Abertura do Festival de Brasília é marcada por homenagens e protestos
Personalidades do cinema brasileiro, como a atriz Ittala Nandi, receberam prêmios honorários
atualizado
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A abertura do 51° Festival de Brasília rendeu homenagens a grandes personalidades do cinema brasileiro. A cerimônia, nesta sexta (14/9), também foi marcada por protestos discretos do público e longos discursos no palco.
Em certo momento da cerimônia, parte da plateia gritou “Lula livre”. O ator Chico Diaz, responsável pela condução da noite ao lado de Letícia Sabatella, também instigou o público no breve protesto.
Ao agradecer a liberdade para trabalhar dada pelo governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, o secretário de Cultura, Guilherme Reis, foi vaiado por uns e aplaudido por outros da plateia antes de entregar a medalha Paulo Emílio Salles Gomes.
A equipe do filme Domingo, selecionado para abrir o festival, lembrou da morte da vereadora Marielle Franco, morta há seis meses.
Homenagens
Ittala Nandi, grande atriz do cinema brasileiro, e a montadora Cristina Amaral foram homenageadas na entrega do primeiro prêmio Leila Diniz, destinado a icônicas personalidades femininas da sétima arte no país.
“É muito lindo e muito comovente. A Leila e eu éramos como irmãs gêmeas. Nós tínhamos um pensamento particular. Sempre nos propusemos a quebrar os parâmetros patriarcais, repressivos contra a mulher”, disse Ittala, estrela no longa de abertura do festival, Domingo.
“Não é uma coisa feminista. Mas de direito e de inteligência emocional”, completou a intérprete.
“Temos que pensar o que está significando cada fotograma que colocamos na tela. Eu queria dedicar a todas as mulheres que trabalham com cinema no brasil, que se duplicam para serem mães e cineastas. Queria dividir com os homens bacanas que fazem cinema no Brasil”, disse Amaral.
O crítico e acadêmico Ismail Xavier e o arquivista Walter Mello, um dos criadores do festival nos anos 1960, receberam do secretário de Cultura, Guilherme Reis, a medalha Paulo Emílio Salles Gomes, entregue a grandes personalidades do cinema.
“Uma parte desta dívida está sendo paga hoje. Minha profunda alegria e honra estar ao seu lado recebendo a medalha”, disse Mello, reverenciando Xavier e Paulo Emílio, também um dos idealizadores do evento, chamado de Semana do Cinema Brasileiro na década de 1960. “Foi a consolidação do cinema brasileiro”, completou.
“Paulo Emílio teve papel decisivo na minha formação. Me dedicou precioso tempo. Foi um pensador fundamental, que em 1956 fundou a Cinemateca ao lado de outros intelectuais. Depois foi professor em Brasília”, lembrou Xavier, que foi aluno de Salles Gomes no curso de cinema da ECA (USP) e orientado pelo mestre na pós-graduação.
“Vim para este festival em 1971 para participar de um encontro de pesquisadores. Desde então vim várias vezes. Sempre em função dessa marca distintiva do festival, que é pensar o cinema”, refletiu.
O troféu ABCV (Associação Brasiliense de Cinema e Vídeo) foi entregue à cineasta e professora Dácia Ibiapina pelo presidente da entidade, o também diretor Santiago Dellape. Ela dedicou o prêmio aos professores e estudantes da Universidade de Brasília (UnB).
