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Cannes: “Le Jeune Ahmed”, de Jean-Pierre e Luc Dardenne

Diretores que já ganharam a Palma de Ouro duas vezes erram feio ao tentar mostrar o perigo do extremismo islâmico.

atualizado

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Festival de Cannes/Divulgação
Le Jeune Ahmed
1 de 1 Le Jeune Ahmed - Foto: Festival de Cannes/Divulgação

A Bélgica é um país de muitas identidades culturais. Nem as principais do país, a cultura francesa e a cultura holandesa, dominam uma a outra. Seria a essência de um melting pot, talvez, termo em inglês para identificar comunidades em que várias culturas se misturam de maneira harmoniosa. O filme “Na Mira do Chefe”, do diretor Martin McDonagh até brinca com o país como um purgatório metafórico, nem paraíso nem inferno, onde todos esperam algo acontecer, sem sucesso.

Nacionais da Bélgica, Jean-Paul e Luc Dardenne decidiram explorar o tema do radicalismo islâmico no personagem de um menino de 13 anos, Ahmed (Idir Ben Addi), um candidato a ótimo exemplo de melting pot, com um pai árabe e uma mãe (Claire Bodson) branca e belga. O pai está ausente e a mãe tenta criar ele e sua irmã de maneira afetiva num bairro de classe operária. Só que, desde os momentos iniciais do filme, Ahmed já está à beira do extremismo, influenciado pelo seu Imam (Othmane Moumen). Não sabemos o que aconteceu, mas Ahmed agora se recusa a encostar em mulheres, reza cinco vezes por dia e castiga sua mãe por esta beber álcool.

Ahmed é uma bomba prestes a explodir, em busca de uma missão para executar e provar sua fé. Por isso tenta matar sua professora de matemática (Myriem Akheddiou) com uma faca de cozinha, por ela namorar um homem judeu. Tudo é feito com o naturalismo e a linguagem quase documental costumaz dos diretores, evitando ao máximo explicações psicológicas ou metafóricas para as escolhas de seus personagens (apesar do espectador sempre conseguir formar sua própria opinião sobre estas).

É um erro brutal desta história. Com apenas duas sequencias que emergem como interessantes (uma em que Ahmed revela seu atentado para o Imam e uma em que Ahmed se aproxima emocionalmente de uma menina no centro de detenção para o qual é enviado), o filme existe como uma vagaria desinteressante aonde dois diretores europeus, brancos e idosos, exploram a questão de um jovem extremista e impenetrável para seu filme. Ahmed, resoluto e sem graça, é muito menos interessante do que todos os outros personagens, especialmente sua mãe, quando lamenta, agoniada, que duas semanas atrás ele era um menino normal, que jogava Playstation.

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