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Cannes: o Metrópoles viu e avaliou 40 filmes; leia todas as críticas

O Metrópoles avaliou e comentou, sem spoilers, 35 filmes exibidos durante o festival francês. Premiação será anunciada na tarde deste domingo (22/5)

atualizado

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Luiz Oliveira
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1 de 1 metropoles em cannes - Foto: Luiz Oliveira

O Metrópoles esteve no Festival de Cannes 2016 e fez uma intensa maratona cinéfila aonde assistimos, avaliamos e comentamos 40 filmes. Boa parte deles deve circular por outros eventos, ter repercussão no circuito comercial e chegar ao Oscar 2017. O anúncio do vencedor da Palma de Ouro e dos outros prêmios deve ser feito na tarde deste domingo (22/5).

Eis o balanço crítico da nossa cobertura: 6 longas excelentes, 10 ótimos, incluindo o brasileiro “Aquarius”, de Kleber Mendonça Filho, 9 bons, 5 regulares e 10 ruins. A seleção abaixo, por ordem de avaliação, contém todos os filmes que concorrem à Palma de Ouro, vários da mostra paralela Um Certo Olhar e alguns que foram exibidos fora de competição.

Acompanhe a cobertura do Metrópoles no Festival de Cannes 2016

5 Estrelas – Excelente

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“The Neon Demon”, de Nicolas Winding Refn (Dinamarca). Estreia em 18 de agosto
Recém-chegada em Los Angeles, a jovem Jesse (Elle Fanning) começa a fazer sucesso no mundo das modelos. Ela desperta a inveja de duas colegas mais velhas e a paixão de uma maquiadora.
Winding Refn está mais interessado num cinema visceral e emocional do que propriamente narrativo.

Para quem o conhece, “The Neon Demon” é mais um passo certeiro em sua trajetória. Perverso, explícito e atrevido, é uma parábola metafórica sobre a beleza, a juventude e a antropofagia. Banha-se na misoginia para transformá-la em sátira. Quando começa a mergulhar no surreal, claramente inspirado no cinema de Alejandro Jodorowsky, o filme alienará a maior parte do público, que espera algo mais no gênero do horror. Não é para os fracos.

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“The Transfiguration”, de Michael O’Shea (Estados Unidos)
Milo (Eric Ruffin) é um jovem com uma existência sofrida. Atormentado pelos colegas de escola, e num bairro de Nova York dominado por gangues e o tráfico de drogas, ele tenta superar o trauma do suicídio da mãe enquanto mora com o irmão mais velho, sempre plantado na frente da TV. Milo está tentando se transformar num vampiro, mas quando conhece uma outra jovem, sua vizinha, talvez saia da escuridão que o cerca.

Quanto menos das surpresas deste filme revelarmos, melhor, pois é uma fantástica combinação de vários gêneros: terror e drama social, com pitadas de romance e amadurecimento. É o primeiro filme de um diretor que com certeza ainda fará muita coisa boa.

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“Captain Fantastic”, de Matt Ross (Estados Unidos)
Viggo Mortensen é o patriarca de uma família com seis filhos, e todos moram na natureza selvagem – em cabanas e barracas num terreno de floresta. Os dias se passam treinando defesa pessoal, caçando e preparando comida e com aulas de física quântica e literatura. Quando a mãe morre, após uma estadia num hospital, a trupe tem de voltar à civilização e confrontar a família conservadora dela durante o enterro.

Matt Ross, mais conhecido como ator, escreveu um roteiro impressionante. Vencedor de prêmios em Sundance, chegou em Cannes com grande expectativas e saiu um sucesso. É um filme sobre ideias e ideologias que, no final das contas, reconhece que o ideal nunca está nas extremidades, mas sim no centro. Imprescindível para o mundo de hoje.

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“Hell or High Water”, de David Mackenzie (Grã-Bretanha). Estreia em 13 de outubro
Dois irmãos, Chris Pine e Ben Foster, fazem uma série de assaltos a banco pelo interior do Texas enquanto dois policiais, Jeff Bridges e Gil Birmingham, estão em seu encalço. Tão antigos quanto o próprio cinema, poucos filmes de assalto a banco ainda surpreendem, e este é uma excelente surpresa.

