Cannes: Tirailleurs, de Mathieu Vadepied
Filme importante para uma examinação histórica que, apesar disso, parece não se decidir sobre o que dizer.
atualizado
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Omar Sy já é um tesouro francês, conquistando públicos com o filme Intouchables e a série Lupin. São papéis divertidos e inteligentes, mas neste novo filme, um épico de guerra, ele tem a chance de mostrar ao mundo o seu talento dramático. No início de tudo está o legado colonial e imperialista da França que, metida na 1a guerra mundial, está convocando para a luta armada os seus colonizados, que sequer detêm títulos de cidadania francesa.
Thierno Diallo (Alassane Diong) é um jovem senegalês obrigado a servir no exército francês. Seu pai, Bakary (Sy) entende imediatamente o perigo da conscrição, e também se alista no exército, com um nome falso, para tentar encontrar e resgatar seu filho. A surpresa é que Thierno não concorda com o pai, e planeja servir o exército francês até o fim da guerra.
A receita do bolo é perfeita: o diretor e roteirista mesclou um evento específico francês (a obrigação de um povo colonizado em servir a França) com uma história íntima e universal (a preocupação de um pai com a segurança de um filho e a busca deste filho pela sua independência familial). Tirailleurs tinha a faca e a manteiga para firmar-se como um grande épico francês sobre a Primeira Guerra Mundial.
O problema é que o filme parece buscar questões estéticas e roteirizadas diretamente de Hollywood. O filme deixa de ser algo único para se transformar em algo já visto. Pai e filho são personagens reagentes, apesar de conduzirem trajetórias diferentes. Bakary está cada vez mais desesperado para air do exército e voltar ao Senegal enquanto Thierno se destaca como soldado e começa a vislumbrar um futuro na França.
O orçamento é alto e as imagens bonitas, mas os personagens são demasiado simples. Isto apesar do talento óbvio de Sy e Diong. Talvez a intenção do diretor seja a de um apelo comercial, buscando espectadores e até mesmo uma indicação ao Oscar de melhor filme estrangeiro.
Avaliação: Regular (2 estrelas)