“Arábia” é o grande vencedor do 50º Festival de Brasília
Longa mineiro dirigido por Affonso Uchôa e João Dumans venceu cinco Candangos. O curta paranaense “Tentei” ganhou o troféu de melhor curta
atualizado
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“Arábia”, filme mineiro de Affonso Uchôa e João Dumans, é o grande vencedor do 50º Festival de Brasília. Road movie sobre um trabalhador braçal que roda o interior de Minas Gerais durante anos, o longa saiu da cerimônia de encerramento deste domingo (24/9) com os prêmios Candango de melhor filme, montagem, ator (Aristides de Sousa), trilha sonora e crítica (Abraccine). A produção paranaense “Tentei”, de Laís Melo, foi a vencedora entre os curtas.
“Foi legal descobrir o poder da alteridade, de descobrir o lugar do outro. Vivemos um momento de angústia e medo”, disse Uchôa, também conhecido pelo longa “A Vizinhança do Tigre” (2014). Dumans, codiretor, é roteirista de “A Cidade Onde Envelheço”, longa mineiro que se consagrou no festival ano passado. Como aconteceu em 2016, boa parte dos vencedores não compareceu à cerimônia para receber os troféus.
O curta “Tentei”, de Laís Melo, aborda uma mulher da periferia de Curitiba que tenta denunciar o marido por agressões e abusos. Também foi eleito nas categorias de melhor atriz (Patricia Saravy) e fotografia. Um dos favoritos para ganhar, “Era uma Vez Brasília” ficou com os Candangos de melhor direção (Adirley Queirós), fotografia e som.
Bom humor na crise
Marcus Curvelo, do curta “Mamata”, carregou o clima bem-humorado do curta para o palco. A produção baiana venceu Candangos de melhor ator (Curvelo), montagem e melhor filme pelo júri da crítica. Primeiro, o cineasta disse no palco que chegou a Brasília com R$ 9 no bolso. E contou ter vendido o ingresso da festa Contraplano, tradição do festival, por R$ 50 para tomar uma cachaça.
Depois, quando foi chamado para receber o troféu de melhor ator, Curvelo pediu desculpas à organização da festa Contraplano. Mas todo mundo entendeu o recado do cineasta: tentar fazer piada e dar risada mesmo em graves momentos de crise política e econômica.
Lei do Audiovisual
Sara Silveira, produtora do filme “Vazante”, subiu ao palco para receber o Candango de melhor direção de arte. Ela aproveitou para chamar atenção do público para a votação da Lei do Audiovisual, marcada para a próxima terça (26/9).
“Vamos berrar aqui no Cine Brasília para que eles escutem lá na Esplanada. Votem na nossa lei e nos deixem trabalhar”, disse a produtora.
Mostra Brasília
O grande vencedor do Troféu Câmara Legislativa, dedicado aos filmes de Brasília, foi o longa “O Fantástico Patinho Feio”, de Denilson Félix. Entre os curtas, teve prêmio dividido entre “Tekoha – Som da Terra”, de Rodrigo Arajeju e Valdelice Veron, e “UrSortudo”, de Januário Jr.
“Que os nossos pesadelos não atrapalhem nossos sonhos”, disse Januário, que mora no Paranoá e veio do interior do Rio Grande do Norte para a capital . “Não faz sentido levantar troféu em tapete vermelho enquanto tiver Guarani-Kaiowá tombando no Mato Grosso do Sul”, disse Arajeju.
“Eu quero dividir o prêmio de melhor direção com um grande diretor, Dedé Rodrigues”, disse Dácia, que recebeu o Troféu Câmara pelo curta “Carneiro de Ouro”. O filme segue o cineasta autodidata Dedé Rodrigues, que faz seus próprios filmes em Picos, interior do Piauí. “Sem vocês aqui não tinha prêmio, não tinha nada”, comemorou Dedé.
“Eu nunca assisti a um festival com tamanha vibração, sobretudo na Mostra Brasília. Todas as tribos, todos os cineastas de Brasília ali reunidos, foi como uma revelação para nós. Absolutamente gratificante”, disse o veterano Vladimir Carvalho, que esteve no júri do segmento local.
Homenagem a Manfredo Caldas, Marcio Curi e Geraldo Moraes
Os filhos dos cineastas de Brasília falecidos recentemente receberam as homenagens feitas aos seus pais. Bruno Torres recebeu a homenagem a Geraldo Moraes, Caetano Curi recebeu o prêmio por Márcio Curi e uma representante da família de Manfredo Caldas recebeu as homenagens feitas pela Associação Brasiliense de Cinema e Vídeo (ABCV).
O filme escolhido pelo Canal Brasil foi a ficção científica “Chico”, uma distopia futurística que se passa em uma das favelas do Rio de Janeiro. “Imensamente importante o prêmio. O contato que sempre houve quando a gente olha pra si, quando a gente olha para o mundo. A favela brilha, a favela brilha para o mundo”, disse um dos irmãos Carvalho.