Ao associar a necessidade dos dois irmãos a assaltarem bancos com a derrocada financeira causada pelas instituições financeiras, o diretor consegue unir ação e tensão com drama social. Todos os momentos deste filme são importantes para sua história, e Jeff Bridges tem seu melhor papel em anos.

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“Bacalaureat”, de Cristian Mungiu (Romênia)
A jovem Eliza (Maria-Victoria Dragus) sempre tirou notas boas e até ganhou uma bolsa para fazer faculdade na Inglaterra, como seu pai (Rares Andrici) sempre sonhou e planejou. Um médico respeitado e honesto, ele sempre odiou o “jeitinho” e a corrupção de seu país natal. Mas quando a filha é atacada a caminho de sua última prova, ele terá que navegar um mundo que sempre repudiou.

Mais uma obra-prima dramática de Mungiu, que venceu a Palma de Ouro em 2007 por “4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias”. Criticando o mundo moderno com pessoas simples que tentam sobreviver em ambientes hostis a elas, seus filmes começam um tanto quanto desesperadores, mas deixam um gostinho de esperança.

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“Elle”, de Paul Verhoeven (Holanda)
Isabelle Huppert é Michelle, dona de uma empresa que faz jogos de videogame. Poderosa e autoconfiante, ela é direta tanto no trabalho quanto nos relacionamentos, especialmente com o filho e o ex-marido. Quando sofre um estupro dentro de sua própria casa, ela tenta descobrir quem foi o intruso.

Qualquer discussão sobre a premissa do filme não faz jus à exploração dos temas que Verhoeven vem explorando durante a carreira. É um thriller psicossexual no papel, mas com uma protagonista diferente de todas as outras que já vimos antes.

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4 Estrelas – Ótimo

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“Aquarius”, de Kleber Mendonça Filho (Brasil)
Sonia Braga retorna ao cinema brasileiro como Clara, viúva e sobrevivente de câncer de mama que é a única residente do antigo edifício Aquarius, visto que uma construtora comprou todas as outras unidades para demolir o prédio e construir uma torre nova. Mas Clara, sem conseguir se desprender da vida e das memórias que criou ali, não quer vender de jeito nenhum.

“Aquarius” é muitas coisas ao mesmo tempo: uma reflexão sobre as memórias de uma vida, o cotidiano de uma aposentada que ainda tem muito o que fazer, um reflexo social de um Brasil cuja urbanidade ainda se desenvolve. Lindo se ver, peca com um final um tanto convencional e hollywoodiano.

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“Paterson”, de Jim Jarmusch (Estados Unidos)
Adam Driver, agora mundialmente famoso por ser o vilão Kylo Ren de “Star Wars – O Despertar da Força” (2015), é Paterson, um jovem motorista de ônibus desfrutando de uma rotina que não parece tão especial. Acorda de manhã, vai trabalhar, à tarde escreve poesia e a noite leva o cachorro para passear, parando no bar de sempre para uma única cerveja.

Ao contrastar o cotidiano com as ambições poéticas de seu protagonista, Jarmusch une dois mundos e compõe uma linda homenagem à cidade de Paterson, Nova Jersey. Pitadas surreais ainda compõem o cenário, com pares de gêmeos aparecendo por todo lugar e com o constante antagonismo entre Paterson, o motorista, e seu buldogue Marvin.

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“Sieranevada”, de Cristi Puiu (Romênia)

Três dias após o ataque contra a revista Charlie Hebdo, e 40 dias após a morte de seu patriarca, uma família tenta se reunir para um jantar. Lary (Mimi Branescu), médico e filho mais velho, tenta administrar de todos os jeitos os dramas, traumas e conflitos da imensa família.

