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Cannes: “Broker”, de Hirokazu Kore-Eda

Diretor japonês, já ganhador da Palma de Ouro, explora mais do mesmo dentro de sua filmografia.

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Festival de Cannes/Divulgação
Broker
1 de 1 Broker - Foto: Festival de Cannes/Divulgação

Existe hoje algum cineasta tão envolvido em explorar o conceito de ‘família’ em sua filmografia do que o japonês Hirokazu Kore-Eda? Seu novo filme, desta vez rodado na Coreia, caminha em paralelo com ‘Shoplifters‘, seu trabalho prévio que venceu a Palma de Ouro. Ambos exploram a constituição familiar entre criminosos a partir do sequestro de uma criança. Desta vez, de um bebê abandonado pela mãe. Na Coreia, veja, existem instituições que aceitam bebês abandonados como se fossem DVDs de locadora, despachados em um gavetão na parede de ingrejas que separa de vista a pessoa largando o bebê e os que o resgatam do outro lado da parede.

Ha Sang-hyeon (Song Kang-ho, de Parasita) trabalha como voluntário numa destas entregas de bebê mas, em vez de receber um bebê e mandá-lo para o orfanato, como seguindo as regras, ele e o comparsa Dong-soo (Gang Dong-won) levam o bebê consigo para tentar vendê-lo no mercado negro e arrumar um bom dinheiro. Trata-se de um drama que envolve tráfico humano, claro, mas por que não já arranjar uma família amorosa para um bebê entregue voluntariamente à uma vida de órfão?

Acontece que a polícia já suspeita do esquema, e duas policiais (Doona Bae e Lee Joo-young Lee) estavam de tocaia no local. Além disso, a jovem mãe que acaba de abandonar a nova prenda de Ha e Dong-Soo se arrepende, e fica perplexa ao contactar a igreja e descobrir que o bebê nunca fora recebido. Ela acha os dois traficantes facilmente e, ao invés de denunciá-los, segue com eles na ‘road trip’ da venda do bebê, trabalhando suas dúvidas em tempo real com a possibilidade de perder seu filho novamente. Ainda se juntará a eles Hae-jin (Im Seung-soo) um menino de 8 anos que viveu no mesmo orfanato que Dong-Soo.

Kore-Eda arrisca virar uma versão japonesa dos irmãos Dardenne, também titãs atuais do cinema nacional. Só que sempre usando os mesmos temas e o mesmo estilo de filmagem. Assistir a um filme deles significa assistir vários outros ao mesmo tempo. Cada um com um tema e um estilo, mas, em comum, personagens que beiram as margens da sociedade. Não se tratam de grupos excluídos, mas cidadãos que seguem a demografia de seu país, podendo assim o espectador sentir que isso poderia acontecer com ele, ou ela.

A posição de cada um neste drama é revelada de início, então não se trata aqui de um filme de surpresas, como ‘Shoplifters’. Com as cartas todas à mostra, Kore-Eda consegue explorar o que realmente move mais esta família improvável: a solidão. Cada um carrega uma infelicidade e um deslocamento existencial particular, e a metáfora de um bebê unindo a todos é interessante. Passar este tempo com um neném convida todos a reavaliarem o que fizeram de suas vidas e o que ainda poderão fazer.

O filme se trata quase de uma fábula, só que banhada na criminalidade. Para agir contra isso, Kore-Eda cria personagens um tanto dissimilares com o que seriam verdadeiros traficantes de bebês. Por isso, é um pouco menos convincente do que em trabalhos passados, apesar de se tratar aqui de um filme competente e bem-feito o suficiente, digno de sua filmografia.

Avaliação: Bom (3 estrelas)

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