57º Festival de Brasília homenageia Vladimir Carvalho e Zezé Motta
Vladimir Carvalho foi homenageado na abertura do 57° Festival de Brasília com curta do Metrópoles. Zezé Motta levou Troféu Candango
atualizado
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A 57° edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro (FBCB) começou nesse sábado (30/11) e emocionou o público com homenagens a Vladimir Carvalho (1935- 2024) e a Zezé Motta. A atriz venceu o Troféu Candango pelo Conjunto da Obra.
“Esses prêmios são um incentivo para que a gente continue a caminhada enquanto Deus permitir”, disse a estrela de Xica da Silva, filme que será exibido neste domingo (1°/12), no Cine Brasília.
O cineasta paraibano, radicado na capital, morreu em outubro deste ano e foi lembrado por uma série de reconhecimentos, que incluíram a exibição de curtas, premiações e a inauguração oficial da sala que leva o nome do documentarista no Cine Brasília.
A personalidade de Vladimir Carvalho
Um dos curtas-metragens exibidos foi criado por Lino Meireles, em parceria com o Metrópoles, e destacou sete momentos memoráveis de Vladimir. “É uma pressão e um prazer desenvolver um projeto sobre ele. Eu quis mostrar um pouco do trabalho e um pouco da personalidade dele. Quis dar vazão para o senso de humor, mais do que a cinebiografia”, explica o cineasta.
Quem também compartilhou a visão que tem do paraibano foi o irmão dele, o igualmente cineasta Walter Carvalho. Em pouco mais de um minuto, ele relembrou momentos em que os dois trabalharam juntos, destacou filmes de Vladimir e relembrou a morte, que colocou grande parte dos agentes cinematográficos, principalmente de Brasília, em luto.
Vladimir Carvalho também foi lembrado pelo prêmio da Associação Brasiliense de Cinema e Vídeo (ABCV). Lembrado como um “cabra marcado para viver” [referência ao filme Cabra Marcado para Morrer, no qual o cineasta atuou junto a Eduardo Coutinho], ele foi escolhido para receber a estatueta junto com a também documentarista Delvair Montagner. Quem recebeu a premiação em nome dele foi a companheira Maria de Socorro.
“Me sinto muito emocionada e muito feliz, porque foi muito esforço e muito trabalho para, no fim das contas, ele estar sendo reconhecido como está sendo aqui agora”, discursou Maria.
A noite foi marcada ainda pela inauguração oficial da sala Vladimir Carvalho, como foi batizada a principal sala do Cine Brasília após a morte dele. “Tenho certeza de que ele está aqui hoje, na sua essência, na sua obra e na paixão que tinha por esse festival”, declarou o secretário de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal, Cláudio Abrantes.
Mais homenagens e estreia no Festival de Brasília
A primeira noite do FBCB contou com mais duas homenagens póstumas a nomes importantes do cinema nacional. A atriz e produtora Mallú Moraes, que morreu em agosto, e o cineasta Pedro Anísio, falecido em março, também foram lembrados.
Para encerrar a abertura em grande estilo, o evento trouxe a estreia do longa Criaturas da Mente. Dirigido por Marcelo Gomes, o filme acompanha o neurocientista brasiliense Sidarta Ribeiro e mostra que os sonhos podem ter diferentes leituras de acordo com a cultura, sendo mais importante para povos indígenas e em religiões de matriz africana.
“É muito emocionante estar aqui, porque o Festival de Brasília foi o primeiro festival que fui na minha carreira como cineasta. Eu apresentei um documentário e saí daqui com um prêmio que foi muito importante para estabelecer minha carreira. E o engraçado é que cenas desse primeiro filme estão no Criaturas da Mente”, conta o diretor ao Metrópoles.
Quem também comemora o retorno ao evento é Sidarta. Ele relembra que frequentou o Cine Brasília por muitos anos, mas que não voltava ao local há algum tempo.
O cientista aproveitou ainda o espaço para reconhecer a importância do momento político do Brasil. “A gente precisa que as pessoas que cometeram esses crimes contra a sociedade brasileira vão para a cadeia. Se a gente tivesse perdido a luta para o fascismo, esse filme não estaria aqui”, conclui.