Ator mirim em filme de Gentili critica censura: “Cagação de regra”
Como se Tornar o Pior Aluno da Escola teve sua classificação etária alterada para 18 anos após manifestação de bolsonaristas
atualizado
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Desde que o longa-metragem Como Se Tornar o Pior Aluno da Escola entrou para o catálogo da Netflix, no último fim de semana, representantes do governo Bolsonaro vêm acusando a obra de fazer apologia à pedofilia. O Ministério da Justiça e Segurança Pública chegou a determinar a suspensão da exibição da comédia, criada pelo humorista Danilo Gentili, de todas as plataformas de streaming presentes no país — medida, segundo juristas, de censura e inconstitucional.
Protagonistas da produção polêmica, os atores Brunho Munhoz, hoje com 17 anos, e Daniel Pimentel, 22, não imaginavam os desdobramentos do trabalho lançado em 2017. Após a repercussão negativa, os jovens se viram na posição de precisar explicar o “básico”, sempre que questionados sobre o assunto: “Tudo faz parte de uma obra de ficção”.
“Nos tempos de hoje, com essa cultura do ódio e do cancelamento, alguém joga um vídeo curto que não mostra a cena inteira, e isso já é visto como apologia à pedofilia. Sendo que, em momento algum, a gente faz isso. Muito pelo contrário” ressalta Daniel Pimentel, em entrevista ao O Globo.
Daniel ressalta que muitos críticos confessam só terem assistido ao filme por causa da polêmica e gostaram. “A quem discorda, eu pergunto: ‘você viu a cena inteira, então por que é pedofilia?’ A maior parte dessas pessoas recua”, afirma o ator.
“A gravação da cena aconteceu naturalmente. Pegamos o roteiro antes e vimos que havia o politicamente incorreto, coisa que lido muito bem. Essa cagação de regra não era desse jeito antigamente. Nos anos 70 e 80, o burburinho não era uma coisa tão grande assim. Foi uma cena normal. Uma cena tranquila! Sem nenhum incômodo, sem nenhuma tensão. Faço arte, sou ator e estudo para me sentir à vontade. O que há ali é só um diálogo fictício”, conclui o ator.