Bryan Cranston dá voz a cão de Ilha dos Cachorros, de Wes Anderson
Pela primeira ve\z um dublador pode ser indicado aos maiores prêmios da indústria hollywoodiana
atualizado
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Laureada com o Urso de Prata de Melhor Direção, em fevereiro, no Festival de Berlim, e coroado com uma bilheteria de US$ 62 milhões, Ilha dos Cachorros – novo exercício autoral do texano Wes Anderson – estreia no Brasil, no próximo dia 19 de julho, pleiteando uma vaga no Oscar.
E há quem diga, nos EUA, que, pela primeira vez, um dublador pode receber indicações para os maiores prêmios da indústria hollywoodiana por seu desempenho nesta produção animada: um dublador de popularidade tamanho GG no mundo todo, chamado Bryan Cranston. Aos 62 anos, o eterno Walter White, do seriado Breaking Bad, dubla o herói desta distopia que Wes ambienta num Japão futurista, inspirado nos épicos de Akira Kurosawa e nos desenhos de Hayao Miyazaki: o vira-lata Chief.
É muito bonito ver a fantasia voltar às telas neste momento de instabilidade política global. Ver essa fantasia representada por um mundo autoral, que reflete a poesia autoral de um cineasta, é ainda mais encantador Wes é um fabulador
Bryan Cranston
Apesar de esbanjar simpatia na forma de um sorriso onipresente, de orelha a orelha, capaz de aquecer suas reflexões mais desencantadas sobre os rumos dos EUA hoje, Cranston intimida: a persona de Walter White, talvez o mais popular anti-herói da teledramaturgia americana dos anos 2000/2010, ainda está ali com ele.
E isso se dá ao mesmo tempo em que novos papéis jogam o ator californiano de 62 anos a léguas de Breaking Bad. É o caso do cachorrinho Chief, para quem ele empresta seu rascante vozeirão em Isle of Dogs (título original). Em Berlim, a aparição pública do ator causava comoção. Gente usando camisetas com a imagem de White (de chapéu ou de máscara de gás) assediava ele por todo lado. “Carinho a gente respeita, porque é difícil construir um grande personagem, alguém que fique”, disse Cranston.
Na nova trama do realizador de O Grande Hotel Budapeste (2014), o menino Atari vai até um lixão a céu aberto resgatar seu cãozinho. Lá encontra a ajuda de Chief, uma criatura zangada com a vida, mas generosa com quem precisa. O filme vai ser tema de um painel no Anima Mundi, o maior festival de animação das Américas, no Rio de Janeiro de 21 a 29 de julho e, em São Paulo, de 1º a 5 de agosto. Em solo carioca, o evento vai receber um dos talentos do time de animadores de Wes, Matias Liebrecht, para uma palestra sobre o processo de criação. “É um filme de amor sobre um dos grandes assuntos do mundo contemporâneo: formação de famílias atípicas, fora dos padrões. Atari e os cachorros criam um arranjo familiar incomum”, definiu Cranston.