Cannes: Project Silence, de Kim Tae Gon
Os thrillers trash coreanos já moram no coração das sessões de meia-noite do Festival de Cannes.
atualizado
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O Festival de Cannes exala um clima muito divertido quando está prestes a estrear um filme de terror ou ação sul-coreano perto da meia-noite. Parece contraditório à seriedade com a qual os organizadores conclamam a importância do Festival em relação à sétima arte, mas, na realidade, já é prática recorrente e bem-vinda. Quanto mais maluca a premissa, maior o potencial de uma sessão memorável. A promessa de “Project Silence”, um filme projetado e planejado para ecoar o sucesso inesperado de “Train to Busan”, é delicioso. Em uma noite coberta de neblina, um acidente entre carros, causado por uma distração derivada do TikTok, bloqueia a passagem de dezenas de pessoas. Só que no meio desta armadilha está também um caminhão que transportava uma experiência secreta do governo: cães assassinos.
Como personagens principais, pai e filha. Jung-won (Lee Sun-kyun) é conselheiro de um político disputando a presidência do país, e seu trabalho tem distanciado-o da filha, Kyeong-min (Kim Su An). (É claro que, o enfrentamento da premissa absurda do filme os conciliará até o final do filme.) De resto, as possíveis vítimas da trama são as personalidades de sempre: tem um casal de idosos, uma esportista famosa, e etc. Se alguém carrega no coração alguma dúvida de que os cães escaparão do caminhão, nem precisa.
O problema do filme, como um todo, é que permanece sempre mais manso do que aqueles que seriam os seus vilões. Algumas poucas metáforas, como o programa secreto do governo que vira contra os seus cidadãos, ou a testagem experimental com animais, são o suficiente para o diretor reclamar alguma importância. Todos os ingredientes estão presentes, mas é a fórmula que manda, e falta um toque realmente autoral aos acontecimentos.
Trata-se de um spoiler saber que até a promessa de um terror gory é sacrificada? “Project Silence” não se decide entre o terror e o terrir, que também seria um rumo bem-vindo na premissa.
Avaliação: Regular (2 estrelas)