A volta dos que não foram! Por que Hollywood retorna a sucessos do passado?
Bad Boys, Matrix, Um Príncipe em Nova York… sucessos antigos retornam aos cinemas e o Metrópoles foi atrás de entender o motivo
atualizado
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Ao longo da história do cinema um fenômeno volta e meia se repete: o de reviver franquias ou fazer continuações para filmes lançados há uma, duas ou até mesmo três décadas. Nos últimos anos, grandes sucessos que marcaram época como Star Wars, Jurassic Park e Exterminador do Futuro ganharam continuações e apresentaram o universo de seus filmes para uma nova geração.
O ato, de revisitar sucessos do passado e revivê-los seja por nostalgia ou pela segurança em algo que de certa forma já tem espaço no mercado, voltou em cheio nos últimos meses e filmes da década de 1990 e início dos anos 2000 retornaram às telas dos cinemas. Em 2020, por exemplo, a franquia Bad Boys ganhou seu terceiro filme após 17 anos do lançamento do segundo longa. Outro “comeback” seria de Top Gun, porém, o lançamento precisou ser adiado por conta da pandemia de Covid-19.
Além disso, uma das franquias de maior sucesso no começo do século 21, vai voltar para um quarto filme: Matrix. Em agosto do ano passado, a diretora Lana Wachowski, que trabalhou nos outros longas com a irmã Lilly, anunciou que a trilogia ganhará uma sequência e contará com os retornos de Keanu Reeves e Carrie-Anne Moss aos papéis de Neo e Trinity, respectivamente.
De acordo com o José Ricardo Miranda Jr., professor do curso de Cinema e Audiovisual do Centro Universitário UNA, essa tendência seria uma maneira dos estúdios aproveitaram títulos que já estão estabelecidos e marcaram época de alguma maneira, ou seja, algo como uma espécie de “zona de conforto” e está ligado ao lado afetivo do espectador.
“É um fenômeno antigo, que se repete. De tempo em tempo, a gente revisita certos filmes. Isso leva a um desenvolvimento de uma continuação, como se alguém precisasse. O que se ganha com isso em termos de estúdio é que eles já começam com uma espécie de base de possíveis interessados em assistir, o mesmo vale para os remakes”, explica.
Em um momento de alta da nostalgia, onde músicas, filmes, novelas e mesmo locais de entretenimento antigos como os cinemas drive-in estão em alta, o mercado cinematográfico também promove uma espécie de retorno ao passado, ao revisitar sucessos que marcaram época.
Além de Bad Boys, que representa o estilo de ação dos anos 1990 e Matrix, clássico do gênero sci-fi, longas como Um Príncipe em Nova York, protagonizado por Eddie Murphy, e Bill & Ted também ganharão continuação. “A relação de Hollywood com a nostalgia diz respeito meramente a isso ser um produto e que as pessoas estão em busca dele. Então, a gente pode fazer essa conexão com a pandemia, que nos faz sonhar, de uma forma ou de outra, com o tempo em que a proximidade era possível”, afirma.
“Tudo isso é irônico, porque muitos filmes de nostalgia dizem respeito ao momento de crise. Nos anos 1980, por exemplo, você pega um filme tipo Matinê, de Joe Dante, que se referia à crise dos mísseis, e é uma coisa da infância com algo complexo mas, ao mesmo tempo, simples por conta idade”, complementa.
Passado e presente
Por falar em nostalgia, algo que marcou a vida de muitas pessoas e voltou com tudo durante a pandemia são os cinemas drive-in. Para o especialista, esse fenômeno pode se sustentar mesmo após a reabertura dos cinemas.
“Mesmo antes da pandemia, já havia o interesse de alguns projetos de retornar com esse conceito. Muito em função de uma de uma estratégia comercial novamente vinculada a nostalgia e a um certo ‘fetichismo’ com outro momento histórico. Porque o drive-in não é uma experiência qualquer, está muito vinculado a um tipo de cinema também”, analisa.
Porém, para que eles continuem fazendo sucesso, José pontua que tudo vai depender da forma como o mercado vai se portar: se vai resgatar a maneira tradicional dos drive-ins, com um tipo de produção mais barata e que se encaixa com a proposta ou se ele vai se reinventar e melhorar a experiência para que as grandes produções possam chegar também a este tipo de cinema.
No entanto, o especialista ressaltou, que da forma como tem sido realizado, com preços exorbitantes, os drive-ins vão novamente acabar. “Creio que vai se manter como uma forma de fetiche, com um ou outro funcionando, provavelmente com preços mais altos do que já são, sendo que era para ser um cenário diferente pelo momento que estamos passando, de tanta preocupação”, conclui.