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Casal bomba com vídeos em cemitérios brasileiros: “Roteiro turístico”

Léo e Rodrigo Almeida, do canal Almeidas Indicam, conquistaram seguidores ao destacar o patrimônio cultural e histórico dos cemitérios

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Os Almeidas, casal que faz vídeos em cemitérios brasileiros - Metrópoles
1 de 1 Os Almeidas, casal que faz vídeos em cemitérios brasileiros - Metrópoles - Foto: Reprodução/Instagram

Espaços tradicionalmente estigmatizados e negligenciados na paisagem urbana, os cemitérios brasileiros viraram fonte de conteúdo de qualidade para os jornalistas Léo e Rodrigo Almeida, do canal Almeidas Indicam. Em um ano, o casal conquistou milhares de seguidores nas redes sociais ao compartilhar passeios por esses locais, sempre chamando atenção para a preservação do patrimônio histórico e cultural guardado por eles.

A ideia, de acordo com a dupla, é transformar as necrópoles do país em pontos turísticos tão concorridos quanto os cemitérios de Père-Lachaise, em Paris, e da Recoleta, em Buenos Aires.

“Somos um casal viajante, amamos conhecer o mundo e nossos amigos sempre nos pediram para criarmos um canal e compartilhar nossas experiências. Na grande maioria dos países que visitamos, percebemos que havia um roteiro turístico nos cemitérios, que contava história de artistas, personalidades e políticos locais. Achamos isso o máximo e, com base nesses locais, entendemos que os cemitérios do Brasil têm a mesma capacidade histórica e turística”, explica Rodrigo Almeida.

Leia: Ossadas expostas e quedas de muro: 1 ano de concessão de cemitérios

Um dos primeiros vídeos foi gravado no cemitério da Consolação, em São Paulo, onde estão enterradas personalidades brasileiras como Tarsila do Amaral, Monteiro Lobato, Oswald de Andrade entre outros.  “Esses grandes nomes que nos fizeram ter vontade de gravar lá. Para nossa surpresa, encontramos muito mais do que túmulos de famosos, vimos grandes esculturas, jazigos e muita arte tumular, o que nos deixou extremamente impressionados”.

O objetivo é captar atenção para os aspectos positivos dos cemitérios, mas nem sempre isso é possível. Por isso, os Almeidas também usam o Youtube para denunciar casos de negligência do poder público e privado e para conscientizar os seguidores sobre questões envolvendo saúde pública, como a proliferação do mosquito da dengue em cemitérios.

“São muitas situações preocupantes que temos visto em diversos cemitérios, as mais comuns são roubo de estátuas, letreiros e lápides em metais, covas violadas, mas o que mais nos deixou revoltados foi a quantidade de ossadas expostas em um dos cemitérios. Outra questão que temos denunciado em nossos vídeos é a falta de cuidado em relação à dengue. Muitas famílias levam vasos de plantas e copos, que após as chuvas juntam água, que fica parada, e isso precisa ser fiscalizado”, salienta Rodrigo.

Três dos vídeos mais assistidos do canal foram gravados no Cemitério Quarta Parada, localizado entre os bairros do Brás, Tatuapé, Belenzinho e Mooca. Um deles mostra o túmulo do ator Domingos Montagner com vários itens saqueados. Também é possível ver outros sepulcros destruídos e ossos expostos.

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Placas do túmulo de Domingos Montagner foram retiradas
Arte tumular encontrada pelo casal
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Léo e Rodrigo Almeida do canal Almeidas Indicam

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Placas do túmulo de Domingos Montagner foram retiradas

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Arte tumular encontrada pelo casal

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Com a repercussão dos vídeos, a administração do Quarta Parada enviou um comunicado aos Almeidas, afirmando que o cemitério seria reformado até dezembro de 2023. “Óbvio que não aconteceu. Em janeiro deste ano voltamos lá, fomos filmar e eles nem permitiram a nossa gravação. Foi o caos”, afirma Rodrigo.

Mesmo com obstáculos algumas vezes impostos pelas próprias adminitrações dos cemitérios, a dupla de produtores de conteúdo diz que a receptividade do público faz o trabalho valer a pena.  “Recebemos diariamente mensagens cheias de carinho, afeto e agradecimento. São muitos os relatos de famílias que se reuniram para falar sobre quais são os desejos e preferências para seu velório, se querem ser enterradas ou cremadas, sobre doação de órgãos”, diz.

“Muitos inscritos voltaram a cuidar dos jazigos de família que estavam abandonados há anos. Falamos sempre em nossos vídeos que independente das crenças religiosas, dentro de cada sepultura está enterrado o amor da vida de alguém, e essa memória precisa ser preservada”, completa Rodrigo Almeida.

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