Clube de assinatura Lume lança DVDs de filmes inéditos no Brasil
Com plano mensal de R$ 69, associados recebem edições especiais de títulos do circuito de arte, além de revista e mimos exclusivos
atualizado
Compartilhar notícia
Aos 45 anos, o diretor maranhense Frederico Machado atua em praticamente todas as frentes cinematográficas possíveis. A partir da Lume, produtora independente fundada por ele em 2000, criou selo de distribuição, sala de cinema em São Luís (o Cine Lume), festival (LIFF) e escola de formação. Em tempos de crise, resolveu diversificar. Meses após colocar no ar o serviço de streaming Indie Cine, ele cria o clube de assinatura Lume.
Seguindo mais ou menos o modelo de sucessos recentes, como o clube de livros Tag, os assinantes recebem mensalmente DVDs de filmes inéditos no Brasil, revistas especializadas, publicações sobre cinema e mimos da produtora (brindes e até outros filmes do catálogo). O plano mensal custa R$ 69. O anual, R$ 588. Custos de frete estão inclusos nas assinaturas.A primeira remessa chega em 10 de fevereiro aos primeiros associados: “O Anjo Ferido” (2016), do diretor cazaque Emir Baigazin. “Esse filme passou no Festival Lume ano passado. E foi muito elogiado lá fora. Resolvemos adquiri-lo para o clube”, explica Machado.
De olho na cultura de colecionismo que voltou com tudo por meio do vinil e dos clubes de livros, o cineasta e produtor vê na assinatura de DVDs uma maneira de dar sobrevida à distribuição de filmes independentes, autorais e do circuito de arte (nacionais e internacionais).
“O clube representa a oportunidade de continuarmos funcionando como distribuidora. Estamos aqui no Maranhão, fora do eixo, desde 2000 como produtora e 2007 como distribuidora. Não queremos deixar isso acabar. O mercado está muito difícil. Mas ainda podemos divulgar filmes que respeitamos de maneira cuidadosa e criteriosa”, avalia o cineasta.
Em algum momento no começo da década de 2010, o mercado de DVDs, já balançado há tempos pela cultura online de downloads (legais e ilegais), sofreu golpe praticamente definitivo com a chegada dos serviços de streaming. Para Machado, a cinefilia brasileira também se dispersou.
“As pessoas estão escondidas atrás do PC baixando filme. Muita gente fala de cinema de autor, mas não há mais cineclubes, cinematecas. As pessoas não se veem tanto, a não ser no Festival do Rio e na Mostra de São Paulo. Mas é um grupo menor do que existia há quinze anos”, lamenta.
Por isso, a ideia de criar um serviço de assinatura também envolve agregar os loucos por cinema. “Quero que as pessoas se conheçam pessoalmente por meio do clube em festivais. Teremos página específica para os assinantes debaterem os filmes e conversarem”, espera o maranhense.
Os filmes que vêm por aí
Paralelamente aos projetos à frente da Lume, Machado toca seus filmes autorais. Depois de vencer a mostra Olhos Livres no Festival de Tiradentes 2017 com “Lamparina de Aurora”, ele trabalha na divulgação de “Boi de Lágrimas”, que deve circular ao longo de 2018, e na finalização de “As Órbitas da Água”.
Outros longas estão nos planos do cineasta. A partir da obra do pai, o poeta Nauro Machado, ele planeja dirigir “O Baldio Som de Deus”, baseado em um dos últimos livros do escritor, e “Nau de Urano”, cinebiografia estrelada por Matheus Nachtergaele e Marcélia Cartaxo (no papel de Arlete Nogueira, viúva do artista). Esse projeto fica para 2019.
Protagonizado por Mayana Neiva (“Para Minha Amada Morta”) e Humberto Carrão (“Aquarius”), o drama psicológico “Noite Ambulatória” marca a primeira coprodução internacional da Lume, com filmagens na Argentina. Voltando ao Maranhão, ele roda a série de TV “Punga”.