Puiu gosta de fazer filmes no estilo “rir para não chorar”. É especializado em comédias de humor negro, tão deprimentes quanto engraçadas. Com quase três horas de duração, o filme é um retrato absolutamente caótico sobre avós, tios, irmãos e netos que, se não fossem família, nunca voltariam a se ver. Num apartamento apertado, a câmera ainda atua como um personagem em si.

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“I, Daniel Blake”, de Ken Loach (Grã-Bretanha)
O comediante Dave Johns vive Daniel Blake, carpinteiro idoso que sofre um ataque cardíaco e fica impedido de trabalhar. Dependente pela primeira vez da ajuda do governo, ele tenta navegar pelo labirinto kafkiano da burocracia. Faz amizade com uma mãe solteira, que tenta criar seus dois filhos com um pouco de dignidade.

Muito do filme depende do carisma de Johns, sujeito carismático e engraçadíssimo. Vencedor da Palma de Ouro em 2006 por “Ventos da Liberdade”, Ken Loach sabe fazer filmes com temas sociais, muitas vezes até dramas históricos. Aqui, sua câmera tem um estilo mais documental, pois se trata do governo irlandês atual. O filme seria ainda melhor se não se rendesse ao melodrama bem no finalzinho.

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“Agassi”, de Park Chan-Wook (Coreia do Sul)
Nos anos 30 a Coreia foi ocupada pelo Japão. A coreana Sook-Hee (Tae Ri Kum) é contratada como criada da japonesa Hideko (Min-hee Kim). Morando isoladamente numa mansão com seu tio, Hideko está prestes a se casar com um conde. Mas acontece que sua criada, na verdade, é uma ladra que faz parte de um plano para defraudá-la.

Muita coisa acontece no novo filme de Park Chan-Wook, famoso pelo novo clássico “Oldboy” (2003). Com claras referencias a Hitchcock, ele parte de um romance inglês para criar um thriller explícito, sensual, grotesco e cheio de reviravoltas. A longa duração do filme e sua forma paciente de armar um tabuleiro de xadrez com certeza será difícil para muitos, mas vale a pena conferir sem saber mais nenhum detalhe da trama.

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“American Honey”, de Andrea Arnold (Grã-Bretanha)
Star (Sasha Lane) é uma jovem no interior dos Estados Unidos. Um dia, no supermercado, conhece Jake (Shia LaBoeuf), líder de uma trupe de adolescentes arruaceiros que viajam numa van e usam táticas nada honestas para vender assinaturas de revistas. Star decide largar sua família por essa nova tribo e parte com eles numa odisseia por um país pobre e sofrido.

Filmando em seu estilo documental, Arnold, apesar de ser europeia, consegue retratar um lado americano que ninguém vê. Lane tem um rosto intrigante e consegue carregar o filme nas costas, embora sua personagem seja ingênua e dependente demais. Longo demais, se sairia melhor com um corte mais enxuto, que retirasse algumas atrapalhadas metáforas de Star olhando para animais livres e soltos.

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“Caini” (“Dogs”), de Bogdan Mirica (Romênia)
O jovem Roman (Dragos Bucur) herda um terreno de interior do seu avô, que descobre ser um gângster. Pensando em vender o terreno, ele é logo pressionado pelos capangas do avô a deixar tudo como está.

O filme tem mais de uma semelhança com o conhecido “Onde os Fracos Não Tem Vez” (2007), dos Irmãos Coen, mas com bem menos tensão e um ritmo devagar, quase parando. Mesmo assim, com um roteiro bem apontado, nos diz muito sobre as vidas dos envolvidos numa organização criminosa.

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“Forushande” (“The Salesman”), de Asghar Farhadi (Irã)
Um homem (Shahab Hosseini) e sua esposa (Taraneh Alidoosti) estão encenando a peça “A Morte do Caixeiro Viajante”, de Arthur Miller, quando tem de encontrar um novo lugar pra morar. Um colega na peça oferece um apartamento. Uma noite, alguém que procurava a locatária anterior entra no apartamento e ataca a mulher.

