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Cannes: The Idol, de Sam Levinson

Começo da série indica uma das melhores críticas atuais ao mundo da fama–só que com um problema muito grave.

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Festival de Cannes/Divulgação
The Idol
1 de 1 The Idol - Foto: Festival de Cannes/Divulgação

É interessante manejar expectativas durante o Festival de Cannes. Além de nossas preferências pessoais, também ouvimos as de críticos do mundo todo. E a fofoca que interessa não é sobre quem está namorando quem, mas sim o que estão achando de um filme ou outro, especialmente os mais comerciais. Tem gente que jura que ouviu falar de quem já pode assistir uma obra ainda inédita. Outros recebem informações de comissões de seleção ou de alguém que falou com alguém que falou com alguém do júri… Somos mimados, nós, críticos em Cannes, podendo assistir antes do mundo todo o que a indústria do cinema oferece no ano.

“Controvérsia” não é uma maldição para quem exibe no Festival, mas é imprevisível. Por vezes, pode ser até desejável, e o diretor Sam Levinson parece desejá-la. Com marketing audacioso, a HBO lança os primeiros dois episódios da série “The Idol” em sessão de gala com alguns dos maiores nomes da cultura pop na plateia. O único detalhe angtes revelado é que a série girava em torno de uma cantora pop, baseada em figuras como Britney Spears, chamada Jocelyn (Lily-Rose Depp, filha de Johnny) que se envolve com o empresário Tedros (Abel “The Weeknd” Tesfaye) enquanto lança uma nova turnê.

Por isso, logo na primeira cena, estamos no limite entre a sátira e o bom-gosto. Jocelyn está em sua mansão, participando de um ensaio fotográfico para a campanha de seu novo álbum. Uma dúvida se instaura: ela pode ou não mostrar seus mamilos no ensaio? Pelo contrato, toda parte do seio está ok, menos os mamilos. Para aumentar o potencial viralizante, porém, porque não? Jocelyn quer se mostrar, e não é ela a dona de seu corpo? A mansão tem uma só moradora, mas é ocupada por mais de vinte pessoas durante o dia: empresários, agentes, dançarinos, equipe de filmagem (também estão treinando a coreografia, quase explícita, de um novo video-clipe). Todos estão discutindo Jocelyn, planejando Jocelyn, debatendo Jocelyn.

Este primeiro episódio, sobre o que gira em torno de uma jovem mulher no centro do furacão pop é excelente, nem que deprimente. O que se escancara é a facilidade com a qual se negocia uma pessoa como se fosse mercadoria, como se fosse carne, quase que literalmente, porque é isso que querem que ela mostre. É desagradável de se ver, e a maioria dos críticos presentes saiu lamentando o que sentiram ser pura exploração. É a exploração da qual todos somos parte, porém.

No segundo episódio as coisas pioram, tanto para Jocelyn quanto para a série. Entra Tedros Tedros, dono de uma boate e empresário interpretado por The Weeknd. Músico frustrado, Tedros critica a nova single de Jocelyn e sugere que ele seria o único capaz de melhorá-la. Sabe, como um coach. Do momento em que ele aparece, ainda no primeiro episódio, “The Idol” começa a parecer mais uma propaganda do próprio Weeknd do que uma obra com algo a dizer.

Tesfaye é péssimo ator, suas falas não são interessantes, e o fascínio de Jocelyn por ele não faz sentido. Como criador e co-roteirista, a vaidade do cantor parece mais preocupada em estabelecê-lo do que em contar a história de Jocelyn. Aguardemos.

Avaliação: Bom (3 estrelas)

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