Cineastas homenageiam o mestre Vladimir Carvalho
Vladimir Carvalho, um dos nomes mais importantes do cinema nacional, morreu nesta quinta-feira (24/10) aos 89 anos
atualizado
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Cineastas prestaram homenagens a Vladimir Carvalho, um dos nomes mais importantes do cinema nacional, que morreu nesta quinta-feira (24/10) aos 89 anos, em Brasília. O artista sofria com problemas nos rins e estava internado há 3 semanas. Ele não resistiu à complicações de um infarto. O velório do cineasta está marcado para esta sexta-feira (25/10), às 9h, no Cine Brasília.
Vladimir Carvalho se destacou no cinema pela produção de documentários enraizados na história e realidade brasileira. Vladimir Carvalho também foi um dos fundadores do curso de cinema da Universidade de Brasília (UnB).
Como acadêmico e docente, Vladimir encarou o desafio de ensinar cinema durante a ditadura militar, viu o curso ser fechado pela repressão e viveu o período da redemocratização.
O cineasta Lino Meireles lamentou a morte do colega e destacou a importância de Carvalho na formação de novos artistas. “O legado de Vlad vai além dos filmes fundamentais que passaram nas telas. Ele foi professor e agitador cultural. Formou cineastas e associações que levam o audiovisual adiante, por mais difícil que seja esta missão”, salientou.
Iberê Carvalho relembrou a relação próxima com Vladimir, a quem chamava de tio por conta do sobrenome igual. “O Vladmir sempre foi uma referência, um farol para mim e acredito que para todos os cineastas de Brasília. Nossa cidade nasceu sendo filmada por ele. Sua paixão pelo cinema era contagiante. Sempre muito carinhoso, brincávamos que éramos parentes devido ao sobrenome. Eu o chamava de tio Vlad e ele dava risada. Dia triste. Vai fazer muita falta. Perdemos um grande mestre”, lamentou.
Amiga próxima de Vladimir, a cineasta e roteirista Cibele Amaral se mostrou abalada com a notícia da partida.
“Eu tinha nele essa figura de eterna resiliência, persistência e juventude, porque o Vladimir ia ver todos os filmes de todos os jovens realizadores, ele aparecia sempre em todos os eventos do audiovisual. Tenho certeza que Brasília perde um elo fundamental com o seu passado, presente e futuro. E que Vladimir siga em paz, feliz e jovem como sempre foi”, desejou Cibele.
“Wladimir foi meu professor e amigo. Um mestre na arte de filmar e um guerreiro do cinema. Ele costumava dizer que era do PCB – Partido do Cinema Brasileiro. Eu acho que esse B era de Brasiliense também. Deixa um legado de filmes e ensinamentos que estarão pra sempre impregnados na história do cinema brasileiro. Era o nosso verdadeiro Conterrâneo Velho de Guerra”, diz o cineasta René Sampaio.
Márcio de Andrade, diretor do documentário Quando a Coisa Vira Outra, que conta a história de Vladimir Carvalho e de seu irmão, Walter Carvalho, também lamentou a morte.
“Sempre desejei trabalhar com ele, desde a adolescência. Ao fazer o Quando a Coisa Vira Outra, sobre ele e Walter, realizei um sonho, um mergulho não só na obra, como um aprofundamento da nossa amizade. Grande momento foi quando ele me disse: ‘rapaz, eu pensei que fosse ser uma coisa cronológica, mas que bom que foi uma conversa entre dois irmãos, algo muito mais potente do que os fatos'”.
A trajetória de Vladimir Carvalho
Paraibano, nascido em Itabaiana, em 1935, Vladimir escolheu Brasília como o local para viver e para praticar sua arte.
Ao longo da carreira, fez parte do cinema novo e produziu obras clássicas do cinema nacional, como O Evangelho Segundo Teotônio, Conterrâneos Velhos de Guerra, Barra 68 e Engenho de Zé Lins. Uma de suas obras mais recentes, o documentário Rock Brasília – Era de Ouro (2011), relembrava o sucesso desse gênero musical na capital do Brasil.