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“Big Jato”, de Cláudio Assis, é o grande vencedor do Festival de Brasília

Longa de Cláudio Assis ganhou cinco Candangos. “Quer jogar pedra em mim? Quando eu ganhar o Oscar, pode jogar pedra que eu aguento porque eu sou macho”, desabafou o diretor no palco do Cine Brasília

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1 de 1 _FL_3941 - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

Com cinco Candangos, “Big Jato” foi o grande vencedor do 48º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. De óculos escuros e visivelmente emocionado, o pernambucano Cláudio Assis (foto no alto) rebateu os protestos e vaias que sofreu do público durante a cerimônia. É a terceira vez que o cineasta recebe o troféu principal do evento — antes, ganhou por “Amarelo Manga” e “Baixio das Bestas”.

“Estou sendo apedrejado. Posso ser bêbado, doido, machista. Mas não sou mau caráter. Um beijo pra Anna Muylaert. Quer jogar pedra em mim? Quando eu ganhar o Oscar, pode jogar pedra que eu aguento porque eu sou macho”, desabafou o cineasta. “A vaia é muito importante. Mas a vaia também precisa ter inteligente”, completou.

“Para Minha Amada Morta”, longa de Aly Muritiba, foi a produção que mais recebeu troféus: foram seis, incluindo melhor direção para o baiano radicado em Curitiba.

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Cláudio Assis minutos antes da cerimônia, na praça de alimentação. Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

Cláudio Assis rebate as críticas
Atendendo os jornalistas após a premiação, o cineasta pernambucano repercutiu os frequentes protestos sofridos por ele durante esta edição do festival. “Estou muito emocionado. Nem queria vir para cá (a premiação). As vaias não vieram do público de Brasília. Foram só alguns gatos pingados”, declarou.

O realizador classificou as raivosas manifestações do público como atos fascistas. “Foi ridículo. Me doeu não conseguir dar a palavra para as crianças (do elenco) e não citar a atriz brasiliense Gabrielle Lopes, que conheci aqui em Brasília por meio de José Eduardo Belmonte”, continuou.

A Família Dionti é o favorito do público
O realizador carioca Alan Minas recebeu o Candango de melhor filme pelo júri popular. “Agradeço à equipe do filme. A falta de grana nos uniu”, disse o cineasta. A trama narra, em tom de fábula, o cotidiano de dois irmãos no interior de Minas Gerais.

Primeiro protesto contra Cláudio Assis
Minutos antes de ganhar o prêmio principal, o pernambucano subiu ao palco para receber o Candango de roteiro por “Big Jato”, coescrito por Ana Carolina Francisco e Hilton Lacerda. Um pouco alterado, ele repreendeu os presentes que o atrapalhavam durante a entrega. Bem como aconteceu na apresentação do filme no último sábado (21/9), o cineasta foi chamado de machista por parte dos presentes. “Calem a boca! A vaia tem que ser inteligente”, esbravejou.

Marcélia Cartaxo e Matheus Nachtergaele, os melhores atores
A intérprete venceu o Candango por sua atuação em “Big Jato”. “Quero agradecer à Paraíba, que eu amo. Morei sete anos aqui. Brasília, eu te amo”, celebrou a atriz. Matheus, habitué de Cláudio Assis em seus filmes, recebeu seu primeiro Candango. Ele viveu dois personagens na comédia “Big Jato”.

Deputada é vaiada na premiação da Mostra Brasília
A deputada Celina Leão subiu ao palco para entregar o prêmio de melhor filme da Mostra Brasília para “Santoro – O Homem e Sua Música”. O público vaiou a parlamentar durante todo o discurso. “O Outro Lado do Paraíso”, de André Ristum, dominou o Troféu Câmara Legislativa com sete troféus.

Protesto contra GDF e machismo
João Campos, ator brasiliense, venceu por melhor ator. Ele atuou no curta “Cidade Nova”, de Diego Hoefel, uma coprodução entre Brasília e Ceará.

Em seu discurso, fez um protesto contra as medidas tomadas pelo governador Rodrigo Rollemberg para abrandar a crise na capital. “Poupe Brasília e o Distrito Federal desse plano desastroso para conter as contas do governo. Quem tem que pagar por isso não é quem anda de ônibus e quem come em restaurante comunitário”, desabafou o ator.

Nathália Tereza, diretora de “A Outra Margem”, venceu o Candango de direção de curta-metragem. No palco, também fez discurso com viés político. “Dedico esse prêmio a todas as mulheres negras e às trans. Doeu ver tanto filme machista e fetichista nessa edição do festival”, disse.

Confira a lista completa:

Mostra competitiva

Longa-metragem

Melhor longa (Júri Oficial) – “Big Jato”

Melhor longa (Júri Popular) – “A Família Dionti”

Melhor direção – Aly Muritiba, por “Para Minha Amada Morta”

Melhor roteiro – “Big Jato”

Melhor atriz – Marcélia Cartaxo, por “Big Jato”

Melhor ator – Matheus Nachtergaele, por “Big Jato”

Melhor atriz coadjuvante – Giuly Biancato, por “Para Minha Amada Morta”

Melhor ator coadjuvante – Lourinelson Vladimir, por “Para Minha Amada Morta”

Melhor fotografia – “Para Minha Amada Morta”

Melhor direção de arte – “Para Minha Amada Morta”

Melhor montagem – “Para Minha Amada Morta”

Melhor som – “Fome”

Melhor trilha sonora – “Big Jato”

Prêmio especial do Júri para longa-metragem – Jean-Claude Bernardet, por “Fome”

Curta e média-metragem

Melhor curta ou média (Júri Oficial) – “Quintal”

Melhor curta ou média (Júri Popular) – “Afonso É uma Brazza”

Melhor direção – Nathália Tereza, por “A Outra Margem”

Melhor atriz – Maria José Novais, por “Quintal”

Melhor ator – João Campos, por “Cidade Nova”

Melhor roteiro – “Quintal”

Melhor fotografia – “À Parte do Inferno”

Melhor direção de arte – “Tarântula”

Melhor montagem – “Afonso É uma Brazza”

Melhor som – “Command Action”

Melhor trilha sonora – “Rapsódia para o Homem Negro”

Prêmio especial do Júri para curta ou média-metragem – “História de uma Pena”

Mostra Brasília – Troféu Câmara Legislativa

Melhor longa-metragem (Júri Oficial) – “Santoro – O Homem e Sua Música”

Melhor longa-metragem (Júri Popular) – “O Outro Lado do Paraíso”

Melhor curta-metragem (Júri Oficial) – “A Culpa É da Foto”

Melhor curta-metragem (Júri Popular) – “Ninguém Nasce no Paraíso”

Melhor direção – John Howard Szerman, por “Santoro – O Homem e Sua Música”

Melhor atriz – Simone Iliescu, por “O Outro Lado do Paraíso”

Melhor ator – Davi Galdeano, por “O Outro Lado do Paraíso”

Melhor roteiro – “O Outro Lado do Paraíso”

Melhor trilha sonora – “Santoro – O Homem e Sua Música”

Melhor captação de som direto – “O Outro Lado do Paraíso”

Melhor edição de som – “O Outro Lado do Paraíso”

Melhor direção de arte – “O Outro Lado do Paraíso”

Melhor montagem – “Alma Palavra Alma”

Melhor fotografia – “Escuro do Medo”

 

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