1 de 1 A Maior História de Todos os Tempos
- Foto: MGM/Divulgação
A Páscoa está aí e não há melhor garoto propaganda do Cristianismo do que Jesus Cristo com a cruz – dois singelos paus cruzados –, um símbolo poderoso de fé. Protagonista de uma das mais belas histórias humanistas da face da terra, o “filho de Deus” teve sua trajetória contada num roteiro de peso, do nascimento até a crucificação e ressurreição, que serviu de base para o cinema e a televisão explorarem várias outras aventuras do Novo e Velho Testamento.
Um dos gêneros cinematográficos por excelência, o épico bíblico fez história desde o seu surgimento, no início do século passado, com a realização de Quo Vadis? (1912) pelo italiano Enrico Guazzoni (1876-1949). O apogeu aconteceu em Hollywood, entre os anos 40 e 60, com clássicos inesquecíveis como Sansão e Dalila (1949), o remake de Quo Vadis? (1951), Os Dez Mandamentos (1956), Ben-Hur (1959) e Barrabás (1961).
No livro A Cidade Das Redes, Otto Friedrich conta uma história engraçada da briga entre dois irmãos judeus, Harry e Jack Cohn, à frente dos estúdios da Columbia, em disputa pelo milionário mercado da fé. “Não meta o nariz na minha parte dos negócios”, retrucou o raivoso Harry diante da proposta de Jack para que torrasse alguns milhões em histórias tiradas do livro sagrado. “O que diabo entende você da Bíblia? Aposto que não sabe nem o Pai Nosso!”, disse.
Sem titubear, Jack não só confirmou que sabia a clássica oração de cabo a rabo como aceitou os US$ 50 do desafio, recitando: “Santo anjo do senhor, meu zeloso guardador…”, ao que foi interrompido. “Pare, pare!”, exaltou-se Harry, balançando a nota com relutância. “Achei que você não sabia…”, lamentou.
Boas adaptações da Bíblia: coisa do passado Sabendo rezar ou não, mesmo acreditando de soslaio que uma força superior rege esse louco mundo e seus pobres diabos, o fato é que as histórias bíblicas, até por uma necessidade metafísica, sempre mexeram com as massas. Marcados por orçamentos imponentes, cenários visualmente exuberantes e grandes elencos, as produções do gênero, à revelia das somas arrecadadas, chamam atenção pelas mensagens de paz, amor, esperança e redenção cristã.
O martírio do povo de deus no Egito, a saga de vingança e descoberta da fé de um nobre judeu traído, a origem dos primeiros cristãos, os medos, angústias e fragilidades de um Cristo mais humano, a aventura de um homem com a missão de salvar as espécies do planeta. São várias as premissas que levam a um único objetivo: a salvação da alma.
Mas já foi o tempo em que as histórias bíblicas renderam boas adaptações para cinema e televisão. Se no passado a tecnologia rudimentar limitava a capacidade de produção dos cineastas, exigindo cada vez mais esforço técnico e criatividade na realização de cenas operísticas, quase tudo sem truque, atualmente não é bem assim.
Hoje manda a lógica comercial impulsionada por efeitos visuais superficiais e roteiros clichês que, de tão enfadonhos, exigem paciência de Jó dos espectadores. Basta conferir as sofríveis recentes produções do gênero. Para não deixar você cair em tentação e perder a fé, nós do Metrópoles preparamos uma galeria com os principais filmes sobre o tema e como vê-los durante o feriado da Páscoa.
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A Maior História de todos os Tempos (1965). Disponível na Sky. No filme, o sueco Max von Sydow é Jesus e Charlton Heston, João Batista. De forma convencional, o mestre George Stevens narra a trajetória de Cristo, do nascimento à ressurreição. O legal é identificar as grandes estrelas de cinema entre uma figuração e outra. John Wayne, por exemplo, faz um centurião
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Ben-Hur (1959). Disponível em DVD. Remake de filme de 1925, o longa é até hoje o maior entre todos os épicos, mesclando cenas de ação e reflexão humanista. A corrida de bigas entrou para história, assim como a atuação de Charlton Heston, que abiscoitou o Oscar de melhor ator. Nas entrelinhas de um roteiro que contou com os serviços do escritor Gore Vidal, não creditado, há um tanto de insinuação homossexual na relação entre Ben-Hur e Messala
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Êxodo: Deuses e Reis (2014). Disponível na Sky. Anos depois do épico Gladiador (2000), Ridley Scott apresenta aqui releitura bem pessoal do herói hebreu que salvou seu povo das garras dos faraós. Na fita, Moisés (Christian Bale) é um bravo general em conflito com sua crença tanto nas divindades egípcias quanto num deus hebreu. As cenas de batalhas, em contraponto à falta de visão filosófica sobre o tema, realçam o caráter comercial da produção
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Quo Vadis? (1912). Disponível no YouTube. Foi quando tudo começou. Primeira produção cinematográfica com duas horas de duração, o filme do italiano Enrico Guazzoni contou com 5 mil figurantes
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Barrabás (1961). Disponível em DVD. Depois de ser trocado por Cristo, o ladrão e assassino Barrabás (Anthony Quinn, exultante) é libertado, mas carrega para sempre o peso da culpa por ganhar a vida no lugar do Salvador. Roteiro foi baseado no livro do sueco Pär Lagerkvist
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Os Dez Mandamentos (1956). Disponível em DVD e na Sky. Grande espetáculo que exigiu três anos de elaboração de roteiro, figurino e cenografia, o filme, vencedor do Oscar de efeitos especiais, é um remake de si mesmo assinado por Cecil B. De Mille, que já havia rodado a saga de Moisés em 1923. Charlton Heston, como sempre, está sublime na pele do patriarca hebreu
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Quo Vadis? (1951). Disponível em DVD. Começou com direção de John Huston e Gregory Peck e Liz Taylor como protagonistas. Mas a coisa desandou e o filme ganhou outra equipe e direção. A trama que conta a origem dos cristãos tinha que mostrar Nero como protótipo de Hitler. O melhor personagem dessa adaptação é o do escritor romano Petrônio (Leo Genn)
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Ben-Hur (2016). Disponível na Sky. É a maior vergonha cinematográfica de todos os tempos. Em nada lembra o clássico de 1959 no enredo e na produção grandiloquente, com roteiro de uma pobreza medieval e efeitos especiais medonhos que ferem a inteligência do público
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A Última Tentação de Cristo (1988). Disponível na Sky. Não é exatamente um épico no que tange à produção. Contudo, prima pela abordagem claustrofóbica baseada em obra polêmica do grego Nikos Kazantzakis. Na trama, Willem Dafoe é um Cristo em crise existencial. Harvey Keitel está estupendo como Judas. Preste atenção na trilha de Peter Gabriel (ex-Genesis)
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Noé (2014). Disponível na Sky. Noé foi o escolhido de Deus para colocar numa banheira de madeira sua família e um casal de cada espécie para salvar a humanidade do dilúvio. A história clássica já foi vivida de forma magistral por John Huston num dos episódios do épico que dirigiu em 1966, A Bíblia. Nas mãos de Darren Aronofsky em filme estrelado por Russell Crowe, a trama vira uma bomba com efeitos visuais grotescos e roteiro nonsense
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Os Dez Mandamentos
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Sansão e Dalila (1949). Disponível em DVD e na Sky. Primeiro épico da fase de ouro de Hollywood, a produção irritou o comediante Groucho Marx, que tirou sarro. "Não assisto a filmes em que o busto do ator seja maior do que o da atriz", disse, referindo-se aos astros Victor Mature e Hedy Lamarr