Seu marido depois tenta localizar o intruso e tirar satisfações. Farhadi tem um dom em encher seus roteiros de intrigas e erros de comunicação, para depois ir puxando fio a fio todas as consequências terríveis da soma total dos pequenos erros de seus personagens. “Forushande” é menos intenso e imediato do que seus filmes anteriores, mas mesmo assim excelente.

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“Personal Shopper”, de Olivier Assayas (França)
Kristen Stewart é uma médium espiritual que está em Paris aguardando um sinal de seu irmão gêmeo, falecido há três meses. Enquanto espera, ela trabalha como compradora de roupas e looks para uma atriz famosa. Ao mesmo tempo, começa a receber mensagens estranhas no celular.

É raro ver alguém como o dramaturgo Assayas explorar o cinema de gênero, como ele explora o horror aqui. Seria mais simples ele fazer um filme sobre o ennui bourgeois, com uma personal shopper em crise existencial vagando, ela mesma como um fantasma, por Paris. Mas aí nem valeria a pena assistir. Com esta trama supernatural ele consegue tentar algo novo. Será melhor aproveitado por quem já conhece o trabalho do diretor.

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“The Happiest Day in the Life of Olli Mäki”, de Juho Kuosmanen (Finlândia)
Olli Mäki (Jarkko Lahti) está prestes a viver seu grande dia: disputará, em casa, o título mundial de boxe para a categoria Peso Pena contra o americano Davey Moore. Enquanto seu empresário tenta focá-lo na luta, e o país inteiro o comemora como um futuro campeão, Olli se apaixona por Raija (Oona Airola).

Mistura bem efetiva de comédia e drama, o vencedor da competição Un Certain Regard é o “anti-Rocky”. Rodado em 16mm, em preto-e-branco, o filme parece até não se interessar muito pela luta em si, que vem no final, mas sim em quão despreparado seu protagonista está com a fama repentina.

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3 Estrelas – Bom

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“Café Society”, de Woody Allen (Estados Unidos). Estreia em 27 de outubro
Jesse Eisenberg vive Bobby, nova-iorquino que muda para Los Angeles para trabalhar na agência de talentos de seu poderoso tio Phil (Steve Carell). Lá, se apaixona pela secretária Vonnie (Kristen Stewart), que tem um namorado. Bobby mesmo assim tenta convencê-la a se apaixonar por ele e as consequências disto serão sentidas profundamente.

O filme parece ser simplório e engana que é uma comédia para depois surpreender com drama e ideias de peso. Destaque especial para os personagens coadjuvantes.

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“(M)uchenik” (“The Student”), de Kirill Serebrennikov (Rússia)
Um belo dia o estudante Veniamin (Pyotr Skvortsov) decide estudar a Bíblia e vivê-la ao pé da letra. Convencido de que o mundo está perdido para o Mal, ele começa a desafiar seus amigos e professores. Enquanto a maioria prefere evitá-lo, a professora Elena (Viktoriya Isakova) é a única decidida a derrotá-lo.

Excelente parábola sobre o fanatismo nos tempos atuais, o filme é forte e destemido. Apesar da ortodoxia do jovem Veniamin parecer horrorosa, ele vai vagarosamente conquistando a administração e os diretores. Um filme necessário sobre como a força bruta de uma ideologia aniquila a racionalidade de quem tenta combatê-la. O final, porém, fica um pouco aquém do esperado.

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“Toni Erdmann”, de Maren Ade (Alemanha)
Winfried (Peter Simonischek), de 65 anos, é um professor de música que vive do bom humor e das peças que prega nos seus alunos e colegas. Quando seu cachorro morre, decide voltar a se conectar com a filha, executiva bem-sucedida de uma consultoria de empresas. Usando uma fantasia, ele vira “Toni Erdmann” e persegue a filha no seu dia-a-dia.

Vencedor do prêmio da crítica, entregue pela Fiprescu, o filme é uma mistura de comédia e drama entre pai e filha que vivem a vida de maneiras completamente diferentes. Raramente vemos um filme como esse sobre um pai com 65 anos e uma filha com mais de 40, e por isso “Erdmann” é um frescor. Os confrontos e as piadas são diferentes do que esperamos, mas, com mais de 2 horas e meia de duração, um corte mais enxuto revelaria um filme bem melhor.

