Beatles, George Michael e Springsteen: música dá fôlego a novos filmes
Yesterday, A Música da Minha Vida e Uma Segunda Chance para Amar, que estreia em novembro, se inspiram em sucessos para contar histórias
atualizado
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The Beatles, George Michael (e o famoso duo oitentista Wham!, com Andrew Ridgeley) e Bruce Springsteen. Encontrar canções dessas estrelas da música pop em trilhas sonoras de filmes não é assim tão difícil. Nada que um Google não resolva.
Mas, meses após a consagração de Bohemian Rhapsody, longa sobre Freddie Mercury e a banda Queen, no Oscar 2019 (quatro estatuetas), acordes e letras mundialmente populares têm inspirado o cinema de outras maneiras: quando o universo do artista influencia e guia a narrativa de histórias sobre pessoas comuns. Colecionando erros e acertos, ao menos é uma proposta que prefere distância do manjado formato de cinebiografia.
Três filmes recentes levam a ideia adiante. No longa Yesterday, em cartaz nos cinemas, o frustrado trovador solitário Jack Malik (Himesh Patel) sofre um acidente e acorda numa realidade paralela onde só ele se lembra dos Beatles.
Roteiro de hits
O jovem usa os hits do Fab Four para ficar famoso, mas também coleciona o ônus desse sucesso não merecido, como o desgaste da relação com Ellie Appleton (Lily James, de Cinderela e Em Ritmo de Fuga), melhor amiga e produtora. Ed Sheeran interpreta ele mesmo na história, impulsionando a carreira de Malik – não sem certa invejinha do aparente talento do colega.
Yesterday foi bem de bilheteria dentro dos parâmetros do cinema independente: US$ 144 milhões no mundo até o início de outubro. É a segunda maior arrecadação entre os filmes dirigidos por Danny Boyle (Trainspotting), só atrás do vencedor do Oscar Quem Quer Ser um Milionário? (2008).
O resultado final, porém, pode frustrar quem nutriu altas expectativas: condução preguiçosa de Boyle, boa sacada escanteada rapidamente e um roteiro que patina à beça, sobretudo pela caracterização questionável de Appleton.
Uma Segunda Chance Para Amar, que estreia em 28 de novembro no Brasil, tem título original inspirado em um dos hits do Wham!: Last Christmas. De olho nas festas de Natal, o filme é ambientado na data e acompanha as decepções e decisões equivocadas da londrina Kate (Emilia Clarke, de Game of Thrones).
Levando um cotidiano modorrento, ela trabalha como duende de Papai Noel numa loja de departamentos. Lá, conhece Tom (Henry Golding, de Podres de Ricos) e vê a vida tomar novo rumo.
Com direção de Paul Feig, de comédias elogiadas como Missão Madrinha de Casamento (2011), e roteiro coescrito pela atriz Emma Thompson, o filme promete mergulhar no universo musical do Wham! e ainda trazer faixas inéditas de Michael, morto em 2016.
Também pegando emprestado título de sucesso do homenageado, Blinded by the Light, de Bruce Springsteen, A Música da Minha Vida é o único dos três com um pezinho no mundo real. Baseado no livro de memórias do jornalista Sarfraz Manzoor, fanático pelo Boss, a trama acompanha a difícil adolescência de Javed Khan (Viveik Kalra) no fim dos anos 1980, em Luton (Inglaterra). Tempos de recessão econômica, thatcherismo, empregos escassos e xenofobia.
Filho de rígidos imigrantes paquistaneses, Khan encontra refúgio nas músicas pessoais e universais de Springsteen, seguindo dica do amigo Roops (Aaron Phagura), também de ascendência oriental. Manzoor participou do roteiro e viu sua obra ser dirigida pela cineasta queniana de origem indiana radicada na Inglaterra Gurinder Chadha, conhecida por Driblando o Destino (2002).
Lançado lá fora logo depois de Yesterday, A Música da Minha Vida tem bilheteria global de apenas US$ 17 milhões até este início de outubro. Sem depender tanto de truque de roteiro como o filme “rival”, mas um tanto ingênuo na realização, tem bastante potencial comunicativo com os fãs do Boss. Saiu há pouco dos cinemas e deve chegar em breve a plataformas de streaming.