) na tentativa de derrotar seu algoz em uma batalha pública e política, expondo os riscos da intolerância.
A própria sociedade norueguesa se vê em uma posição que exige muita maturidade: apesar da raiva contra Breivik, é necessário garantir que o criminoso tenha um julgamento justo – fato que expõe os conflitos de juízes, promotores e advogados.
Uma realidade presente
Em suas escolhas, Greengrass deixa claro o ponto de vista que embala a trama: o mundo precisa de um discurso de tolerância capaz de neutralizar as mensagens de ódio.
Em um momento no qual ameças a LGBTS e outras minorias parecem banalizados no Brasil, 22 de Julho é um filme extremamente atual e necessário. Especialmente ao mostrar que pouco adianta um disseminador da intolerância negar responsabilidade sobre os atos causados por suas ideias.
Sem spoiler, a cena descrita no parágrafo anterior está presente na narrativa do longa. Ela dá muito no que pensar…
Avaliação: Ótimo