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Cine Ceará 2019: Lilia Cabral é homenageada na segunda noite

Atriz recebeu o troféu das mãos de José Loreto e apresentou a nova comédia Maria do Caritó. Drama peruano Canção Sem Nome abriu competição

atualizado

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1 de 1 Lilia-Cabral1 - Foto: Arlindo Barreto/Divulgação

Um dia após a arrebatadora presença de Fernanda Montenegro, mais uma grande dama do cinema nacional subiu ao palco do Cineteatro São Luiz. Conhecida pelos trabalhos em Como Ser Solteiro, A Partilha e Divã, além de inúmeras novelas e peças de teatro, Lilia Cabral foi a grande homenageada da segunda noite do Cine Ceará – Festival Ibero-americano de Cinema. Aos 62 anos, a atriz recebeu o troféu Eusélio Oliveira das mãos de José Loreto.

O jovem ator relembrou ter conhecido Lilia na Casa das Artes de Laranjeiras (CAL), importante centro de formação de atores do Rio de Janeiro. Os dois, anos depois, viriam a trabalhar lado a lado em O Sétimo Guardião. “Uma mulher exigente, que não ligava se tinha apenas uma fala em cena, sempre procurava dar o melhor dela, uma inspiração para mim, uma monstra divina maravilhosa que merece este prêmio e outros tantos”, afirmou Loreto.

Visivelmente emocionada, Lilia Cabral destacou a beleza do cineteatro de Fortaleza e ressaltou sua paixão pelo cinema, reforçando que gostaria de ter feito muito mais filmes do que fez. “Se não fiz muito cinema, não foi por falta de vontade, mas porque tinha outros trabalhos que me impediram”, disse a atriz, que relembrou os tempos em que frequentava o Cine Nacional no bairro da Lapa, em São Paulo, ainda em sua infância e adolescência. Segundo ela, a sala de cinema foi fundamental para despertar a vontade de ser atriz: “Foi com o cinema que eu me encontrei e eu só seria feliz na minha vida se eu estivesse ali.”

Maria do Caritó

Logo após a homenagem aconteceu a pré-estreia nacional da comédia Maria do Caritó, estrelada por Lilia Cabral e baseada na peça homônima do autor pernambucano Newton Moreno. A atriz chamou ao palco a equipe do longa, formada pelo diretor estreante João Paulo Jabur, a produtora Elisa Tolomelli e o diretor de arte Sérgio Silveira. Ao final, de forma enfática, afirmou sob aplausos calorosos do público: “Os governos passam e a arte permanece.”

Após a apresentação da equipe, o público presente no Cineteatro São Luiz pôde conferir a exibição de Maria do Caritó, comédia bem teatral sobre Maria, uma mulher de idade avançada, mas ainda virgem. Ela sonha em conseguir um parceiro ao mesmo tempo que é tratada como santa pela população local, tendo sido oferecida pelo pai como noiva a São Djalminha. Ainda que tenha sido recepcionado com frieza pela crítica presente no festival, há de se destacar que o longa foi bastante aplaudido pelo público presente na sala. O elenco conta ainda com as participações de Kelzy Ecard, Gustavo Vaz, Leopoldo Pacheco e Sylvio Zilber. A estreia nacional acontece no dia 31 de outubro.

Mas a noite não acabou por aí. Após a exibição fora de competição da comédia nacional, foi a vez do Cine Ceará 2019 dar o pontapé inicial em sua Mostra Competitiva Ibero-Americana de Longa-Metragem, a principal do evento. E o filme escolhido para abrir a seleção foi o aguardado Canção Sem Nome, co-produção entre Peru, Espanha e Estados Unidos que foi sensação da Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes deste ano. A sessão contou com a presença da diretora Melina León e da protagonista Lidia Quipse.

Todo em preto e branco, com uma personagem principal de origem indígena e com um rigor estético impressionante, Canção Sem Nome remete quase que diretamente ao multi-premiado Roma, de Alfonso Cuaron. Obviamente, Melina León contou com menos recursos e não tem uma personalidade cênica tão chamativa quanto a do mexicano. No entanto, não há como não reconhecer de que se trata de uma obra imponente, repleta de personalidade e com muito a dizer. Ainda não há previsão de lançamento comercial.

Mas nem só do Cineteatro São Luiz vive o Cine Ceará. O evento possui outros palcos pela cidade, que recebem atividades diversas. O sábado (31/8) contou ainda com o lançamento do livro “A História do Cinema Para Quem Tem Pressa”, de Celso Sabadin, no Hotel Oásis Atlântico, e com a abertura da Mostra Olhar do Ceará, com as exibições de Espavento, de Ana Francelino; e Tremor iê, de Elena Meirelles e Lívia de Paiva, no Cinema do Dragão.

* O repórter viajou a convite da organização do evento

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