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Anna Muylaert fala sobre “Mãe Só Há Uma” e inspiração no caso Pedrinho

Diretora de “Que Horas Ela Volta?”, paulistana conversa sobre a estética naturalista do novo filme e detalha como abordou a transgeneridade no longa

atualizado

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Gleeson Paulino/Divulgação
Anna Muylaert, diretora de “Que Horas Ela Volta?” e “Mãe Só Há Uma”
1 de 1 Anna Muylaert, diretora de “Que Horas Ela Volta?” e “Mãe Só Há Uma” - Foto: Gleeson Paulino/Divulgação

Durante a finalização de “Que Horas Ela Volta?”, filme brasileiro mais comentado de 2015, Anna Muylaert começou a rodar seu novo longa. A diretora paulistana decidiu levar para “Mãe Só Há Uma” três inspirações: a adolescência, um dos temas de “Que Horas”, a transgeneridade e o caso Pedrinho, que chocou o país ao revelar, em 2002, o sequestro de um bebê ocorrido em 1986, na maternidade Santa Lúcia. O trabalho estreia nos cinemas nesta quinta (21/7).

Na entrevista ao Metrópoles, a cineasta de 52 anos diz que se baseou livremente na história para tratar de outros temas. O principal deles é a formação de identidade do adolescente Pierre, vivido por Naomi Nero, ator estreante e sobrinho do astro Alexandre Nero.

Aos 16 anos, ele descobre que foi sequestrado quando bebê pela mãe de criação, interpretada por Dani Nefussi. De repente, o garoto se vê na casa dos pais biológicos (Matheus Nachtergaele e novamente Dani, no papel das duas figuras maternas). A autodescoberta sentimental e sexual acompanha a assimilação de um trauma que levará tempo para ser estancado.

Vencedora do Festival de Brasília de 2009 com “É Proibido Fumar”, Anna fala sobre inspirações, o projeto que pretende tocar num futuro próximo e o recente convite para participar da academia de votantes do Oscar:

Por que utilizar o caso Pedrinho como base para a trama?
Foi uma história que impressionou todo mundo. Me baseei livremente para falar de formação de identidade de um adolescente. É um caso extremado, mas de maneira geral todo mundo troca de pais na adolescência. Não de maneira literal: há mais crítica e mais controle a partir do momento em que os filhos mostram coisas que os pais não esperavam.

Vitrine Filmes/Divulgação
O adolescente Pierre (Naomi Nero) descobre que foi sequestrado pela mãe de criação

 

Você rodou “Mãe Só Há Uma” enquanto finalizava “Que Horas Ela Volta?” (2015). O filme parece ter uma estética mais intuitiva e intimista, com câmera na mão. Como planejou visualmente a história?
O filme nasceu dessa vontade. Comecei a ver filmes brasileiros mais soltos, como o mineiro “O Céu Sobre os Ombros” (vencedor do Festival de Brasília 2010). Queria fazer um trabalho assim, com equipe menor, mais jovem, menos dinheiro, para arriscar mais. A partir daí, escolhi essa história, que também é sobre adolescência. Representa essa vontade minha de sair da zona de conforto.

Um assunto que o filme traz à tona é a transgeneridade: o personagem vai se conhecendo aos poucos. Você tentou trabalhar isso de uma maneira natural para levar o tema ao público?
Na verdade, não saía de casa há muito tempo. Tive filhos e fiquei muito tempo dedicada a outras coisas, à família. Quando voltei a sair, em 2014, encontrei um cenário muito diferente do que eu vivi antes. Hoje, as pessoas estão mais soltas, libertas de rótulos, sem se preocupar em qual caixinha encaixar suas experiências. Queria trazer essa liberdade para o filme.

Vitrine Filmes/Divulgação
Nachtergaele e Dani Nefussi: pais biológicos vivem conflito geracional com o filho

 

No filme, a identidade do personagem nem sempre é entendida por quem está ao redor dele – sobretudo os pais biológicos. Ao mesmo tempo, Pierre é afetuoso com amigos e “ficantes”. Como foi equilibrar esses dois sentimentos no filme?
Na verdade, quando ele chega na segunda família, não conhece ninguém. Eles têm uma expectativa enorme. Como diz um assistente social, a mulher rezou cinco mil dias para que ele voltasse. Para ela, ele, é um milagre. Para ele, ela não é nada. É difícil se sentir ali, é tudo muito confuso. Um personagem que implode o tempo inteiro, mas só explode no final.

Depois de praticamente emendar dois filmes, o que planeja a seguir?
Preciso muito tirar férias. Estou muito cansada, não tenho tempo para mim há mais de um ano. Depois, quero fazer um filme sobre machismo. Mas é uma ideia ainda em desenvolvimento, sem título.

Agora você também é membro da academia de votantes do Oscar: a primeira diretora brasileira a integrar o grupo que elege os premiados pela Academia. Qual o lado positivo disso? 
Acho que, antes de tudo, é um folclore, né? Mas achei ótima, contemporânea, moderna a iniciativa de chamar tantas mulheres, tantos negros, tantos estrangeiros. E, claro, fiquei feliz de estar fazendo parte disso.

 

Nesta sexta (22/7), haverá uma sessão de “Mãe Só Há Uma” seguida de debate com a cineasta Anna Muylaert no Espaço Itaú de Cinema, a partir das 20h. 

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