Cannes: “Matthias & Maxime”, de Xavier Dolan
O diretor-prodígio canadense parece regredir cada vez mais para um cinema adolescente, para o bem ou para o mal.
atualizado
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Xavier Dolan impressionou o mundo no início de sua carreira com filmes que estavam a anos-luz de maturidade do que se esperaria de sua jovem existência. “Mommy” foi o apogeu e desde então, seus filmes tem evocado mais tons de adolescência e de filmes estudantis do que ele havia se mostrado capaz.
Max (Dolan) está prestes à partir do Canadá rumo à Australia, e o clima entre ele e sua turma de melhores amigos é de doce saudade. A sintonia entre todos é perfeita, e a diversão constante. Até que ele e Matthias (Gabriel D’Almeida Freitas) são pressionados a interpretar um casal no filme estudantil de outra membra da gangue. O beijo que compartilham, e a evidência de um intenso ardor, separa os melhores amigos.
O conteúdo do filme combina com sua estética: a do filme estudantil. A atmosfera deste grupo de amigos, naquela fase entre adolescência e vida adulta parece real e bem vivida. As emoções dos personagens estão sempre à beira da explosão, e a repressão interna que eles mesmo adotam para camuflá-las também.
Nada que acontece na tela, porém, é engajante. Além do clima e da atmosfera, o roteiro do filme não foge à angústia adolescente, raramente o período mais interessante de se ver na tela. Como autor do filme, Dolan obviamente está expressando dores e momentos difíceis de sua própria vida, mas o que quer dizer muito pra ele não é o suficiente, sozinho, para puxar o interesse dos outros.
O filme não é de toda uma perda. Dolan abandonou a histeria existencial de seu pior filme, “Juste la fin du monde”, que tinha um elenco maravilhoso tentando dar vida à uma peça no pior estilo de Tennessee Williams, e também fugiu da narrativa gay que atinge o mainstream: o amor marcado pela tragédia da AIDS.
Avaliação: Regular (2 estrelas)