Cacau Protásio supera caso de racismo e protagoniza filme nacional
Atriz sofreu com racismo de bombeiros do Rio de Janeiro durante as gravações de Juntos e Enrolados, mas decidiu estrelar a comédia romântica
atualizado
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O filme Juntos e Enrolados estreou nos cinemas na última quinta-feira (13/1). O lançamento nacional tem uma grande história envolvendo Cacau Protásio, protagonista com o papel de Daiana. A atriz quase desistiu de participar da produção por conta de ataques racistas e gordofóbicos de Bombeiros do Rio de Janeiro, mas decidiu seguir em frente com as gravações.
Em entrevista ao Metrópoles sobre o lançamento do filme ela falou sobre o acontecimento.
“Foi muito difícil no decorrer do filme. Pensei em parar de fazer o filme após ouvir os áudios, mas decidi continuar por mim e por todas as mulheres, as negras e as gordas. Foi um trabalho desafiador por vários motivos, mas depois terminei muito bem por conta de todo carinho e apoio recebido do elenco”, conta.
O caso aconteceu em 2019, quando Cacau Protásio e quatro bailarinos compareceram ao Quartel-Central do Corpo de Bombeiros para filmar cenas do longa. Na ocasião, a atriz vestiu a farda da corporação para realizar uma coreografia. Em novembro do mesmo ano, foram divulgados áudios pelo colunista Leo Dias onde são proferidas ofensas direcionadas à atriz.
“Vergonhoso. Mete aquela gorda, preta, numa farda de bombeiro, uma bucha de canhão daquela, com um monte de bailarino viado, quebrando até o chão. Vão achar que é o que? Bombeiro? Aquilo é tudo viado. Lamentável”.
Cacau Protásio conta que quando criança tinha o sonho de ser bombeira e ficou muito feliz com o papel. Mas, com a repercussão negativa da interpretação de Daiana dentro da corporação, chegou a ter raiva do filme.
“Quando eu acabei o filme, tinha uma raiva surreal. Depois percebi que o filme não tinha culpa nem a personagem. Hoje vejo que foi muito maravilhoso e valeu muito a pena”, explica.
A situação com os Bombeiros marcou a trajetória dela no filme, mas foi ultrapassada. Agora, com o filme nas telas de cinema de todo o Brasil, a atriz fez questão de ressaltar a importância da representatividade negra e das pessoas gordas em cena, inspirada em nomes como Ruth de Souza e Dona Chica Xavier.
“A representatividade é muito importante. Na minha época, quando eu era pequena, eu tinha poucas pessoas para me inspirar. Quando criança, eu não via princesas negras, não via atrizes negras para perceber que era possível. Agora, tendo mais mulheres negras e também gordas, eu sei que tem muito mais crianças me vendo e sabendo que é possível. Fico feliz de ser esse pedacinho, de abrir portas e fortalecer essa criança que me vê”.
Também protagonista interpretando Júlio, Rafael Portugal foi uma das maiores forças para que a atriz continuasse com o papel. O ator, estrelando seu primeiro filme, exaltou bastante a perseverança e a dedicação da companheira.
“Essa foi uma passagem delicada do filme e se ela sentiu isso tudo é porque foi difícil mesmo. O grande segredo desse filme é que a gente se entregou muito. É uma coisa normal na vida da Cacau, se entregar, fazer com verdade e sentir. Ela foi muito forte e o filme está lindo. Ela está respondendo aos acontecimentos com a vida”, elogiou.
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