Cannes: relembre 10 filmes brasileiros premiados no festival
“Aquarius”, de Kleber Mendonça Filho, será exibido nesta terça (17/5) no evento. Reveja obras nacionais que saíram premiadas de Cannes
atualizado
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Quem acompanha cinema, mesmo que de forma moderada, sabe da permanente obsessão do brasileiro pelo Oscar. Mas o reconhecimento em festivais é extenso, sobretudo Berlim, onde o país venceu com “Tropa de Elite” e “Central do Brasil”, por exemplo. No Festival de Cannes, mostra badalada pelos cinéfilos e mui noticiada pela imprensa, o Brasil ganhou a Palma de Ouro apenas em 1962, por “O Pagador de Promessas”. Em 2016, “Aquarius” coloca o pernambucano Kleber Mendonça Filho no páreo.
Acompanhe a cobertura do Metrópoles no Festival de Cannes 2016
Em 2004, o país foi homenageado pelo evento com projeções de clássicos nacionais em cópias restauradas, em alusão à histórica participação do Cinema Novo quarenta anos antes. Em 1964, “Vidas Secas”, “Deus e o Diabo na Terra do Sol” e “Ganga Zumba” (mostrado na Semana da Crítica) exibiram a força do poderoso cinema nacional da década de 1960.
Abaixo, recuperamos 10 filmes brasileiros que participaram do Festival de Cannes e saíram dele premiados:
“O Cangaceiro” (1953)
Um dos produtos mais bem-sucedidos da Vera Cruz, o faroeste cangaceiro de Lima Barreto venceu o extinto prêmio de “melhor filme de aventura”. A escritora Rachel de Queiroz criou os diálogos que serviram de base para o roteiro de Barreto.
“O Pagador de Promessas” (1962)
Eis o curioso caso da única Palma de Ouro para o Brasil. Dirigido por um galã das chanchadas, Anselmo Duarte, o filme conquistou o festival, mas dividiu opiniões entre diretores do Cinema Novo e críticos. Era considerado um longa “datado” pelos detratores. Com dois astros do teatro no elenco, Leonardo Villar e Glória Menezes, recebeu indicação ao Oscar.
“Vidas Secas” (1963)
Ao lado de “Deus e o Diabo na Terra do Sol”, de Glauber Rocha, o filme de Nelson Pereira dos Santos representou um dos momentos mais significativos do cinema nacional no evento, em 1964. Adaptação do livro de Graciliano Ramos, ganhou o prêmio OCIC, honra eclesiástica conferida pela Igreja Católica.
“O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro” (1969)
O matador de cangaceiros Antônio das Mortes retorna como protagonista na continuação de “Deus e o Diabo na Terra do Sol” (1964). Na terceira ida ao festival, o baiano Glauber Rocha levou seu prêmio mais importante: melhor diretor.
“Di Cavalcanti” (1977)
Vencedor do prêmio do júri de melhor curta, o filme protagonizou um dos mais longos casos de censura artística no Brasil. Também intitulada “Di-Glauber”, a obra registra as filmagens de Glauber Rocha no velório e enterro do amigo pintor Di Cavalcanti, em 1976.
Filha adotiva do artista, Elizabeth considerou o trabalho uma falta de respeito e conseguiu proibi-lo. Anos mais tarde, o documentário foi disponibilizado na internet.
“Meow” (1982)
Anos antes de “O Menino e o Mundo” se tornar a primeira animação nacional indicada ao Oscar, o curta de Marcos Magalhães venceu o prêmio de melhor filme pelo júri de curtas em Cannes. Na história, um gato esfomeado é atormentado pela globalização.
“Memórias do Cárcere” (1984)
Relatados em livro homônimo, os meses em que Graciliano Ramos esteve preso em Ilha Grande, durante a era Vargas, ganharam a escala de grande produção nas mãos de Nelson Pereira dos Santos. Com Carlos Vereza e Glória Pires no elenco, o longa abriu a Quinzena dos Realizadores e venceu o prêmio da crítica internacional.
“O Beijo da Mulher Aranha” (1985)
Na seara das coproduções, o filme francês “Orfeu Negro” (1959) adaptou a peça de Vinicius de Moraes e levou a Palma de Ouro.
Décadas depois, o argentino radicado no Brasil Hector Babenco visitou Cannes pela primeira vez com este produto Embrafilme recheado de atores de Hollywood e brasileiros (Sônia Braga, José Lewgoy, Milton Gonçalves). William Hurt venceu o prêmio de melhor ator no festival e no Oscar.
“Eu Sei que Vou Te Amar” (1986)
Então com 20 anos, Fernanda Torres cativou o júri e levou o prêmio de melhor atriz. Ela dividiu a honra com a alemã Barbara Sukowa, protagonista de “Rosa Luxemburgo”. Especialista em filmar histórias de amor, Arnaldo Jabor acompanha as DRs de um jovem casal recém-separado.
“Linha de Passe” (2008)
Ao narrar a história de uma família pobre na periferia de São Paulo, os diretores Walter Salles e Daniela Thomas consagraram a performance da atriz Sandra Corveloni, eleita melhor intérprete feminina entre todos os filmes que competiam pela Palma de Ouro.
Os cineastas foram ao palco receber o prêmio em nome da vencedora, que estava grávida e havia perdido seu bebê de seis meses antes do festival. Detalhe: com carreira no teatro, Sandra era estreante no cinema.