Cine Ceará 2019: Greta e Canção Sem Nome são os grandes vencedores
Na noite, Luiz Fernando Guimarães e Matheus Nachtergaele se beijaram no palco
atualizado
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Fortaleza (CE)* – Terminou na noite desta sexta-feira (06/09/2019), a 29ª edição do Cine Ceará – Festival Ibero-americano de Cinema. O evento chegou ao fim com a consagração do prata da casa Greta, dirigido pelo cearense Armando Praça, e do drama peruano Canção Sem Nome, de Melina León. Embora o segundo filme tenha recebido um número maior de troféus, num total de quatro, há de se reconhecer que a produção do Ceará venceu em três das principais categorias, Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor Ator, para Marco Nanini.
O grande momento da noite, no entanto, veio antes mesmo da distribuição dos prêmios das mostras competitivas do evento. O ator Luís Fernando Guimarães, conhecido pelo trabalho em Os Normais, subiu ao palco do Cineteatro São Luiz para entregar o troféu Eusélio Oliveira para Matheus Nachtergaele. Os dois atores trabalharam juntos em O Que É Isso, Companheiro?, longa que marcou a estreia de Matheus nos cinemas e que concorreu ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, em 1998.
Antes de chamar o amigo ao palco, Guimarães brincou que se assustou na primeira vez que conheceu Nachtergaele, descrevendo-o como um sujeito intenso, imprevisível e criativo aos extremos. Quando chegou a hora de receber o reconhecimento, Matheus disse que geralmente fica constrangido com homenagens. “Às vezes, eu me acho não merecedor, porque meu caminho no mundo é aprender”, afirmou.
Conhecido por trabalhos memoráveis em O Auto da Compadecida, Central do Brasil, Cidade de Deus, dentre tantos outros, Matheus Nachtergaele revelou que aprendeu muito filmando pelo país, sempre buscando aprender quem ele é e quem nós somos. “Quem fala aqui não é apenas um paulistano, bisexual, filho da classe média. Quem fala aqui é o João Grilo, é o guerrilheiro Jonas, a bichinha do cortiço Dunga, é o guerreiro farroupilha, é uma horda. Eu não mereço nenhuma honra, mas digo em nome de toda horda que eu sou, nós não somos um país ultra capitalista, neofascista, pentecostal miliciano e militar”, criticou o astro, seguido por muitos aplausos por todos os presentes.
Na sequência, foi hora de conhecer os vencedores da Mostra Água Futuro, que consagrou o curta-metragem Olho D´água, de Anália Alencar, e da Mostra Olhar do Ceará, que premiou um curta (Aqueles Dois, de Émerson Maranhão) e um longa (Currais, de David Aguiar e Sabina Colares).
A Mostra Competitiva Brasileira de Curta-metragem chegou ao fim com a consagração de Marie, de Leo Tabosa, que já havia feito bastante barulho no último Festival de Cinema de Gramado, de onde saiu com nada menos que quatro prêmios. Outro destaque dentre os curtas foi Livro e Meio, premiado como Melhor Direção, para Giu Nishiyama e Pedro Nishi, e Melhor Filme segundo o Júri da Crítica (Abraccine). Ao final da matéria, você confere a lista completa de premiados no Cine Ceará 2019.
Dentro da Mostra Competitiva Ibero-americana de Longa-metragem, a premiação acabou sendo bem dividida. Dos sete filmes em competição, apenas dois deixaram a cerimônia sem nenhuma estatueta (Vozes da Floresta e Luciérnagas). A seleção incluiu ainda a principal surpresa da noite. A jovem atriz Pamela Mendoza, de Canção Sem Nome, era considerada por muitos como a grande favorita ao prêmio de Melhor Atriz, mas acabou superada pela veterana María Isabel Díaz, por A Viagem Extraordinária de Celeste García.
Ao longo dos dias, o Cine Ceará contou com inúmeros discursos em defesa da cultura, da liberdade de expressão e da arte. E a cerimônia de premiação não foi muito diferente. Quase todos os artistas e realizadores falaram em resistência no palco do São Luiz e, sempre que possível, destacavam a importância das leis de incentivo para seus projetos.
Vencedores
MOSTRA COMPETITIVA IBERO-AMERICANA DE LONGA-METRAGEM
Melhor Longa-metragem: Greta
Melhor Direção: Armando Praça, por Greta
Melhor Roteiro: Arturo Infante, por A Viagem Extraordinária de Celeste García
Melhor Fotografia: Inti Briones, por Canção sem Nome
Melhor Montagem: Joanna Montero, por A Viagem Extraordinária de Celeste García
Melhor Som: Romain Huonnic, por Ressaca
Melhor Trilha Sonora Original: Pauchi Sasaki, por Canção sem Nome
Melhor Direção de Arte: Sérgio Silveira, por Notícias do Fim do Mundo
Melhor Atriz: María Isabel Díaz, por A Viagem Extraordinária de Celeste García
Melhor Ator: Marco Nanini, por Greta
Prêmio da Crítica (Júri Abraccine): Canção sem Nome, de Melina León
Prêmio Olhar Universitário
Troféu Mucuripe – Melhor Longa: Canção sem Nome, de Melina León
MOSTRA COMPETITIVA BRASILEIRA DE CURTA-METRAGEM
Melhor Curta-metragem: Marie, de Leo Tabosa
Melhor Direção: Giu Nishiyama e Pedro Nishi, por Livro e Meio
Melhor Roteiro: Kennel Rogis e Adrianderson Barbosa, por O Grande Amor de um Lobo
Melhor Produção Cearense: Pop Ritual, de Mozart Freire
Prêmio da Crítica (Juri Abraccine): Livro e Meio, de Giu Nishiyama e Pedro Nishi
Prêmio Olhar Universitário
Troféu Mucuripe – Melhor Curta: Pop Ritual, de Mozart Freire
Prêmio Canal Brasil de Curta-Metragem
Troféu Canal Brasil: O grande amor de um lobo
Troféu Samburá
Melhor Curta-metragem: Ilhas de Calor, de Ulisses Arthur
Melhor diretor: Mirrah Iañez, por Rua Augusta 1029
Prêmio Mistika
Melhor filme da Competitiva Brasileira de Curta-metragem: Marie, de Leo Tabosa
Prêmio CTAV – Centro Técnico Audiovisual
Melhor Produção Cearense de Curta-Metragem: Pop Ritual, de Mozart Freire
Prêmio Link Digital
Melhor Produção Cearense de Curta-Metragem: Pop Ritual, de Mozart Freire
MOSTRA OLHAR DO CEARÁ
Melhor Longa-metragem: Currais, de David Aguiar e Sabina Colares
Melhor Curta-metragem: Aqueles Dois, de Émerson Maranhão
Prêmio Unifor de Cinema
Melhor Curta-metragem: Aqueles Dois, de Émerson Maranhão
Prêmio Mistika
Melhor Filme da Mostra Olhar do Ceará: Aqueles Dois, de Émerson Maranhão
Prêmio CTAV – Centro Técnico Audiovisual
Melhor Curta-metragem da Mostra Olhar do Ceará: Aqueles Dois, de Émerson Maranhão
MOSTRA ÁGUA FUTURO
Melhor Filme: Olho D´água, de Anália Alencar
* O repórter viajou a convite da organização do evento