Cannes: “Zhena Chaikovskogo”, de Kirill Serebrennikov
Visão claustrofóbica de um casamento em ruínas beira o sadístico.
atualizado
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Por trás de todo grande homem existe uma grande mulher, diz o ditado. Pois se Antonina (Alena Mikhailova) achava que seu cortejo do jovem Pyotr Tchaikovsky (Odin Biron), um dos mais famosos compositores Russos da história, resultaria em felicidade, ela errou feio. Tchaikovsky era gay, e apesar do filme evitar seu ponto de vista, mantendo-se fixo em Antonina, vemos ele primeiro refutar os avanços da jovem e, em seguida, aceitar casar-se com ela. Só que o ato é meramente social desde o começo, e ele nunca teve a menor vontade de dividir sua vida com a moça.
O que resulta é uma espiral de declínio econômico, social e mental, uma jornada de mais de duas horas em que vemos uma mulher pedir para sofrer constantemente e, bem, conseguindo muito além de suas expectativas. Determinada a lhe ser fiel, e recusando o divórcio por crenças religiosas, Antonina passa poucos meses de sua vida com Tchaikovsky. O resto do filme é sua perseguição, suas tentativas cada vez mais histéricas de fazer parte da vida de Tchaikovsky.
É uma situação terrível para todos, e mesmo que Tchaikovsky tenha tentado avisar Antonina que só poderia amá-la como um irmão, ele acaba sendo um vilão efetivo. O problema do filme é que Antonina também é insuportável, fazendo escolhas que obviamente funcionarão para seu detrimento. Para aliviar um pouco a miséria, Serebrennikov introduz algumas cenas fantasiosas na história, incluindo um balé nos minutos finais. Se o filme explorasse mais esta criatividade, talvez o roteiro estaria no mesmo nível das atuaçoes, da direção de arte e da fotografia.
Avaliação: Ruim (1 estrela)