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“Busanhaeng”, de Sang-ho Yeon (Coreia do Sul)
A Coreia do Sul também não está isenta da moda zumbi, e num filme de ação divertidíssimo pai e filha tentam sobreviver a bordo de um trem com destino a Busan, única cidade que oferece alguma possibilidade de segurança. Junto com eles estão um time adolescente de beisebol, um homem durão com sua esposa grávida e um executivo dono de empresas de ônibus.

Não se trata aqui de uma obra-prima da sétima arte, mas sim de uma montanha russa que fez a sessão de gala em Cannes aplaudir, rir e assobiar. Claro que tem a história obrigatória, de um pai que nunca deu muita atenção à filha, e está levando-a para passar uns dias com a mãe. Mas o que vale mesmo é a ação desenfreada com zumbis velozes e famintos.

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“Umi Yorimo Mada Fukaku”, de Hirokazu Koreeda (Japão)
Após a morte de seu pai, o escritor de um romance bem-sucedido tenta se conectar com a mãe, a ex-mulher e o filho pequeno. Sem inspiração para um segundo livro, ele agora ganha a vida como detetive particular.

Koreeda é um especialista em fazer dramas reais, humanos e desprovidos de exagero. É um trabalho consistente com sua obra geral, divertido e dramático ao mesmo tempo em que dará esperança a todos que o assistirem.

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“La Tortue Rouge”, de Michael Dudok de Wit (Holanda)
Um náufrago em uma ilha do pacífico tenta escapar, mas sua jangada é sempre destruída por uma tartaruga vermelha. Quando o homem desiste de fugir, o relacionamento entre os dois toma um rumo inesperado.

A mais nova produção do famoso estúdio Ghibli, fundado pelo mestre japonês Hayao Miyazaki (“A Viagem de Chihiro”), é linda de se ver, mas falta substância narrativa. Mesmo assim, foi muito aclamado pela crítica.

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“Ma Rosa”, de Brillante Mendoza (Filipinas)
A matriarca da família Rosa, dona de uma barraca de feiras, tem de vender drogas para ajudar a pagar as contas, e quando a polícia prende ela e seu marido, a única solução é os filhos arrecadarem dinheiro para pagar o suborno que os policiais estão cobrando.

Demora para andar, mas, quando o filme consegue dar tração, é bem efetivo. Mendoza usa um olhar documental para identificar o falso romantismo do submundo, mais cruel ainda quando se está desesperado. Existe aqui também uma metáfora poderosa sobre o que uma família é capaz de fazer para permanecer unida.

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“Voir du Pays”, de Delphine e Muriel Coulin (França)
Um esquadrão do exército francês, após completar um turno no Afeganistão, tem três dias para descansar num resort cinco estrelas da ilha de Chipre. Ainda processando seus traumas e medos, Marine e Aurore (Soko e Ariane Labed) tentam evitar mais violência tanto do próprio exército quanto dos outros hóspedes do hotel.

As guerras dos últimos quinze anos, principalmente as do Oriente Médio, causaram um grande fluxo de filmes sobre elas, especialmente nos Estados Unidos. “Voir du Pays” não se destaca tanto destes em material narrativo, com vários momentos facilmente previsíveis. Mas ao ser estrelado por duas mulheres, e por ocorrer no Mar Mediterrâneo, vale a pena dar uma conferida.

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La Larga Noche de Francisco Sanctis, de Francisco Marquez e Andrea Testa (Argentina)
Francisco Sanctis (Diego Velazquez) é um argentino apolítico, vivendo uma vida tranquila e urbana com a esposa e dois filhos pequenos num país que acaba de sofrer um golpe militar. Para ele, tudo continua normal. O café da manhã serve para compartilhar com a família que ele está prestes a receber uma promoção no trabalho. Sua esposa faz aquela cara de quem já ouviu isto antes e ela não está errada. Em vez da aguardada promoção, Sanctis recebe uma caixinha com produtos de supermercado. Anos de chumbo, com certeza.

