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Cannes: Occupied City, de Steve McQueen

Passado e presente colidem em filme-arte do ganhador do Oscar.

atualizado

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Festival de Cannes/Divulgação
Occupied City
1 de 1 Occupied City - Foto: Festival de Cannes/Divulgação

Existe um ditado muito citado quando se recebe um prêmio, ou quando um grande feito científico é realizado: “fazemos isto por que estamos de pé em ombros de gigantes”. É um jeito de dizer que o que conseguimos realizar hoje parte do ponto do que já realizaram antes de nós. Em seu novo documentário, o diretor inglês Steve McQueen atravessa a cidade de Amsterdã, onde mora, unindo presente e passado, só que não em comemoração, mas talvez em terror. Como uma das cidades ocupadas pela Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial, mortes e terror aconteceram em pontos hoje habitados por cidadãos em uma sociedade pacífica.

O filme mistura imagens de endereços atuais da cidade com a uma narração feminina (Melanie Hyams) sobre algo que teria acontecido naquele local ou com quem habitava aquele local. Nada que não seja trágico, porém. Uma criança morta a tiros numa ruela, por estar fora de casa dois minutos após o toque de recolher… Blecautes que causaram acidentes e afogamentos nos canais aquáticos… Soldados nazistas derretendo bicicletas e sinos de igreja. Com 4 horas e meia de duração, o terror parece sem fim. Trata-se de um contraste, um terror apenas narrado, de maneira seca, com imagens atuais da vivência durante a pandemia.

É um trabalho hercúleo, só que de formiguinha. Por vezes, “Occupied City” parece mais uma instalação de arte do que um filme. (Certamente, viajará o mundo em salas de museus de arte moderna.) A obra demanda muito de seu espectador, mas é inexplicável o poder que ela tem, especialmente quando um relato de extermínio é narrado por cima de imagens de crianças alegres patinando no gelo. O que separa estes dois acontecimentos, num mesmo local, exceto o tempo? Aonde antes estava erguido o prédio da polícia secreta, hoje existe uma escola.

Haverá um tempo, talvez, aonde as atrocidades nazistas estarão tão distantes da memória coletiva que a possibilidade de recorrência assombrará poucos. Talvez este tempo seja amanhã.

Avaliação: Bom (3 estrelas)

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