Cinco motivos para não perder o Festival de Cinema de Brasília 2016
A 49ª edição do evento começa nesta terça (20/9) e segue até o dia 27, com programação cheia e promessa de protestos políticos
atualizado
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Uma tradição sujeita a crises, entressafras e mudanças de gestão. Mas que nunca adormece. O mês de setembro costuma ser especial para todo brasiliense que cultiva um mínimo de interesse por cinema. É a época em que o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, que ocorrerá entre 20 e 27 deste mês, movimenta a cidade com exemplares recentes da produção nacional, debates, seminários e encontros. Ao menos por uma semana, Brasília se torna a capital da cinefilia.
Na listinha abaixo, mostramos cinco fatos que prometem agitar a 49ª edição do festival. Tem homenagem ao cinema pernambucano, palestra com Kleber Mendonça Filho, diretor de “Aquarius”, e o retorno de Júlio Bressane, “tetra” do prêmio Candango, ao Cine Brasília.
1 – Dias de maratona
Um recado aos cinéfilos: é bom se preparar para sessões parrudas. A competição terá nove longas em vez dos seis habituais, sem falar nos 12 curtas/médias e nos outros 20 filmes de mostras paralelas e exibições avulsas. Durante a semana, as noites nobres começam às 19h, com sessões especiais, e continuam às 21h30, na mostra competitiva.
Entre sexta e domingo, dias mais agitados do festival, haverá dois blocos da competição, às 19h e 21h30. São tantas atrações que o filme mais longo na disputa pelo Candango, “Martírio” (160min, foto acima), de Vincent Carelli, terá uma noite só para ele: quinta (22/9), às 21h.
2 – O retorno de Bressane
Maior vencedor do Candango, com quatro prêmios, Júlio Bressane acumula um histórico de relações ambíguas com o festival. Querido pelos júris e alvo de vaias do público, como na última vez em que ganhou o evento, com “Cleópatra” (2007), ele volta em sessão especial para exibir “Beduíno”, inédito no Brasil. Leia detalhes em entrevista do diretor ao Metrópoles.
3 – Palestra com diretor de “Aquarius”
Longa nacional mais comentado do ano, “Aquarius” (leia crítica) já registra mais de 200 mil espectadores no país. Recentemente, foi preterido na escolha do filme que vai representar o Brasil na disputa por vaga no Oscar (leia artigo).
Segunda (26/9), às 14h30, Kleber Mendonça Filho, diretor do filme, dará uma palestra no festival. O debate pode render polêmicas, já que o cineasta se tornou um dos críticos mais ativos do governo de Michel Temer (como no protesto da equipe do longa no Festival de Cannes, em foto acima). Será no salão Caxambu do Kubitschek Plaza e com entrada franca.
4 – Os 20 anos de “Baile Perfumado”
Quem conhece um pouco da fase recente do Festival de Brasília sabe da potência do cinema pernambucano no país – e, por consequência, no evento. Em 2012, “O Som ao Redor” passou fora de competição e depois ganhou repercussão mundo afora, enquanto “Eles Voltam” e “Era uma Vez Eu, Verônica” dividiram o Candango.
Ao longo das décadas de 2000 e 2010, Cláudio Assis faturou o troféu três vezes – “Amarelo Manga” (2002), “Baixio das Bestas” (2006) e “Big Jato” (2015). Isso sem falar nos vários ótimos curtas do estado que passaram no Cine Brasília, como “Sem Coração” (assista).
No encerramento, o festival acolhe uma sessão do filme que é considerado uma espécie de Gênesis para essa fase frutífera de Pernambuco: “Baile Perfumado”, de Lírio Ferreira e Paulo Caldas, consagrado no evento em 1996.
5 – Bernardet em três tempos
Um dos mais importantes pensadores e críticos do cinema brasileiro, Jean-Claude Bernardet decidiu se reinventar há alguns anos. Trocou a teoria pela prática. Logo de cara, venceu o prêmio de melhor ator em 2008 pela performance em “FilmeFobia”. E, nos anos seguintes, tem retornado ao festival quase que anualmente, sempre sob personas diversas.
Venceu outro prêmio por “Hoje” (2011), na função de roteirista. No documentário “Plano B” (2013), interpretou ele próprio. Em “Pingo d’Água” (2014), fez um delicado par com Everaldo Pontes. Ano passado, retornou como um andarilho em “Fome”.
Em 2016, Bernardet está por toda parte. Na quinta (22/9), em sessão especial às 19h, o longa “A Destruição de Bernardet” (foto acima) mistura documentário e ficção para registrar memória e presente do ex-crítico. Ele volta a ser assunto no domingo (25/9), às 14h30, no Kubitschek Plaza, com o debate “Bernardet 80 Anos – O impacto de seu pensamento no cinema”.
Na terça (27/9), última noite do evento, ele será homenageado com a recém-criada medalha Paulo Emilio Salles Gomes.
49º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro
De terça (20/9) a terça (27/9), no Cine Brasília (Entrequadra 106/107 Sul, 3244-1660). Mostra competitiva: R$ 12 (inteira) e R$ 6 (meia). Entrada franca em mostras paralelas e sessões especiais. Classificação indicativa varia de acordo com os filmes. Programação completa no site oficial.