Pouco depois, Sanctis recebe uma ligação de Elena (Valeria Lois), um caso dos tempos de faculdade que precisa de sua ajuda. Ela finge estar interessada num poema meio comunista que ele escreveu na faculdade mas na verdade quer envolvê-lo numa trama da resistência à ditadura. Elena tem dois companheiros que estão prestes a serem capturados pela polícia, e ela quer que Francisco vá até a casa deles e os avise. Como Elena já está visada pela polícia, ela precisa salvar os amigos com alguém acima de qualquer suspeita. Uma premissa interessantíssima inicia o filme, mas um final sem rumo o impede de tomar riscos.

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2 Estrelas – Regular

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“Dois Caras Legais”, de Shane Black (Estados Unidos). Estreia em 21 de julho
Ryan Gosling e Russell Crowe vivem um par de investigadores que se juntam para procurar Amelia (Margaret Qualley), jovem ativista envolvida num filme misterioso. Nesta Los Angeles dos anos 70, sobrevoada por fumaça de poluição, até uma atriz pornô pode ter um sério envolvimento com o caso.

Todos que fazem parte deste filme têm um alto pedigree, e Gosling e Crowe estão ótimos nos papéis de dois investigadores que começam às avessas e acabam criando afinidade um pelo outro. Mas o mistério central é completamente sem graça e até tolo. Com uma personagem adolescente desnecessária e um ritmo sem surpresas, apenas o humor do filme se salva.

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“Jogo do Dinheiro”, de Jodie Foster (Estados Unidos). Estreia em 26 de maio

George Clooney faz o papel de Lee Gates, apresentador de um quadro de conselhos financeiros no canal Financial News Network, ou FNN. Um dia, Kyle Budwell (Jack O’Connell) entra no estúdio com uma arma e um colete explosivo. Trancando todas as portas e tornando a equipe do programa como refém, Budwell quer uma conversa com Gates. Seguindo o conselho do apresentador de televisão, ele perdeu todo o dinheiro que tinha.

Existe uma única razão para assistir: o senso de humor. O resto já vimos antes, desde a tentativa desastrosa da polícia para resolver a situação até a empatia do refém pelo seu captor. Além disso, uma tentativa de elucidar uma conspiração completamente estapafúrdia.

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“O Bom Gigante Amigo”, de Steven Spielberg (Estados Unidos). Estreia em 28 de julho
Uma órfã chamada Sophie, sofrendo de insônia, conhece o BFG, um gigante que a rapta e a leva para a terra dos gigantes. Lá, ela descobre que o bondoso BFG é diferente de todos os outros, pois é gentil e se recusa a comer humanos.

Baseado num clássico inglês de Roald Dahl, que também escreveu “A Fantástica Fábrica de Chocolate”, este filme tinha tudo pra dar certo nas mãos do diretor que de “E.T. – O Extraterrestre”. Mas “O Bom Gigante Amigo” é tedioso, sem graça e anticlimático. Vale a pena pela performance de Mark Rylance como o gigante, bem diferente daquela que o consagrou com o Oscar de coadjuvante por “Ponte dos Espiões” (2015). Seu talento aparece mesmo debaixo de várias camadas de computação gráfica.

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“Loving”, de Jeff Nichols (Estados Unidos)
História real do casal Richard e Mildred Loving (Joel Edgerton e Ruth Negga), que se casou nos anos 50, ele branco e ela negra, e foi prontamente detido por violar as leis raciais. O caso dos dois chega até a Suprema Corte dos Estados Unidos enquanto eles tentam criar três filhos.

O diretor Jeff Nichols tomou uma decisão irreverente ao focar não no caso judicial do filme, mas apenas no relacionamento entre os dois protagonistas. Apesar de um primeiro ato excelente, falta carga dramática neste esquema. Mesmo com uma história importantíssima, o drama naufraga sem um conflito onde ancorar.

