Como Alita: Anjo de Combate pode renovar o cinema young adult
Longa produzido por James Cameron e dirigido por Robert Rodriguez tenta preencher lacuna deixada por franquias como Jogos Vorazes
atualizado
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Por onde andam as franquias young adult, com personagens adolescentes lutando contra “o sistema” e, claro, as insuportáveis dores do crescimento? Um dos principais fenômenos pop dos anos 2000, universos como Harry Potter, Crepúsculo e Jogos Vorazes mexeram com as bases do que significa entretenimento universal nos cinemas.
Com credenciais pesadas – produção de James Cameron (Titanic, Avatar) e direção de Robert Rodriguez (Sin City, Machete, Planeta Terror) –, Alita: Anjo de Combate chega às telas para tentar renovar as distopias teen e dar um fim à entressafra vivida pelo gênero desde 2015, quando a saga estrelada por Jennifer Lawrence terminou em baixa. O quarto filme fez a pior bilheteria da quadrilogia. Histórias com espírito parecido, como Maze Runner e Divergente, jamais emplacaram.
Orçado em US$ 175 milhões, Alita luta contra uma série de desconfianças. A primeira e principal delas diz respeito ao histórico nada favorável de adaptações de mangás e animes em Hollywood. Há dois anos, Ghost in the Shell: A Vigilante do Amanhã se apropriou de um material de origem bem mais conhecido, teve Scarlett Johansson como protagonista e deu prejuízo.
Ainda assim, analistas de bilheterias fazem projeções otimistas para os primeiros dias de exibição: de US$ 50 a US$ 60 milhões no mundo. A ver se a produção conseguirá um impulso ao longo das semanas seguintes, sobretudo nos Estados Unidos, onde as cifras altas sempre garantem continuações.
Outro ruído em torno de Alita é a demora que o projeto levou para sair do papel. Anunciado há mais de 15 anos, o filme foi frequentemente postergado por James Cameron, à época envolvido com Avatar (2009) – vale lembrar que, no momento, o diretor prepara nada menos do que quatro sequências. Rodriguez surgiu como opção para diretor em 2016, colaborando no roteiro com Cameron e Laeta Kalogridis (criadora de Altered Carbon).
Ao contrário da maioria das franquias young adult, Alita não tem uma grande estrela no papel principal. Pelo contrário, a personagem-título é um ciborgue cujo rosto e corpo são moldados digitalmente a partir do corpo da atriz Rosa Salazar, vista em Bird Box (2018) e moderadamente conhecida do público adolescente por ter integrado o elenco de Maze Runner.
Intérpretes, na verdade, ocupam papéis coadjuvantes: Jennifer Connelly, Christoph Waltz e Mahershala Ali. Alita tem cérebro humano e corpo robótico. É descoberta e recuperada pelo cientista Ido (Waltz) em meio aos destroços de uma guerra que devastou o planeta. Agora, ela busca ascender à última cidade dos céus, Zalam, ao lado de seu crush, Hugo (Keean Johnson), em corridas de gladiadores cibernéticos.
Uma das apostas do filme é a personalidade visual das cenas de ação, misturando celeridade e câmera lenta. Alita procura somar a grandiosidade das produções de Cameron, um dos grandes criadores de mundos em Hollywood, e a estilização da violência proposta por Rodriguez, que construiu seu nome no cinema pop com grandes hits independentes nos anos 1990, como A Balada do Pistoleiro (1995) e Um Drink no Inferno (1996).
Os números de bilheteria dirão se o filme conseguiu remexer o cinema young adult ou se entrou para (a já extensa) lista de fracassos destinados ao público adolescente.