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Avós esquisitos atormentam os netos em “A Visita”

Uma das estreias desta quinta (26/11), novo filme de Shyamalan narra a aterrorizante semana vivida por um garoto e uma adolescente na casa de parentes desconhecidos

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Universal Pictures/Divulgação
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1 de 1 Universal Pictures/Divulgação - Foto: Universal Pictures/Divulgação

Talvez o cineasta mais incompreendido de Hollywood – pelo público e sobretudo pela crítica –, M. Night Shyamalan teve que se reinventar para continuar filmando. Em “A Visita”, ele se afasta das grandes estrelas – como o Will Smith à procura do próprio filho em “Depois da Terra” (2013). E recusa o caminho tortuoso das adaptações – “O Último Mestre do Ar” (2010), baseado na série animada homônima, é o elo fraco de uma carreira marcada pela originalidade.

Com um orçamento curto, de apenas US$ 5 milhões, o diretor de “O Sexto Sentido” (1999) e “A Vila” (2004) retorna ao gênero que o consagrou – o terror – sete anos após o tão amaldiçoado “Fim dos Tempos” (2008). Shyamalan é um mestre em filmar situações horripilantes e violentas sem soar explícito – não à toa, seus filmes, com exceção feita a “Fim dos Tempos”, podem ser vistos por adolescentes de 14 anos.

Aqui, ele adere à onda found footage (das gravações encontradas) ao se associar à Blumhouse, uma produtora especializada em filmes baratos e de estética pseudo-documental, como o recente “Amizade Desfeita” e a franquia “Atividade Paranormal”. A filiação a elementos clássicos do gênero encontra relevo na história de uma mãe solteira sem nome (Kathryn Hahn) que envia os filhos Becca (Olivia DeJonge) e Tyler (Ed Oxenbould) para passar uma semana na casa dos avós que nunca puderam conhecer. A relação entre a mãe e os pais é desgastada: ela saiu de casa entre palavrões e brigas. Não conversa nem os vê há anos.

Um terror cheio de humanismo
Shyamalan obviamente não tem interesse em rodar um found footage mambembe, desses cheios de sustos gratuitos e truques digitais. Ele transfere o ponto de vista para as mãos de Becca, uma cineasta adolescente um tanto afetada, e em alguns momentos para Tyler, um pretenso rapper mirim que recebe uma câmera da irmã para ajudar nas filmagens.

Becca quer usar a viagem para provocar uma catarse familiar. Ou para tentar reunir todo mundo em torno do filme que pretende produzir durante a estadia: entender o cotidiano dos avós (Deanna Dunagan e Peter McRobbie), que também não recebem nome na trama, entrevistá-los e, por fim, exorcizar demônios do passado. Os tais fantasmas, porém, parecem habitar a própria casa. A vó anda nua pelos corredores durante a madrugada, arranhando paredes e emitindo grunhidos. O vô tem mania de perseguição e faz misteriosas caminhadas lá fora.

Um mestre no poder da sugestão, Shyamalan estabelece uma atmosfera de horror sem respingos de sangue ou sustos motivados pela trilha sonora. Enquanto insinua ameaça por meio de planos simples – como Becca a limpar o enorme forno da avó –, o cineasta é capaz de depurar a narrativa com passagens cômicas e dramáticas. Afinal, o longa em questão também é “dirigido” por uma adolescente.

Além de ser um horror mui bem filmado para os padrões do found footage atual, “A Visita” é mais um filme em que Shyamalan ousa investigar a estranheza diante do outro.

Avaliação: Ótimo

Veja horários e salas de “A Visita”.

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