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Cannes: “The Lighthouse”, de Robert Eggers

O terror é mais existencial do que violento no novo trabalho do diretor de “A Bruxa”.

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Festival de Cannes/Divulgação
The Lighthouse
1 de 1 The Lighthouse - Foto: Festival de Cannes/Divulgação

Desde que o hotel Overlook apareceu na tela, em “O Iluminado”, nenhuma outra estrutura remota e isolada pareceu tão sinistra e obviamente perigosa quanto o simples farol, gasto pelo tempo na costa dos EUA, que fica no topo de uma ilha rochosa no novo filme de Robert Eggers. Quando Thomas (Willem Dafoe) e Ephraim (Robert Pattinson) chegam, dentro de uma espessa neblina, ninguém está por perto. Com um período de quatro semanas de trabalho pela frente, a dupla, típica de roteiros de filmes, está prestes a descobrir uma tempestade perfeita de pavor existencial.

Thomas é o velho, experiente, lobo do mar. Marinheiro a vida toda, ele foi ferido na perna e proibido de velejar, mas permanece fiel às águas, procurando sempre trabalho o mais próximo possível dela. Quanto ao seu passado, basta uma linha: “Treze Natais no mar e meus pequenos em casa. Ela nunca me perdoou”. Ephraim é o novo recruta, em seu primeiro período como wickie (guardião do farol), com seu manual memorizado e a melhor das intenções, disposto a trabalhar duro e ganhar dinheiro suficiente para um dia se retirar para o campo. Tão evidente quanto os arquétipos da dupla é a noção tácita de que cada um tem uma parcela de segredos que preferem manter ocultos.

É bem conhecido que o diretor teve um sucesso indie com “A Bruxa” e, para a alegria dos entusiastas do cinema, ele usou a boa vontade conquistada para construir um trabalho muito mais oblíquo e inacessível do que o anterior. Este é um filme de terror para os cinéfilos, mais interessado no cinema mudo e na poesia do que em facas e machados. Como foi o caso em “A Bruxa”, “The Lighthouse” lida com personagens em um local isolado, falando uma versão de inglês arcaíco, à mercê de uma força sobrenatural que gera paranóia e violência. Por outro lado, sua fotografia em preto e branco, formalismo e atenção aos detalhes do período alienarão grande parte do público necessário para torná-lo um sucesso comercial.

É essencialmente um confronto de dois personagens, e nunca Dafoe e Pattinson estiveram em melhor forma física ou emocional. Dafoe, em particular, ainda capaz de surpreender após uma carreira tão longa, desaparece no papel tanto quanto se pode imaginar Willem Dafoe desaparecendo em qualquer lugar. Pattinson confia completamente em seu diretor e canaliza Daniel Plainview, de “Sangue Negro, se é que se pode acreditar. Algumas das coisas que Ephraim tem que aguentar durante a longa duração do filme permanecerão por muito tempo na memória do espectador. Com duas horas, o filme poderia se dar bem om alguns cortes, especialmente quando as seqüências da segunda metade se tornam repetitivas.

Esses dois homens estão, no final das contas, presos, por vezes se amando e se odiando, às vezes unidos em confronto contra tudo o que enfrentam, incluindo uma sereia aterrorizante, uma gaivota agressiva (clara referência ao clássico poema de Samuel Taylor Coleridge “The Rime of the Ancient Mariner”), e seus próprios traumas. A principal fonte de tensão entre eles é a constante subjugação do jovem Ephraim pelo chefe, que o relega à pequenas tarefas e proibindo-o de subir até a chama do farol. Seja o que for que Dafoe’s Thomas faz lá em cima todas as noites, sozinho com a luz, é certamente temeroso, mesmo que o filme goste de mantê-lo ambíguo e nos mostre uma punição final que só pode ser descrita como mitológica.

Avaliação: Ótimo

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