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- Foto: Joelson Miranda/Metrópoles
Amar ou odiar um filme às vezes provoca tantos porquês quanto o próprio título. Quem nunca quis dar uma de especialista e sugerir uma tradução ou adaptação melhor para certas produções?
Quais os critérios utilizados? Existem filmes intraduzíveis? Por que vemos tantos exemplos de lançamentos que mantêm o original e incluem um subtítulo explicativo? E os títulos sem pé nem cabeça?
Veja os “melhores piores” títulos de filmes no Brasil (e alguns em Portugal):
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Um genuíno título de Sessão da Tarde, "Tá Todo Mundo Louco! Uma Corrida por Milhõe$" (2011) é a extravagante versão brasileira de "Rat Race" ("Corrida de ratos").
Paramount/Divulgação
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"Amnésia" (2000), de Christopher Nolan, ganhou um título enganoso no Brasil. O personagem do filme sofre de perda de memória recente. Tanto que o original é "Memento" (do latim, lembrança).
IFC Films/Divulgação
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Em Portugal, "Bastardos Inglórios" (2009) é "Sacanas Sem Lei".
Universal Pictures/Divulgação
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Cada um Tem a Gêmea que Merece.Jack (Adam Sandler) mora em Los Angeles com sua esposa Erin (Katie Holmes) e os filhos. Pacato homem de família e publicitário de sucesso, sua vida só muda radicalmente durante a comemoração do Dia de Ação de Graças. O motivo? A visitinha que sua irmã gêmea Jill (Adam Sandler), uma grosseirona moradora do Bronx, em Nova York, faz para ele. O pior é que todo mundo acha que eles são muito parecidos, mas Jack tem certeza que não e só quer distância dela. Agora, o ano passou e o calendário avisa: é hora de assar o peru e aturar as loucuras de sua maninha
Sony/Divulgação
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"Parenthood" ("Paternidade", em tradução literal), comédia com Steve Martin, ganhou adaptações bizarras no Brasil ("O Tiro que Não Saiu pela Culatra") e em Portugal ("Lar, Doce Lar... Às Vezes").
Universal Pictures/Divulgação
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"Citizen Kane" (1941) é caso clássico de tradução sem ruídos no Brasil: "Cidadão Kane". Os portugueses preferiram chamar de "O Mundo a Seus Pés".
RKO Pictures/Divulgação
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"Duro de Matar" (1988), "Die Hard" no original, recebeu uma versão sem graça em Portugal: "Assalto ao Arranha-Céus".
Fox/Divulgação
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O filme de basquete "White Men Can't Jump" ("Homens Brancos Não Sabem Pular") estreou no Brasil com uma referência mais clara ao esporte, "Homens Brancos Não Sabem Enterrar". Em Portugal, ficou "Branco Não Sabe Meter".
Fox/Divulgação
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Em "Persona" (1966), clássico de Ingmar Bergman, duas jovens veem suas intimidades se misturarem em meio a angústias existenciais. No Brasil, a tradução é no mínimo preconceituosa: "Quando Duas Mulheres Pecam".
MGM/Divulgação
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"O Planeta dos Macacos" (1968) virou "O Homem que Veio do Futuro" em Portugal.
Representantes da Universal Pictures (“Jurassic World – O Mundo dos Dinossauros”) e da Paris Filmes, maior distribuidora brasileira nos últimos anos (“Crepúsculo”, “Jogos Vorazes”), contam como funciona a adaptação e a tradução de títulos.
Entenda o processo:
1 – Quem traduz?
Os departamentos de marketing das distribuidoras propõem títulos nacionais para os filmes. Uma vez definidas, as sugestões precisam passar pelo crivo da produção internacional do longa ou, no caso dos blockbusters de Hollywood, da matriz dos grandes estúdios nos EUA (Disney, Fox, Lionsgate, Paramount, Sony/Columbia, Universal e Warner Bros.).
Design de pôster, posicionamento do longa no mercado e público-alvo costumam influenciar as decisões. Por isso, trocar um título depois de divulgado é praticamente impossível.
As equipes de marketing nem sempre conseguem ver o filme antes. Então, trabalham com materiais de apoio: pressbooks (dossiês com entrevistas, curiosidades, bastidores), sinopses detalhadas, imagens.
2 – Quais os principais critérios?
O mais importante é manter a essência do original. Há títulos que chegam prontos, como “Logan” (Fox), recente aventura do super-herói Wolverine. Outros se resolvem com uma simples tradução direta: “The Mummy” (Universal), estrelado por Tom Cruise, virou “A Múmia”.
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Por que "La La Land" ganhou o subtítulo "Cantando Estações"? Gabriel Gurman, diretor de marketing da Paris Filmes, explica: "'La La Land' se refere a Los Angeles. Mas como nem todo o público tem esse conhecimento e essa na verdade é uma expressão americana, incluímos 'Cantando Estações'. Há diversos conteúdos que são quase impossíveis de se alterar o título original, portanto essa é uma saída interessante".
Paris Filmes/Divulgação
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O terror "Happy Death Day" virou "A Morte Te Dá Parabéns" no Brasil. Numa tradução literal, seria "Feliz Dia da Morte". "A união de palavras funciona bem em inglês. Mas em português, não seria de fácil entendimento", explica Juliana Ribas, diretora de marketing da Universal Pictures Brasil. Deve estrear em agosto.
Universal Pictures/Divulgação
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Filme sobre um chef de cozinha estrelado por Bradley Cooper, "Pegando Fogo" gerou um desafio de tradução. "'Burnt', em português, seria algo próximo de 'queimado', que não ficaria legal na nossa língua. Além da adaptação do título, temos também que pensar na estética do cartaz, que muitas vezes acaba influenciando. 'Burnt' era uma palavra pequena e tivemos que nos desdobrar para chegar em um título adequado", diz Gurman.
Paris Filmes/Divulgação
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E quando um título alimenta teorias em milhões de fãs? Foi o que aconteceu quando a Disney revelou "The Last Jedi", o nono filme da saga principal de "Star Wars". Como Jedi não flexiona em número ou gênero, o título pode indicar um ou vários Jedi. Apesar de a tradução brasileira entregar a pluralidade, há controvérsias. O próprio diretor Rian Johnson considera ser apenas um – Luke Skywalker.
Disney/Divulgação
“O título precisa vender o filme corretamente”, afirma Juliana Ribas, diretora de marketing da Universal Pictures Brasil. Gabriel Gurman, que ocupa o mesmo cargo na Paris Filmes, lembra a importância da curiosidade. “Em alguns casos adaptamos o original para que faça mais sentido ao público brasileiro”.
3 – Por que tantos subtítulos explicativos?
“A tendência é sempre usar a tradução literal”, diz Juliana, dando o exemplo de “Jurassic World – O Mundo dos Dinossauros”. “Adicionar uma tag em português aproxima todos os públicos do filme e não somente as pessoas que falam e entendem inglês”.
Gurman também aponta que o subtítulo ajuda a expandir o nome do filme para mais plateias. “Oferece uma descrição a mais do longa e aproxima o conceito da produção para o público mais amplo”.
O Oscar 2017, por exemplo, trouxe uma batalha particular entre os subtítulos (tagline, em inglês) dos dois principais concorrentes à estatueta. Qual foi mais poético, “La La Land – Cantando Estações” ou “Moonlight: Sob a Luz do Luar”?
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