Veja a lista completa dos vencedores do 50º Festival de Brasília:
MOSTRA COMPETITIVA – TROFÉU CANDANGO
Melhor Filme
“Arábia”, de Affonso Uchôa e João Dumans
Melhor Filme pelo Júri Popular
“Café com Canela”, de Ary Rosa e Glenda Nicácio
Melhor Direção
Adirley Queirós (“Era uma Vez Brasília”)
Melhor Ator
Aristides de Sousa (“Arábia”)
Melhor Atriz
Valdinéia Soriano (“Café com Canela”)
Melhor Ator Coadjuvante
Alexandre Sena (“O Nó do Diabo”)
Melhor Atriz Coadjuvante
Jai Baptista (“Vazante”)
Melhor Roteiro
“Café com Canela” (Ary Rosa)
Melhor Fotografia
“Era uma Vez Brasília” (Joana Pimenta)
Melhor Direção de Arte
“Vazante” (Valdy Lopes JN)
Melhor Trilha Sonora
“Arábia” (Francisco César e Christopher Mack)
Melhor Som
“Era uma Vez Brasília” (Guile Martins, Daniel Turini e Fernando Henna)
Melhor Montagem
“Arábia” (Luiz Pretti e Rodrigo Lima)
Prêmio Especial do Júri
“Música para Quando as Luzes se Apagam”, para a “atriz social” Emelyn Fischer
-> Curta-metragem
Melhor Filme
“Tentei”, de Laís Melo
Melhor Filme pelo Júri Popular
“Carneiro de Ouro”, de Dácia Ibiapina
Melhor Direção
Irmãos Carvalho (“Chico”)
Melhor Ator
Marcus Curvelo (“Mamata”)
Melhor Atriz
Patricia Saravy (“Tentei”)
Melhor Roteiro
“Peripatético” (Ananda Radhika)
Melhor Fotografia
“Tentei” (Renata Corrêa)
Melhor Direção de Arte
“Torre” (Rafael Coutinho e Pedro Franz)
Melhor Trilha Sonora
“Nada” (Marlon Trindade)
Melhor Som
“Chico” (Gustavo Andrade)
Melhor Montagem
“Mamata” (Amanda Devulsky e Marcus Curvelo)
Prêmio Especial do Júri
“Peripatético”, de Jéssica Queiroz
MOSTRA BRASÍLIA – TROFÉU CÂMARA LEGISLATIVA
Melhor Filme
“O Fantástico Patinho Feio”, de Denilson Félix
Melhor Filme pelo Júri Popular
“Menina de Barro”, de Vinicius Machado
Melhor Curta-metragem
“Tekoha – Som da Terra”, de Rodrigo Arajeju e Valdelice Veron, e “UrSortudo”, de Januário Jr.
Melhor Curta pelo Júri Popular
“O Menino Leão e a Menina Coruja”, de Renan Montenegro
Melhor Direção
Dácia Ibiapina, de “Carneiro de Ouro”
Melhor Ator
Elder de Paula (“UrSortudo”)
Melhor Atriz
Rafaela Machado (“A Menina de Barro”)
Melhor Roteiro
“UrSortudo” (Januário Jr.)
Melhor Fotografia
“A Margem do Universo” (Gustavo Serrate)
Melhor Montagem
“Afronte” (Lucas Araque)
Melhor Direção de Arte
“O Menino Leão e a Menina Coruja” (Bianca Novais, Flora Egécia e Pato Sardá)
Melhor Edição de Som
“Tekoha” (Maurício Fonteles)
Melhor Trilha Sonora
“O Vídeo de 6 Faces” (Ramiro Galas)
PRÊMIO FestUniBrasília
Melhor Filme – Júri Oficial
“O Arco do Medo”, de Juan Rodrigues
Melhor filme – Júri Popular
“O Homem que Não Cabia em Brasília”, de Gustavo Menezes
Melhor Direção
Camila Gregório, de “Fervendo”
OUTROS PRÊMIOS
Prêmio ABCV – Associação Brasiliense de Cinema e Vídeo
Homenagem ao cineasta Geraldo Moraes
Prêmio Canal Brasil – Melhor curta
“Chico”, dos Irmãos Carvalho
Prêmio Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema) – Melhor Longa-metragem
“Arábia”, de Affonso Uchôa e João Dumans
Prêmio Abraccine – Melhor Curta-metragem
“Mamata”, de Marcus Curvelo
Prêmio Saruê (Concedido pela equipe de Cultura do Correio Braziliense para o melhor momento do Festival)
“Afronte”, de Bruno Victor e Marcus Azevedo
Marco Antônio Guimarães – Conferido pelo Centro de Pesquisadores do Cinema Brasileiro para o filme que melhor utilizar material de pesquisa cinematográfica brasileira
“Construindo Pontes”, de Heloísa Passos