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Cineasta Hector Babenco, de “Carandiru”, morre aos 70 anos

O diretor argentino radicado no brasileiro ficou conhecido por longas como “O Beijo da Mulher Aranha” (1984) e “Carandiru” (2003)

atualizado

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1 de 1 Hector-babenco - Foto: Youtube/Reprodução

O cineasta Hector Babenco morreu na noite desta quarta (13/7), vítima de um ataque cardíaco. A informação foi confirmada pela ex-mulher do diretor, Raquel Arnaud. Argentino radicado no Brasil desde a juventude, ele tinha 70 anos e ficou conhecido por filmes como “O Beijo da Mulher Aranha” (1985), pelo qual recebeu uma indicação ao Oscar de melhor diretor, e “Carandiru” (2003).

Nos anos 1990, o diretor foi vítima de um câncer no sistema linfático que o levou a sessões de quimioterapia. Seu último filme, “Meu Amigo Hindu”, lançado em março de 2016, trouxe um quê autobiográfico retratando a trajetória de um cineasta (Willem Dafoe) às voltas com um câncer agressivo. “Jamais escreverei meu obituário. Não fiz o filme com a ideia de dizer ‘olha, foi o que aconteceu comigo'”, afirmou Babenco à Folha de S. Paulo.

Filho de uma mãe judia polonesa e de um pai argentino com ascendência ucraniana, Babenco trocou Buenos Aires por São Paulo no fim dos anos 1960. Dono de uma importante carreira no cinema nacional por décadas, o diretor começou sua trajetória com o documentário “O Fabuloso Fittipaldi” (1973), registro sobre o piloto de F-1 Emerson. Aqui, ele divide a realização com o experiente Roberto Farias, do clássico “Assalto ao Trem Pagador” (1962).

A carreira começa a deslanchar em 1975. Primeiro, com “O Rei da Noite”, sobre os tumultuados casos amorosos de um boêmio (Paulo José), nos anos 1940. Depois, com Reginaldo Faria no papel-título, Babenco filmou “Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia” (1975), crônica policial baseada nas histórias de roubo e violência do famoso bandido no Rio de Janeiro.

Embrafilme/Divulgação
“Pixote, a Lei do Mais Fraco” (1981): um garoto na periferia de São Paulo

 

Carreira internacional
Já no terceiro longa de ficção, Babenco alcançou projeção internacional. “Pixote – A Lei do Mais Fraco” (1981) acompanha as andanças de um menino pobre na periferia de São Paulo. Nas ruas da metrópole, ele faz amizade com a prostituta interpretada por Marília Pêra.

O filme foi o segundo colocado no prestigiado festival de Locarno, na Suíça, e recebeu indicação ao Globo de Ouro de melhor produção estrangeira.

Na década seguinte, Babenco construiu um dos mais bem-sucedidos arcos de um diretor nacional em Hollywood. A partir do livro homônimo do conterrâneo Manuel Puig, o argentino fez “O Beijo da Mulher Aranha” (1985), que rendeu indicação ao Oscar de melhor filme e premiou William Hurt com a estatueta.

HB Films/Divulgação
William Hurt e Raul Julia em “O Beijo da Mulher Aranha” (1985)

 

Molina (Hurt) e Valentin (Raul Julia) vivem companheiros de cela numa prisão brasileira durante a ditadura militar. Encarcerados por razões distintas, eles conseguem suportar dias de opressão e sofrimento por meio de filmes românticos narrados por Molina.

Já no filme seguinte, Babenco dirigiu dois dos grandes atores da história do cinema — e ambos tiveram indicações ao Oscar. Em “Ironweed” (1987), Jack Nicholson e Meryl Streep formam um par romântico durante as agruras da Grande Depressão americana, nos anos 1930.

Trabalho talvez mais ambicioso da carreira, “Brincando nos Campos do Senhor” (1991) é um épico de 3 horas de duração sobre uma expedição missionária enviada para converter povos indígenas na América do Sul. Rodado em Belém, Pará, o longa reuniu Tom Berenger, John Litghow, Daryl Hannah e Kathy Bates, mas não conseguiu reprisar o mesmo sucesso de crítica e público de “Mulher Aranha”.

HBO/Divulgação
Meryl Streep e Jack Nicholson em “Ironweed” (1987): um casal na Grande Depressão

 

Retorno ao Brasil
Durante boa parte dos anos 1990, Babenco se viu obrigado a parar de filmar para tratar o câncer. Ele retornou em 1998 com “Coração Iluminado”, uma tentativa de contar uma crônica familiar ambientada em Buenos Aires, sua terra natal. Ele dividiu o roteiro com Ricardo Piglia e conseguiu retornar à rota dos festivais: o longa representou sua segunda ida a Cannes treze anos após “Mulher Aranha”.

Décadas depois de “Pixote”, Babenco voltaria a impactar o cinema nacional com “Carandiru” (2003), drama carcerário baseado no livro de Drauzio Varela e também mostrado em Cannes. Com um realismo que repercutiu no Brasil e lá fora, o diretor reuniu grande elenco (Wagner Moura, Caio Blat, Rodrigo Santoro) para ilustrar tragédias pessoais e recriar o massacre de 1992.

Globo Filmes/Divulgação
Rodrigo Santoro e Gero Camilo em “Carandiru” (2003): drama carcerário

 

Após projetos ambiciosos, Babenco se refugiu em produções íntimas nos últimos anos de carreira. “O Passado” (2007), rodado em Buenos Aires e São Paulo, trouxe mais uma crônica sobre sexualidade, um dos temas caros ao diretor. Gael García Bernal vive um homem divorciado cercado por relacionamentos conturbados e trágicos.

Antes de rodar seu último filme, “Meu Amigo Hindu” (2015), Babenco colaborou com um curta-metragem na antologia “Words With Gods” (2014), um projeto de inspiração transcendental que reuniu trabalhos de outros oito diretores, entre eles Emir Kusturica e Amos Gitai.

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