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Cannes: “Decision to Leave”, de Park Chan-Wook

Diretor coreano cult decidiu remover tudo de escandaloso para uma nova trama de detetives.

atualizado

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Festival de Cannes/Divulgação
Decision to Leave
1 de 1 Decision to Leave - Foto: Festival de Cannes/Divulgação

Quando Alfred Hitchcock fazia seus thrillers do século passado, algumas linhas não podiam ser ultrapassadas, como nudez e sexo, violência e gore. Assim, o diretor britânico gostava de usar metáforas de imagem e roteiros de duplo sentido para brincar com a plateia e com os censores. Cinquenta anos após seu último filme, o coreano Park Chan-Wook busca seguir as limitações de um de seus ídolos. Conhecido por explorar de maneira explícita as perturbações derivadas de seus personagens obsessivos, ele diz que buscou se distanciar delas de maneira proposital.

A temática obsessiva, porém, continua lá. O detetive Hae-joon (Park Hae-il) é um workaholic habitando uma sociedade com poucos assassinatos. O caso de um escalador idoso, que parece ter caído de uma montanha de maneira acidental, porém, ressoa seus instintos. Quando ele e seu parceiro entrevistam a viúva Seo-rae (Tang Wei), bem mais jovem, e de naturalidade Chinesa, o detetive não consegue tirá-la de sua cabeça. Será que esta mulher–linda, fria e calma–seria capaz de empurrar o marido de cima de montanha? Serão estes pensamentos apenas a paranoia de Hae-joon, que sofre de insônia e adora ter um crime perigoso para resolver?

Para complicar a vida mais ainda, Hae-joon é casado, mas sua tara pelo trabalho faz com que ele passe a semana inteira em uma cidade grande e volte para ver a esposa (Lee Jung-hyun) em uma cidade menor nos finais de semana. Ou seja, investigando e seguindo Seo-rae, ele passa mais tempo da vida com a suspeita do que com a própria família. Uma perícia no telefone da vítima revela fotos de Seo-rae com o corpo ferido e machucado. Quem é esta mulher, alias? Ela veio ilegalmente para o país, casou para ali permanecer e ainda vivia um relacionamento abusivo?

Tang Wei é a atriz perfeita para viver seu papel. Cada expressão, cada olhar pode ter a simplicidade de uma ingênua ou ser a performance de uma femme fatale. Park Hae-il, como o detetive, também parece ter sido escolhido a dedo para viver duas faces: a de um detetive competente e de um bobalhão amoroso. O que o par de atores faz para balancear cada uma destas facetas é um dos pontos fortes do filme.

O diretor, por sua vez, é um mestre da arte visual do cinema, construindo sequencias e vistas de tirar o fôlego. Não é à toa que Chan-Wook é comparado com Hitchcock, e nem que ele queira impor limitações desnecessárias à estética de seu novo filme. Assistir “Decision to Leave” é um espetáculo visual. A montagem também merece um destaque.

O que deixa o filme um pouco pra trás na filmografia de Chan-Wook, porém, é o roteiro. Por vezes os diálogos são tão travados quanto o título do filme, algo como “Decisão de Partir”. Algo sem graça, que sugere algo perdido no processo de tradução. Tradução, aliás, que é um dos temas do filme, da história entre o policial coreano e a suspeita chinesa. Com quase duas horas e meia de duração, a trama fica enrolada, lenta e vagarosa. Quem gosta de um bom mistério vai curtir a primeira metade do filme, a metade envolvida com investigação e suspeita. Já a segunda, que remete mais a um melodrama, deixa a intriga de lado para algo menos necessário.

Avaliação: Bom (3 estrelas)

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