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“Goksung”, de Na Hong-Jin
Goksung é o nome de uma pequena cidade cujos moradores começam a ser acometidos por uma estranha condição onde feridas e pústulas aparecem em seus corpos e os acometem com instintos assassinos. Logo no começo, num clima aterrorizante, o policial Jong-Gu (Kwak Do Won) aparece em uma cena de crime aonde um homem e sua esposa foram assassinados por um parente. A cena, com os corpos dilacerados e as paredes ensanguentadas, ainda conta com o próprio assassino sentado do lado de fora, mudo e doente.
O filme começa num tom de comédia total, com o incompetente policial tropeçando pra lá e pra cá num cenário para o qual ele está completamente despreparado. De repente, e incongruosamente, nos vemos no meio de uma batalha milenar entre anjo e demônio, um desvio total de dimensão e foco.

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1 Estrela – Ruim

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“Rester Vertical”, de Alain Guiraudie (França)
Vagando pelo interior da França em busca de um lobo, um jovem escritor (Damien Bonnard) engravida uma pastora de ovelhas (India Hair) e decide morar com ela e o pai. Envolve-se com todo tipo de gente, incluindo um vizinho grisalho e seu jovem amante.

O filme poderia ser uma brilhante farsa, ou até mesmo um conto de fadas às avessas, mas se perde em suas próprias bizarrices. Sem atores de expressão, resta ao público se sentir tão apático quanto Léo, o personagem principal.

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“Ma Loute”, de Bruno Dumont (França)
No norte da França, numa cidade de praia populada por grã-finos de férias e por famílias pobres de pescadores nos anos 1910, dois investigadores estão atrás de pistas do desaparecimento de várias pessoas. Passamos a maior parte do tempo com duas famílias, os Van Peteghems, burgueses tolos e incestuosos, e os Bréforts, coletadores de ostras. Um dia, brota um romance entre Ma Loute, da família pobre, e Billie, da família rica.

“Ma Loute” chega a nem fazer sentido como filme. Apesar de uma premissa e um cenário interessantes, os personagens não agem por motivações discerníveis. O elenco de estrelas parece ter sido instruído a incorporar o exagero e a caricatura como modo de trabalhar. Um completo desperdício.

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“Mal de Pierres”, de Nicole Garcia (França)
Moradora de uma cidade pequena do interior francês, Marion Cotillard está desesperada com o instinto sexual que brota dentro de si. Numa família conservadora, ela tem duas opções: entrar num manicômio ou casar com um humilde carpinteiro, escolhido pelos pais.

Durante o casamento ela desenvolve pedras nos rins e tem de ir a um hospital, onde conhece um tenente ferido. Com um começo até interessante, o filme vira a pior versão de um melodrama. Com sentimentos exagerados e forçados, o que poderia ser a história de uma mulher amadurecendo ressuscita clichê após clichê com um twist final pavoroso.

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“Julieta”, de Pedro Almodóvar (Espanha). Estreia em 23 de junho
Após um encontro casual, uma mulher tenta reencontrar a filha, que fugiu de casa na época da faculdade. Baseado em vários contos da escritora canadense Alice Munro.

Erro crasso na carreira de Almodóvar, “Julieta” parece ter sido feito em piloto automático. Todos os momentos interessantes da história acontecem fora de cena, e nos resta acompanhar apenas o sofrimento da protagonista.

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“Juste la Fin du Monde”, de Xavier Dolan (Canadá)
Após uma ausência de doze anos, o designer de moda Louis (Gaspard Ulliel) retorna à casa da mãe com um segredo. Seus dois irmãos e cunhada estão ansiosos e apreensivos para reencontrá-lo.

Dolan é realeza em Cannes, e já compôs o júri após o sucesso do excelente “Mommy” (2014). Para este novo filme, conseguiu atores de peso, como Marion Cotillard, Vincent Cassel e Léa Seydoux, mas seu ator principal, Ulliel, não está à altura dos coadjuvantes. Pretensioso e depressivo ao extremo, está mais para um filme de estudante do que o de um menino prodígio.

