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Cannes: “Frankie”, de Ira Sachs

Filme de afeto com Isabelle Huppert em Portugal é uma obra mais simples do diretor americano.

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Festival de Cannes/Divulgação
Frankie
1 de 1 Frankie - Foto: Festival de Cannes/Divulgação

Frankie (Isabelle Huppert), personagem principal do novo filme do diretor Ira Sachs, já aparece em cena resolvida. Nadando na piscina de um hotel paradisíaco da cidade de Sintra, em Portugal, ela já está em paz consigo mesma, conformada com o fato de que está prestes a morrer de uma doença terminal. Estrela francesa de cinema (como a própria Huppert), ela convocou a família e alguns agregados à Sintra para o anúncio formal e também para tentar resolver as questões que ainda persistem em deixarem suas vidas inquietas.

O jogo de relacionamentos é revelado aos poucos, e de vez em quando até ficamos com dúvidas sobre quem é quem. Jimmy (Brendan Gleeson) é o seu marido, Michel (Pascal Greggory) é seu ex-marido, Sylvia (Vinette Robinson) é a enteada, Maya (Sennia Nanua) a neta de Jimmy, Paul (Jérémie Renier) é seu filho e Ilene (Marisa Tomei) uma de suas amigas próximas. Gary (Greg Kinnear) e Ian (Ariyon Bakare) estão pelas beiradas da família.

O tom do filme é brincalhão, porém com toques de melancolia e a profundidade mais leve possível, se isso fizer sentido. Quase como uma comédia de costumes, à moda antiga de Hollywood, em que Spencer Tracy e Katharine Hepburn se manipulavam, atraindo-se e repelindo-se enquanto sorriam. Os diálogos são precisos, mas não necessariamente envolventes, com uma ou duas exceções. As questões existenciais apresentadas são grandes, mas suas explorações pequenas, sempre pelo prisma do que estas pessoas comuns estão sofrendo.

O elenco é uma bela mistura de veteranos reconhecíveis e novatos talentosos (estes últimos podem até se assemelharem mais com seus personagens, desaparecendo neles sem parecerem atores. Brendan Gleeson tem um dos arcos mais afetivos, sem saber como sofrer um luto antecipado em face à tranquilidade de sua esposa. Isabelle Huppert é sempre intrigante porém, como sempre, não funciona em inglês. Pode se tratar de uma opinião polêmica, mas o fato é que nenhuma das interpretações marcantes e simbólicas desta grande atriz aconteceu fora de sua língua nativa. Em um filme cuja força narrativa é extraída apenas via diálogo, isto é muito aparente.

De que importam as idas e vindas, as pecuinhas de nossas vidas humanas perante a imensidão do tempo e da existência? Em uma das únicas cenas marcantes do filme, os personagens se aglomeram em um penhasco português e contemplam o mar, cuja vasta imensidão ocultava de seus antecessores um novo mundo. Parece o momento de resignação coletiva, mas uma resignação com contentamento, dado o fato de que a vida continuará e a condição humana pouco mudará. A única que terá um novo mundo a descobrir neste momento é Frankie, prestes a morrer.

Avaliação: Regular (2 estrelas)

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