Cannes: L´Été Dernier, de Catherine Breillat
Remake de filme dinamarquês, feito por diretora provocadora, tem boas atuações, mas pouca graça.
atualizado
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Se o romance de verão não foi inventado pelos franceses, especialmente quando se trata de adultério, assim deveria ter sido. Parece errado, então, que um dos filmes franceses do Festival seja remake de um filme dinamarquês. Tudo bem, com uma diretora tão provocadora quanto Catherine Breillat, alguém que nunca menosprezou a ousadia, especialmente tratando de questões contemporâneas da sexualidade. O único problema é que, inesperadamente, “L´Été Dernier” é algo que, para a extremo da premissa, não entrega ou revela muita coisa.
Anne (Léa Drucker) é uma advogada bem sucedida, defensora de menores que sofrem violência sexual. Casada com Pierre (Olivier Rabourdin), ambos gozam de uma vida abastada e idílica, em uma casa um pouco afastada da cidade, cercada por natureza. Contra a vontade de todos, num verão qualquer, eles recebem em casa o filho adolescente de Pierre, Théo (Samuel Kircher), que esgotou a paciência de todos, causando trabalho demais para sua mãe e para sua escola. Por razão nenhuma, ele e Anne um dia começam um tórrido affair.
Breillat tem longa carreira no cinema francês, e por isso expectativas eram altas. Só que nem ela, nem seus atores parecem dispostos a explorar as partes mais calamitosas desta relação. Em uma trama onde todos parecem patinar ao lado de um precipício, Breillat talvez tenha decidido perseguir um realismo desnecessário. Existe a versão histérica desta trama, existe a versão sexy desta ´liaison´, mas aqui temos a versão sem-graça.
Para Léa Drucker, o papel é carnudo, e o foco no prazer feminino distingue o filme dos demais thrillers eróticos. Uma guinada tardia da trama permite que Drucker revele um talento e certo sangue-frio, mas, de novo, o rumo que o filme poderia ter tomado prometia mais do que foi entregue.
Avaliação: Regular (2 estrelas)