Aos 61 anos, Aline Marta conhece sucesso como revelação do cinema
Aline Marta conquistou, por duas vezes consecutivas, o Redentor de Melhor Atriz Coadjuvante; em 2022, por Carvão, e, em 2023, por Pedágio
atualizado
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Aos 61 anos, a atriz Aline Marta Maia tem arrebatado plateias mundo a fora nas salas de cinema. O reconhecimento tardio chegou em 2022, quando recebeu o Redentor de Melhor Atriz Coadjuvante por Carvão, de Carolina Markowicz. A parceria bem-sucedida com a diretora se repetiu em 2023, e a artista foi novamente premiada no Festival do Rio, desta vez, por sua entrega em Pedágio.
Em Brasília até o dia 11 de dezembro, onde participa das filmagens do longa-metragem Sangue do Meu Sangue, a atriz conversou com o Metrópoles e lembrou o início da carreira no teatro amador de Maceió, em Alagoas. “Eu comecei minha vida artística com 14 anos, na década de 1970. Eu sou uma atriz primordialmente de teatro. Na época, Maceió não tinha um movimento de cinema de ficção, o que havia lá eram produções de documentários e curtas-metragens, então não existia essa possibilidade”, conta.
Aline gravou seu primeiro filme nos anos 1980, o Tana’s Take, um curta em 35 mm de Almir Guilhermino e com elenco formado, ainda, pela saudosa Regina Dourado. A obra chegou a ser selecionada e exibida no 20º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, de 1987. A partir daí, a carreira nos estúdios deu uma pausa, e a atriz passou a conciliar o tablado com o trabalho como redatora publicitaria, profissão que “pagava as contas”.
Só após um hiato de mais de 30 anos foi que Aline Marta voltou a rodar um filme. O convite surgiu de um reencontro com o amigo e diretor René Guerra, que estava prestes a produzir o seu primeiro longa: Serial Kelly, lançado em 2022, com elenco encabeçado pela cantora Gaby Amarantos. “Uma das premissas dele era utilizar os atores de Alagoas. Ele queria ambientar o filme aqui, e usar a galera que já conhecia, porque ele também veio do teatro. E eu tive a sorte de pegar uma personagem muito legal, a dona do Cabaré, a Faísca”. A oportunidade abriu portas e, de boca em boca, a atriz passou a receber um convite atrás do outro.
Após furar a bolha, Aline Marta virou figura requisitada entre os cineastas e integrou o elenco de produções que acabaram sendo lançadas antes mesmo de Serial Kelly, como Casa de Antiguidades (2020), de João Paulo Miranda e com Antônio Pitanga, e Curral (2021), de Marcelo Brennad.
Parceria com Carolina Markowicz
Conhecer a cineasta Carolina Markowicz foi outro marco na trajetória da intérprete. O primeiro contato das duas foi para o filme Pedágio, com Maeve Jinkings como protagonista. O projeto precisou ficar adormecido por conta da segunda leva da Covid e enquanto a diretora captava os recursos necessários para a execução. “Foi um balde de água fria, mas alguns meses depois, minha agência me diz que ela estava me chamando para Carvão. O filme ganhou um edital e a Carol usou praticamente as mesmas atrizes, que já estavam azeitadinhas”, explica.
Carvão acabou indo para o circuito comercial primeiro que Pedágio, em 2022. Nele, Aline Marta interpretou sua primeira vilã. “Ela não tinha problemas em ser má, para ela era só um negócio, só que envolvia vidas”, se diverte. Com os dois filmes de Markowicz, Aline Marta ganhou os dois primeiros prêmios de cinema da sua história.
“Eu tenho o privilégio de, aos 61 anos, poder ainda viver várias ‘primeiras vezes’. Eu não esperava ganhar esses prêmios, porque o ator não faz nada pensando no troféu, a gente faz o melhor possível para ser demonstrado ali. E foram dois trabalhos, em sequência, onde eu me diverti horrores. Então, talvez, seja essa diversão, a coisa do play, do atuar… que gostaram”, comemora Aline Marta.
Mesmo com o presente tão auspicioso, a atriz prefere não fazer grandes planos para o futuro. “Eu deixo o cosmo me surpreender, não vou traçar linhas. Quando a gente chega em uma certa idade, o que vier é lucro. É saber entender o que está acontecendo e aproveitar os toques que a vida nos dá. No mais, pretendo não fazer mal a ninguém, fazer o meu melhor possível e trabalhar bem em grupo”, considera. “Estou na minha melhor fase, fazendo o que gosto e ganhando dinheiro para isso”, conclui.