A Vilã das Nove debate como uma novela pode “destruir” uma vida
Com Karine Teles e Alice Wegmann, o filme A Vilã das Nove estreia nesta quinta-feira e propõe discussões sobre o papel de vilã na vida real
atualizado
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Aparentemente, tem uma nova tendência na cultura pop. A mais recente temporada de Black Mirror, trouxe Salma Hayke vendo a própria vida virar um true crime no streaming. Na Apple TV+, Cate Blanchett vive Catherine Ravenscroft, uma jornalista que recebe um livro, no qual é revelado seu maior segredo. Agora, a trend chega ao Brasil com o longa A Vilã das Nove, que estreia nesta quinta-feira (31/10), onde Roberta (Karine Teles) vê sua trajetória virar novela – é claro, sem seu consentimento.
A trama dirigida por Teodoro Popovic acompanha Roberta no que parece ser a melhor fase da vida, até que ela vê tudo mudar quando o grande segredo da vida dela é retratado em uma novela. Mas um ponto é importante: na própria história, ela é quem os brasileiro mais amam odiar, a vilã.
Muito além de divertir o público, o filme propõe uma discussão sobre a protagonista ser ou não uma vilã. Para a intérprete da personagem, ela não é, mas provoca esse tipo de reflexão.
“Esse vai ser um grande debate. Mas acho que considerar ela uma vilã, é uma avaliação baseada na estrutura patriarcal da nossa sociedade. Um homem que faz o que a Roberta fez jamais seria considerado um vilão”, destaca Karine Teles.
A atriz conta que também foi importante para a construção da personagem que ela não se enxergasse como uma vilã: “A Roberta carrega esse segredo, lida com as consequências disso, é uma coisa difícil e pesada para ela, mas daí a chamar isso um ato de vilania é uma avaliação interessante sobre como a gente enxerga as mulheres. A vilã é a Eugênia da novela [apresentada no filme].”
Outra personagem-chave da história de A Vilã das Nove é Débora. Vivida por Alice Wegmann, ela enfrenta uma busca incessante pela mãe biológica e resolve tentar uma aproximação por meio de uma novela. “Acho que não tem nada mais brasileiro do que você chegar em alguém através de uma novela, porque muita gente assiste e se identifica com alguma coisa. Até quem não vê novela, é impactado de alguma forma”, pontua a atriz.
Ela ainda ressalta que a personagem está em fase de descobertas e que precisa se entender melhor e se descobrir como pessoa, mas que tudo depende do reencontro com a mãe. “Ela erra muito e acho que também é vilã de alguma forma. É uma personagem desafiadora, mas que foi muito linda de fazer”, avalia ainda Alice.
Exageros melodramáticos de A Vilã das Nove
A novela exibida no longa tem como característica principal a intensidade dos melodramas, e um pouco de vida real. Ao menos é o que defende Camila Márdila, que interpreta a atriz Paloma e dá vida à vilã Eugênia na trama.
Para a brasiliense, “nossa vida tem bastante disso” por causa da forte presença das novelas na cultura nacional. Mas ela explica que houve um trabalho de pesquisa que se propôs a avaliar vilãs e levar um pouco de cada uma delas para as personagens.
“A gente quis fazer algo reconhecível, identificável, que não fugisse [do que estamos acostumados a ver] e que fosse sentido de forma real, porque novela é para emocionar e ter algo crível”, destaca Camila.
A intensidade também é característica do gênero no qual o diretor aposta, a dramédia. Para ele, existe uma teoria de que a mistura entre drama e comédia afasta o público, mas ele acredita que é algo que as pessoas amam assistir. Como resultado, Teodoro acredita que apresenta um filme que vai arrancar sorrisos e lágrimas.
“É um filme para entreter, para prender as pessoas, divertir e emocionar”, avalia.