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Almodóvar explora morte com beleza e sensibilidade em O Quarto ao Lado

Em O Quarto ao Lado, personagem Tilda Swinton decide comprar uma pílula para tirar a própria vida em meio a um câncer agressivo

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Cena de O Quarto ao lado de Almodóvar
1 de 1 Cena de O Quarto ao lado de Almodóvar - Foto: Divulgação

Em O Quarto ao Lado, Pedro Almodóvar faz sua estreia em inglês com uma abordagem intimista e provocadora sobre a morte e as complexidades das relações humanas. Almodóvar adapta o romance O Que Você Está Enfrentando, de Sigrid Nunez, mantendo a essência de seu estilo inconfundível, mesmo ao explorar novas paisagens e idiomas. Aqui, o cineata espanhol abraça a universalidade do tema sem perder o toque pessoal que o consagrou no cinema internacional.

O filme parte do reencontro de Martha (Tilda Swinton), uma jornalista de guerra em estágio terminal de câncer, e Ingrid (Julianne Moore), uma escritora que transforma suas experiências em ficção. Amigas no passado, elas se aproximam novamente quando Ingrid fica sabendo da doença da amiga de longa data e decide ir ao hospital.

As duas resgatam um vínculo forte o bastante para que Martha compartilhe a relação difícil que mantém com a própria filha e faça um pedido inusitado e difícil à amiga: ela deseja que Ingrid esteja no quarto ao lado do seu no momento em que tomará uma pílula para encerrar seu sofrimento.

Como de costume, Almodóvar transforma esse enredo potencialmente sombrio em uma reflexão leve, mas profundamente comovente, sobre escolhas de vida e morte. A partir dessa premissa, ele examina as fronteiras entre amizade, perdão e a aceitação do fim, sem melodramas excessivos, mas com o mesmo tom agridoce que permeia sua filmografia.

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Ela contracena com Julianne Moore (Ingrid)
Pedro Almodóvar
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Tilda Swinton como Martha em O Quarto ao Lado

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Ela contracena com Julianne Moore (Ingrid)

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Pedro Almodóvar

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Visualmente, O Quarto ao Lado é puro Almodóvar. As cores saturadas contrastam com o tema da mortalidade e trazem uma vibrante tensão entre vida e morte. Nova York, onde o filme se passa, é retratada sob a ótica de um estrangeiro que captura tanto os clichês das comédias românticas quanto a solidão da cidade. Ainda assim, a ambientação nunca é protagonista; as emoções humanas são o verdadeiro foco, emolduradas por diálogos intensos e carregados de significados.

Swinton e Moore oferecem performances poderosas, com destaque para a intérprete de Martga, que domina a tela com suas personagens — a segunda é uma excelente surpresa apresentada nos minutos finais. A química entre as duas atrizes eleva a narrativa, que, embora lenta, encontra sua força nos momentos de silêncio e vulnerabilidade. Almodóvar continua a demonstrar sua habilidade em dirigir personagens femininas complexas e, em O Quarto Ao Lado, ele encontra novas nuances para explorar.

A abordagem da eutanásia ou suicídio assistidoassunto em alta no Brasil, em meio a decisão do poeta e filósofo Antônio Cícero de se submeter ao procedimento de morte assistida — é singela, mas feita com sensibilidade, colocando em discussão a liberdade individual sobre o próprio corpo e o confronto inevitável com a morte.

No fim, O Quarto ao Lado é uma obra madura de Almodóvar, que equilibra suas marcas registradas com novos desafios para o cineasta.  É um filme que celebra a generosidade e a vulnerabilidade nos vínculos humanos, especialmente na face da morte. Uma ovação de 18 minutos merecida em Veneza.

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