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“La Fille Inconnue”, de Jean-Pierre e Luc Dardenne (Bélgica)
Uma noite, após o fim do expediente, a médica Jenny (Adèle Haenel) ouve uma batida à sua porta. Ela decide não atender, pois teve um dia exaustivo e a pessoa não insiste. No dia seguinte, ela descobre que quem bateu à sua porta foi uma menina, morta logo depois. Ela decide então investigar sua vida e morte.

É um filme qualquer coisa dos irmãos Dardenne, duas vezes vencedores da Palma de Ouro (2005 e 1999). Para quem já conhece a filmografia da dupla, é mais do mesmo, sem inovação alguma e, por isso, bem sem graça.

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“The Last Face”, de Sean Penn (Estados Unidos)
Charlize Theron e Javier Bardem são médicos de uma organização parecida com a Médicos Sem Fronteiras. Eles tentam viver uma história de amor em meio às guerras civis que assolam o continente africano.

Facilmente o pior filme do festival em 2016, “The Last Face” tenta ser uma peça ativista para mostrar ao mundo o sofrimento que as guerras civis causam, porém foca mais do que devia no caso entre os dois protagonistas, que na verdade não tem nenhum empecilho para ficarem juntos. Usa os conflitos e os africanos como objetos de cena, concedendo papéis principais apenas aos personagens europeus.

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Festival de Cannes/Divulgação

“Gimme Danger”, de Jim Jarmusch (Estados Unidos)
Como explicar a insanidade punk de uma figura como Iggy Pop? Frequentemente nu no palco, as vezes usando uma coleira de cachorro e ainda com frequentes rumores de uma conexão sexual com David Bowie (tudo muito bem explorado por Todd Haynes em “Velvet Goldmine”), sua música influencia até hoje. Com acesso ao próprio cantor, “Gimme Danger” conta a história dos primórdios da banda e ainda entrevista outros que conviveram com ela e que explicam a importância de seu som. E só. É simplesmente inexplicável que daí surge um documentário tão sem-graça.

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Festival de Cannes/Divulgação
“Blood Father”, de Jean-François Richet (Estados Unidos)
John Link (Gibson) mora no deserto, abandonado por todos de uma existência prévia regada a drogas e álcool. Dividindo seu tempo entre um pequeno estúdio de tatuagem (Gibson foi cortado de “Se Beber Não Case 2”, aonde faria uma ponta como tatuador, porque o elenco se recusou a trabalhar com ele), reuniões de AA e conversas com amigos, recebe a ligação da filha que o abandonou. Esta, por sua vez, é namorada de um traficante mexicano que acaba de ser assassinado pelo rival e agora busca pretensão. Óbvio que cabe ao paizão bad boy ser seu protetor.

Além da presença de Gibson no elenco, não é nada demais, apenas uma versão pior de tiroteio, perseguição e violencia que nos dias de hoje se tornaram produtos rentáveis para atores cinquentões (lembre-se de Liam Neeson na série “Busca Implacável” ou Sean Penn em “O Franco-Atirador”).

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Festival de Cannes/Divulgação

“Dog Eat Dog”, de Paul Schrader (Estados Unidos)
Ah, o que dizer sobre Nicolas Cage hoje em dia? Ora ele decide agir de acordo com seu talento, ora ele vira uma caricatura kitsch de si mesmo. Em “Dog Eat Dog”, de Paul Schrader, ele oscila entre os dois ao se juntar a Willem Dafoe e Christopher Matthew Cook como um trio de criminosos sem sorte que decidem fazer um último ato e ganhar dinheiro suficiente para o resto de suas vidas. Óbvio que nada dá certo–nem pra eles nem para o filme.

Com baixíssimo orçamento e um visual kinético, o resultado poderia ser uma genialidade pós-moderna, livre, leve e solta de qualquer amarra moral ou comercial. Só que esse filme já existe, é “Assassinos por Natureza”, de Oliver Stone. O que Schrader consegue é arrancar alguns poucos momentos divertidos para os fãs de seus atores principais, mas nada que sustente o filme como um todo.

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