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Antena da Raça: documentário brasileiro sobre Glauber Rocha chega a Cannes

No filme, Paloma Rocha e Luís Abramo exploram ideias politicas exibidas pelo cineasta no programa Abertura

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Glauber Rocha
1 de 1 Glauber Rocha - Foto: Divulgação

Figura icônica do cinema brasileiro – talvez o mais destacado diretor do país –, Glauber Rocha representou um movimento de efervescência cultural e política no Brasil. Conhecido pela sua grande capacidade criativa, retratada em filmes como Terra em Transe e Deus e o Diabo na Terra do Sol, o realizador teve uma passagem marcante na TV, no programa Abertura. Esse período é alvo do documentário Antena da Raça, selecionado para a Mostra Cannes Classics de filmes e documentários clássicos em 2020.

Antena da Raça é de autoria de Paloma Rocha, filha do cineasta, e Luís Abramo. A produção participa da 17ª edição da seção, que, por conta da pandemia, será realizada no Festival Lumière em Lyon, cidade de França, entre os dias 10 e 18 de outubro.

O documentário aborda a passagem de Glauber Rocha pelo programa Abertura – exibido por pouco mais de um ano entre 1979 e 1980, quando foi extinta a TV Tupi. Na atração, o cineasta falava sobre a política, meio ao regime militar, iniciando por meio da televisão uma verdadeira luta política nas ruas, o mais próxima possível do povo. O ícone do Cinema Novo ousou na linguagem audiovisual, propondo transgressões estéticas e assuntos polêmicos para aquele Brasil.

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O documentário foi selecionado para o Festival de Cannes de produções clássicas
<b>Terra em Transe (1967)</b>. Numa febril crônica do Brasil pós-golpe de 1964 assinada por Glauber Rocha, políticos conservadores e populistas disputam o poder em meio ao delírio das elites e ao processo de alienação das massas. Prêmio da crítica no Festival de Cannes
Paloma Rocha
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Os pensamentos políticos e atos de Glauber Rocha serão retratados no documentário Antena da Raça

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O documentário foi selecionado para o Festival de Cannes de produções clássicas

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Terra em Transe (1967). Numa febril crônica do Brasil pós-golpe de 1964 assinada por Glauber Rocha, políticos conservadores e populistas disputam o poder em meio ao delírio das elites e ao processo de alienação das massas. Prêmio da crítica no Festival de Cannes

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“Não é um documentário sobre Glauber ou um tributo a ele, até porque a relação com meu pai desmistificou essa coisa de tributo, de ele ser gênio. Aliás, a genialidade dele era justamente saber se aproximar e falar às pessoas de forma simples e direta. Nesse sentido, quisemos resgatar essa efervescência cultural e o desejo de liberdade do final dos anos 1970 para hoje”, explica Paloma Rocha, em entrevista ao Metrópoles.

A realizadora aponta que a visão de seu pai tem conexões com a atualidade. “A própria obra do Glauber permite isso, pois, nela, o passado transita pelo presente como se todos estivessem no mesmo plano. Utilizamos os personagens das obras dele como um contraplano ao Brasil de hoje”, avalia Paloma Rocha.

A chegada de Antena da Raça ao festival de Cannes, um dos eventos mais prestigiados da área, soou como um reconhecimento para Paloma e para seu parceiro na produção, Luis Abramo. “Estou feliz demais. A gente tem várias mensagens simbólicas, principalmente neste momento que o Brasil está passando, além de ser uma a preservação do cinema brasileiro”, ressalta.

“Foi muito importante a gente ter furado esse tsunami que o Brasil virou com a cultura. O país está afogado em um tsunami na área política, cultural e agora com essa questão da pandemia. Sair no Festival de Cannes é uma possibilidade de respirar e navegar em outros mares”

Paloma Rocha

Outro realizador do filme, Luís Abramo também enfatizou o resgate histórico promovido por Antena da Raça. “O filme traz reflexões do Glauber sobre o pensamento dele, que ainda é muito atual. No filme, a gente buscou trazer personagens de rua, além de depoimentos de pessoas que conviveram com ele. O documentário fala sobre pensamentos políticos e a gente tentou confrontar isso com o Brasil de hoje”, explica o cineasta ao Metrópoles.

Luís Abramo
Luís Abramo
O Festival

A edição 2020 do Cannes Classics selecionou 25 filmes e sete documentários, sendo Antena da Raça o único brasileiro. Esta edição do Festival de Cannes foi cancelada por conta da pandemia do coronavírus e, por isso, a mostra será realizado pelo Festival Lumière em Lyon, de 10 a 18 de outubro, e pelas Reuniões Cinematográficas de Cannes, de 23 a 26 de novembro.

Além do trabalho de Paloma Rocha e Luis Abramos, o Cannes Classics 2020 contará com longas e documentários sobre o primeiro grande papel de Tilda Swinton em um filme de ficção, o encontro de Muhammad Ali e William Klein, a primeira ficção em cores do cinema chinês e muito mais.

O Cannes Classics foi criado em 2000 com intenção de exibir o trabalho de aprimoramento do patrimônio realizado por empresas produtoras, cessionários, cinematecas ou arquivos nacionais em todo o mundo. A mostra apresenta as obras-primas e raridades do cinema em cópias restauradas e imagens de alta qualidade.

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