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Cannes: “Fumer Fait Tousser”, de Quentin Dupieux

Aventura gonzo de power rangers tabagistas é divertida, porém evita provocações.

atualizado

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Festival de Cannes/Divulgação
Fumer Fait Tousser
1 de 1 Fumer Fait Tousser - Foto: Festival de Cannes/Divulgação

Imagine as possibilidades de um programa de TV aonde os Power Rangers, enquanto defendem o planeta contra monstros espaciais, também fizessem propaganda de cigarro e tabaco. Esta é a missão de vida da Tobacco Force, grupo inspirado nos seriais japoneses com 5 membros, cada um com o nome de um dos componentes químicos do cigarro: Benzene (Gilles Lellouche), Nicotine (Anaïs Demoustier), Methanol (Vincent Lacoste), Mercury (Jean-Pascal Zadi) e Ammonia (Oulaya Amamra). No começo do filme, eles já estão batalhando uma tartaruga gigante. Juntando forças, a equipe forma o gigante Tartaruga com Câncer, que, como o nome sugere, derrota o vilão fazendo com que suas células cresçam desordenadamente até que ele exploda.

É uma sequencia inicial espetacular, brincando ao mesmo tempo com nostalgia e sátira, relembrando a cultura pop de 30 anos atrás com as possibilidades bizarras e politicamente incorretas de merchandising. É uma luta imperfeita, e apesar do sucesso, o chefe da Tobacco Force, um rato-fantoche ordena que eles façam um work-shop de trabalho em conjunto na floresta. Um novo inimigo, Lizardin (Benoît Poelvoorde), logo tentará destruir o mundo.

O diretor canadense Quentin Dupieux é conhecido por suas premissas nonsense que às vezes rendem bons filmes. Este, tão focado em sua sequencia inicial (que, aliás, começa com uma família numa road trip que testemunha o ataque contra o alienígena) parece o que tem o caminho mais traçado, só que Dupieux não tem interesse em manter uma narrativa coesa. No acampamento, os 5 colegas começam a contar histórias em volta de uma fogueira e o filme vira uma sequencia de historinhas, algumas melhores do que as outras.

O problema, para ser sincera, é que nada leva à nada. Depois do acampamento, Benzene, Nicotine, Methanol, Mercury e Ammonia lutam contra mais um vilão, são salvos pelo robozinho que é seu assistente (um dos personagens mais divertidos), e Dupieux parece ter usado seu filme apenas para exorcisar algumas de suas ideias birutas e colocá-las na tela. O que salva tudo é o conjunto de diretores e a falta de pretensão.

“Fumer Fait Tousser” ganha vantagem ao estrear no Festival de Cannes, uma instituição do cinema. Uma comédia nonsense com menos de 80 minutos é um refresco no meio de tanta gente pedindo que sejam levados à sério.

Avaliação: Bom (3 estrelas)

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