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Cannes: “Atlantique”, de Mati Diop

Drama africano sobre a busca de refúgio na Europa foca não em quem parte, mas em quem fica.

atualizado

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Festival de Cannes/Divulgação
Atlantique
1 de 1 Atlantique - Foto: Festival de Cannes/Divulgação

O drama de migrantes e refugiados africanos que partem para a Europa em busca de uma chance de vida melhor é pleno de notícias e conteúdo destes no mar, em campos de refugiados e mesmo no novo lar. O que a diretora Mati Diop busca explorar em seu filme de estreia é o que fica em suas terras natais.

A jovem Ada (Mame Bineta Sane) está de casamento arranjado com o playboy Omar (Babacar Sylla), mas ela está em um relacionamento escondido com o ajudante de obras Souleiman (Ibrahima Traoré). Completamente apaixonada, ela nem imagina que Souleiman está de partida para a Espanha, de maneira clandestina, em busca de uma vida melhor. Ele e seus colegas estão erguendo um arranha-céus moderníssimo em Dakar, mas não recebem há 3 meses por pilantragem da empresa de construção.

Como já mencionado, a diretora não está interessada em explorar o mundo além das fronteiras africanas. O objetivo de atingir a Europa existe apenas de uma forma abstrata. No máximo, a câmera contempla o vasto oceano da costa Africana, sem saber o destino de quem foge de sua vista. As possibilidades variam entre a sorte e a tragédia. Muitos dos que ficam não saberão o destino dos que foram.

Ada é quem fica, e ela, juntamente com as outras mulheres que ficaram, se vê obrigada a lidar com o vazio deixado por quem partiu. A presença deles permanece, pelo menos metaforicamente, e estes espíritos injustiçados assombram o Continente.

É aí que estranhos acontecimentos começam a cercar Ada. Obviamente deprimida pela perda de Souleiman e por lhe restar apenas o destino de seu casamento arranjado, ela segue com o que foi planejado. Num sinal do sobrenatural que está por vir, seu leito de núpcias é incendiado antes mesmo que ela inaugurá-lo, por assim dizer. Uma investigação se inicia em busca do arsonista, mas nem o detetive Issa (Ibrahima Mbaye) sabe como resolver o caso e nem o filme sabe o que fazer com seu personagem.

Esta é um pouco da sina do filme: uma protagonista muito bem realizada e narrativamente explorada, e um grupo de personagens coadjuvantes (incluindo Souleiman) que não amontoam a muita coisa. Combinado com o fato da maioria dos atores serem estreantes, e assim inexperientes demais para preencherem as lacunas que o pouco desenvolvimento de seus personagens necessita com presença e caracterização, o filme não consegue transcender o roteiro.

Diop tem um futuro muito promissor à frente, mas “Atlantique” ainda não explorou todo o seu potencial.

Avaliação: Regular (2 estrelas)

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